| Foto: André Borges/EFE
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Pela versão oficial, o ocupante da Presidência sofreu uma queda doméstica que lhe causou um traumatismo craniano, obrigando-o a suspender sua viagem à Rússia. Mas, como bem sabem os meus sete leitores, este cronista não tem por hábito limitar-se às versões oficiais dos acontecimentos. Portanto, vamos aqui falar sobre o que pode ter sido a verdadeira queda de Lula — aquela com a qual nós sonhamos todos os dias. (Até onde sei, o Supremo Soviete ainda não proibiu os sonhos.)

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Lembro-me de um comício de Lula em novembro de 1989, no Calçadão de Londrina. Eu tinha 19 anos, a estrelinha no peito e o sonho de que um ex-torneiro mecânico se tornasse o presidente da República. Com a eleição do petista, pensava eu, acabaria o sofrimento do povo brasileiro. 

Por uma graça especial de Deus, fomos poupados de uma vitória presidencial de Lula naquele ano. Trinta e cinco anos depois, eu confesso a vocês um sentimento que procurei esconder de todos durante aquele comício: ao ouvi-lo discursar e defender o que ele chamava, à época, de “socialismo democrático”, eu senti medo de que Lula fosse eleito.

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Mal saído da adolescência, militante esquerdista convicto, ainda assim alguma coisa gritava nos recônditos de minha alma que aquele homem só faria aumentar o sofrimento do país. No fundo, no fundo, a derrota de Lula em 1989 me causou um enorme alívio ─ um alívio que só agora estou revelando agora, passados tantos anos.

O que estamos vendo hoje é a realização dos piores temores daquele rapaz magrelo de 19 anos.

Em seu terceiro mandato — legalmente ilegítimo e moralmente fraudulento —, Lula tornou-se o homem que dividiu o país em multidões irreconciliáveis e o mergulhou no abismo sepulcral da revolução permanente

Com sinceridade, não sei se estarei vivo para assistir à ressurreição do nosso país. A esperança que me resta é salvar a minha própria alma e ajudar a salvar outras.

O que nos leva, então, ao meu sonho. Acreditem, meus sete amigos: Lula tem uma alma. No Evangelho de São João, ao citar o Salmo 81, Jesus afirma claramente: “Vós sois deuses”. Isso significa que todos nós temos uma alma imortal — inclusive o Lula. Não estou aqui me referindo ao que Lula fez com a sua alma; estou dizendo que ele tem uma. E foi com isso que sonhei hoje.

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Sonhei que, possuidor de uma alma imortal, Lula caiu — em si. Por um instante, que no tempo dos relógios foi uma fração de segundo, mas na mente do empossado correspondeu a uma vida inteira, Lula contemplou toda a iniquidade de suas obras: o partido, a cabrita, o dedo, as greves, o peleguismo, a colaboração com os militares, a criação do Foro de São Paulo, a amizade com os terroristas e tiranos, o aparelhamento do Estado, a morte da educação, a morte da alta cultura, o Mensalão, o Petrolão, o financiamento de ditaduras, a retomada do movimento comunista na América Latina, a associação com regimes narcoterroristas, o fortalecimento das organizações criminosas, o caso Celso Daniel, o teatro das tesouras, a ditadura sanitária, o aborto, a liberação das drogas, o império da censura, o confisco tributário, a economia fascista, o rombo orçamentário, a aniquilação da poupança, a idiotização das massas, a aliança com o STF, a farsa do 8 de janeiro, o golpe eleitoral de 2022... Enfim — a destruição da alma do Brasil.

Por este brevíssimo fragmento temporal, Lula viu a própria queda — e com isso contemplou para que tipo de imortalidade ele se destina, onde há um tribunal que não admite “descondenações”.