Pela versão oficial, o ocupante da Presidência sofreu uma queda doméstica que lhe causou um traumatismo craniano, obrigando-o a suspender sua viagem à Rússia. Mas, como bem sabem os meus sete leitores, este cronista não tem por hábito limitar-se às versões oficiais dos acontecimentos. Portanto, vamos aqui falar sobre o que pode ter sido a verdadeira queda de Lula — aquela com a qual nós sonhamos todos os dias. (Até onde sei, o Supremo Soviete ainda não proibiu os sonhos.)
Lembro-me de um comício de Lula em novembro de 1989, no Calçadão de Londrina. Eu tinha 19 anos, a estrelinha no peito e o sonho de que um ex-torneiro mecânico se tornasse o presidente da República. Com a eleição do petista, pensava eu, acabaria o sofrimento do povo brasileiro.
Por uma graça especial de Deus, fomos poupados de uma vitória presidencial de Lula naquele ano. Trinta e cinco anos depois, eu confesso a vocês um sentimento que procurei esconder de todos durante aquele comício: ao ouvi-lo discursar e defender o que ele chamava, à época, de “socialismo democrático”, eu senti medo de que Lula fosse eleito.
Mal saído da adolescência, militante esquerdista convicto, ainda assim alguma coisa gritava nos recônditos de minha alma que aquele homem só faria aumentar o sofrimento do país. No fundo, no fundo, a derrota de Lula em 1989 me causou um enorme alívio ─ um alívio que só agora estou revelando agora, passados tantos anos.
O que estamos vendo hoje é a realização dos piores temores daquele rapaz magrelo de 19 anos.
Em seu terceiro mandato — legalmente ilegítimo e moralmente fraudulento —, Lula tornou-se o homem que dividiu o país em multidões irreconciliáveis e o mergulhou no abismo sepulcral da revolução permanente
Com sinceridade, não sei se estarei vivo para assistir à ressurreição do nosso país. A esperança que me resta é salvar a minha própria alma e ajudar a salvar outras.
O que nos leva, então, ao meu sonho. Acreditem, meus sete amigos: Lula tem uma alma. No Evangelho de São João, ao citar o Salmo 81, Jesus afirma claramente: “Vós sois deuses”. Isso significa que todos nós temos uma alma imortal — inclusive o Lula. Não estou aqui me referindo ao que Lula fez com a sua alma; estou dizendo que ele tem uma. E foi com isso que sonhei hoje.
Sonhei que, possuidor de uma alma imortal, Lula caiu — em si. Por um instante, que no tempo dos relógios foi uma fração de segundo, mas na mente do empossado correspondeu a uma vida inteira, Lula contemplou toda a iniquidade de suas obras: o partido, a cabrita, o dedo, as greves, o peleguismo, a colaboração com os militares, a criação do Foro de São Paulo, a amizade com os terroristas e tiranos, o aparelhamento do Estado, a morte da educação, a morte da alta cultura, o Mensalão, o Petrolão, o financiamento de ditaduras, a retomada do movimento comunista na América Latina, a associação com regimes narcoterroristas, o fortalecimento das organizações criminosas, o caso Celso Daniel, o teatro das tesouras, a ditadura sanitária, o aborto, a liberação das drogas, o império da censura, o confisco tributário, a economia fascista, o rombo orçamentário, a aniquilação da poupança, a idiotização das massas, a aliança com o STF, a farsa do 8 de janeiro, o golpe eleitoral de 2022... Enfim — a destruição da alma do Brasil.
Por este brevíssimo fragmento temporal, Lula viu a própria queda — e com isso contemplou para que tipo de imortalidade ele se destina, onde há um tribunal que não admite “descondenações”.
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