Os Processos de Brasília adotam como inspiração histórica os hediondos Processos de Moscou, realizados na União Soviética de Joseph Stalin.| Foto: Domínio público na Rússia/Wikimedia Commons; Nelson Jr./SCO/STF
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Em 2020, quando escrevi o prefácio do livro “O Inquérito do Fim do Mundo” (publicado pela Editora E.D.A.), afirmei, com todas as letras, que a perseguição promovida pelo Imperador Calvo contra seus adversários políticos acabaria resultando nos Processos de Brasília — uma série de julgamentos farsescos para consolidar um regime totalitário no país. Cinco anos depois da instauração do famigerado inquérito ilegal, cumpro o triste dever de confirmar que estava com a razão. Os Processos de Brasília estão aí — e têm por objetivo a destruição completa da direita conservadora brasileira e da oposição ao atual regime.

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Os Processos de Brasília adotam como modelo e inspiração histórica os hediondos Processos de Moscou, realizados na União Soviética entre 1936 e 1938.

Naqueles fatídicos anos, por meio de uma grande farsa jurídica, o ditador comunista Joseph Stalin eliminou toda a oposição e conduziu milhões de pessoas à prisão, à desgraça e à morte

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A mais evidente característica dos Processos de Moscou que vemos reproduzida nos Processos de Brasília é o chamado “amálgama stalinista”. Contra os adversários do regime, utiliza-se uma combinação de falsas acusações em série, narrativas fantasiosas e meias-verdades para transformar qualquer crítica aos donos do poder — na verdade, qualquer pensamento divergente — nos crimes de terrorismo e assassinato.

Na Moscou dos anos 30, o devido processo legal e o direito à ampla defesa foram simplesmente eliminados. Os réus não tinham advogados de defesa; ao contrário, eles só eram autorizados a falar quando se auto acusavam dos piores crimes. 

As prisões arbitrárias para a obtenção de confissões forçadas — o que poderíamos chamar hoje de “delações torturadas” — eram largamente utilizadas pelo regime. Além disso, Stalin contava com o importante apoio da mídia oficial e a utilizava para difamar os réus e apresentá-los como monstros abomináveis e perigosos.

Criou-se, na sociedade russa da época, um clima de medo e paranoia que contaminou toda a população. O delator poderia ser um vizinho, um colega de trabalho, um parente próximo. O Estado tinha controle absoluto sobre as informações, por meio de uma gigantesca máquina de censura e propaganda.

Note-se, porém, que os julgamentos mais famosos da época — pelos quais Stalin eliminou todos os seus adversários dentro do regime — eram apenas a face mais visível de uma tragédia que vitimou milhões de cidadãos comuns. 

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Qualquer tipo de associação com os inimigos e ex-amigos de Stalin, em qualquer esfera da sociedade, era considerado crime hediondo. Essa escalada tirânica atingiu desde o maior poeta russo da época, Ossip Mandelstam, até o mais humilde trabalhador de província.

Em apenas três anos, segundo dados oficiais do próprio regime, mais de 1 milhão de pessoas foram condenadas ao Gulag, o sistema de campos de concentração soviéticos. Imagine-se o número verdadeiro! Lembro-me dos prisioneiros do Gulag quando penso nos patriotas presos ou exilados do 8 de janeiro, pessoas comuns e inocentes que tiveram suas vidas transformadas em um inferno. Hoje eles são 2 mil; amanhã poderão ser milhões.

A repressão de Stálin se dava em círculos concêntricos — começava pelos líderes políticos, atingia em seguida os grupos mais próximos, expandia-se por setores cada vez mais amplos e ao final engoliu toda a sociedade. Não havia uma só família na União Soviética que não tivesse algum membro perseguido, preso ou assassinado. Eram os tempos da “culpa por associação”: uma palavra mal-entendida numa conversa casual e você poderia ser considerado um inimigo do povo ou traidor do Líder Supremo.

É interessante notar que os expurgos de Stalin só ocorreram depois que os comunistas bolcheviques já haviam cometido alguns de seus piores crimes, como o golpe de outubro (1917), o Terror Vermelho (1917-1919), o comunismo de guerra (1919-1921) e a coletivização forçada da agricultura (1932-34). Nesse sentido, os crimes de Stálin serviram para apagar os crimes de Lênin e seus companheiros.

Conheço um país em que os criminosos fizeram o mesmo. Vocês, meus sete leitores, conhecem?

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