Em uma dessas manhãs cinzentas do Planalto Central, o gordo sentou-se em sua reforçada poltrona, cercado por pilhas de livros que, até então, eram considerados inofensivos. Mas agora, após sua primeira investida contra os livros jurídicos, ele sentiu que o tempo estava se esgotando. A onda conservadora que varria o mundo, consolidada pela vitória avassaladora de Donald Trump, a quem ele se referia como “O Monstro”, o deixava em um estado de desespero. A cada dia, a realidade se tornava mais opressiva para a esquerda mundial, e a ideia de censura se tornava uma necessidade urgente na sua cabeça.
O gordo olhava pela janela, observando o movimento da cidade planejada, enquanto sua mente fervilhava com planos para silenciar vozes dissidentes. “Se não posso controlar a narrativa, então devo queimá-la”, surgiu, lembrando-se de “Fahrenheit 451”. A imagem dos livros sendo consumidos pelas chamas se tornava cada vez mais atraente. Para ele, a queima de livros não era apenas uma ação, mas uma declaração de guerra contra a liberdade de pensamento.
Ele sabia que a vitória de Trump era um sinal de que a resistência conservadora estava se fortalecendo. Aqueles que antes se escondiam nas sombras agora estavam prontos para lutar, e isso o apavorava.
“Preciso agir rápido”, murmurou para si. “Os livros jurídicos foram apenas o começo. Se eu conseguir silenciar os juristas, posso controlar a narrativa jurídica. Depois, será a vez dos clássicos. Shakespeare, Dante, Machado, Orwell e, claro, a Bíblia, aquele livro fascista. Ninguém está a salvo” O gordo começou a rabiscar uma lista de obras que deveriam ser banidas.
Ele se lembrou de uma frase que ouviu em uma reunião do movimento estudantil, muitos anos atrás: “Onde se queimam livros, acaba-se queimando pessoas”. Essa ideia o intrigava. O que aconteceria se ele pudesse transformar essa verdade em uma realidade?
O gordo sorriu ao imaginar um futuro em que a única literatura permitida fosse aquela que glorificasse a justiça social
Um mundo onde a cultura burguesa seria substituída pela linguagem revolucionária.
Mas, no fundo, ele sabia que essa luta não seria fácil. A resistência conservadora estava crescendo, e a vitória de Trump era um símbolo de que muitos estavam interessados em lutar por suas opiniões. O gordo se sentia cercado, como um animal acuado, e a ideia de censura se tornava cada vez mais desesperada. “Se não posso vencer pela razão, então que seja pela força”, pensava, enquanto sua mente se perdia nos delírios do controle social.
A cada minuto que passava, o gordo se tornava mais obcecado por sua missão. Ele sonhava com uma sociedade onde a liberdade de expressão fosse apenas uma lembrança distante, um eco de um passado que ele se esforçava para apagar. O “monstro” havia acendido uma chama, e o gordo estava determinado a apagá-la antes que se tornasse um incêndio incontrolável.
E assim, em sua gigantesca poltrona, o gordo traçava planos e estratégias, feitos de que a censura era a única resposta à crescente onda conservadora. Ele sabia que a batalha estava apenas começando, e que, se não agisse rapidamente, poderia perder o controle sobre a narrativa. Perder o controle da narrativa: isso para ele era um sinônimo de morte.
A fogueira da censura era a única luz que restava na alma do gordo. Ele queimaria tudo. Olhou mais uma vez para a lista de livros e teve uma ideia que o fez sorrir: “Que tal começar pelos livros do astrólogo?”.
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