Depois do Instagram impedir suas lives, Frei Gilson relata que também teve as comunidades do WhatsApp bloqueadas.| Foto: Reprodução/YouTube/Frei Gilson
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“Eu vos digo: se eles se calarem, as pedras gritarão!” (Lc 19, 40)

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Naquele tempo eu não rezava. Dos 15 aos 29 anos de idade o período em que fui militante esquerdista —, tudo que Deus ouviu de mim foi um grande silêncio, ocasionalmente entremeado por expressões de desespero e revolta. No entanto, em alguma galeria escondida da memória, havia um menino que queria rezar o terço.

Eis que há 25 anos, numa tarde de angústia, ao passar diante de uma igreja destruída pelas chamas a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Mariana , eu descobri que a minha alma estava completamente incendiada pelo pecado. Foi nesse momento, após uma longa e tenebrosa noite de ateísmo e hedonismo, que eu pedi perdão a Deus e voltei para Casa.

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Hoje eu rezo o terço. Nesta segunda-feira, dia de São Padre Pio de Pietrelcina, este cronista de sete leitores juntou-se a mais de 600 mil brasileiros e acordou às 4 horas da manhã para rezar o Santo Rosário de São Miguel Arcanjo com o querido Frei Gilson. 

Na semana passada, uma das redes sociais que Frei Gilson utiliza o Instagram, onde ele tem 5,4 milhões de seguidores havia bloqueado a transmissão ao vivo do Rosário da madrugada. A justificativa foi de que Frei Gilson havia “ferido as diretrizes da comunidade” (embora ninguém nunca revelasse especificamente quais são as tais diretrizes). No final de semana, mais um golpe: o padre carmelita recebeu a notícia de que suas comunidades no WhatsApp, com mais de 500 mil seguidores, também haviam sido suspensas. 

Na noite de domingo, após uma grande pressão feita pelo público e por juristas católicos, as duas redes de Frei Gilson foram desbloqueadas. Mas até quando? Até ser ferida a próxima diretriz que não sabemos qual é?

É preciso dar nome às coisas: Frei Gilson foi censurado. Em regimes ditatoriais, como aquele em que estamos vivendo hoje, a censura não é exercida apenas pelo Estado, mas por pessoas e instituições que se acumpliciam com os órgãos oficiais de repressão. 

Quase todas as redes sociais aceitaram exercer o papel de censor e a única que se recusou a fazê-lo foi banida do país por ordem do imperador calvo

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A censura é mais do que um método utilizado pelas ditaduras revolucionárias: trata-se de um elemento essencial e estruturante do sistema. Como uma doença espiritual, a censura domina as mentes e as vontades de amplas camadas da população, transformando cidadãos comuns em delatores e fiscais do pensamento alheio. O objetivo final da censura é o apagamento da alma individual algo que faz o diabo sorrir.

Atualmente, os três eixos que disputam o poder político-militar sobre o mundo globalista, russo-chinês e islâmico lutam para estabelecer um sistema global de censura. Esse dragão totalitário tem três características fundamentais, conforme apontou o professor Vladimir Tismaneanu em seu livro “Do Comunismo”: 1) mnemofobia, ou seja, a aversão a tudo aquilo que representa a memória e tradição civilizatória; 2) axiofobia, repúdio aos valores e princípios consolidados pelo tempo; 3) noofobia, o ódio ao espírito.

É por isso que censuraram Frei Gilson. Hoje, no Brasil, ele criou um dos maiores focos de resistência àqueles que desejam destruir a tradição, a memória, os valores, os princípios e o espírito do nosso povo. 

Na manhã desta segunda, dia do Padre Pio, ao final do Santo Rosário, olhei pela janela do meu quarto, enquanto o dia começava a clarear, e por um momento vi um mapa do Brasil iluminado, não mais por queimadas, mas por milhões de almas, uma incalculável multidão de brasileiros fazendo aquilo que não tive coragem de fazer durante tanto tempo na noite da minha vida: falar com Deus. Então eu tive certeza: Nós vamos vencer, Frei Gilson.