No episódio de Briguet Sem Medo desta quinta (02), o comentarista Paulo Briguet faz uma reflexão sobre a nova vítima da censura no Brasil: o Chaves. Isso mesmo, a Turma do Chaves, do Quico, da Chiquinha, do Seu Madruga, da Dona Florinda, do Senhor Barriga e de tantos outros personagens inesquecíveis que marcaram a infância de várias gerações, desde os anos 70. Briguet traz à tona e questiona a decisão do Ministério da Justiça de modificar a classificação indicativa do programa, pois considera algumas cenas inapropriadas para crianças menores de 10 anos.
A justificativa do Ministério da Justiça está na cena em que o Seu Madruga finge que vai bater no Chaves, portanto considerado uma violência inaceitável para uma criança até 10 anos. E quando, por exemplo, o professor Girafales aceita um copo de licor da Dona Florinda, o que caracteriza o consumo de drogas lícitas.
Como a censura ao Chaves reflete a inversão de valores no Brasil
O programa do Chaves transmite a mensagem do valor da família, da inocência, e do amor ao próximo conforme os personagens interagem e o enredo se desenvolve. Mesmo em contextos difíceis como a orfandade, viuvez precoce, vulnerabilidade financeira e outros dilemas, ainda assim, os personagens acabam se tornando uma verdadeira família. A vila em que mora o Chaves, um menino órfão, é onde acontecem as aventuras. Eles brigam e também se reconciliam. Eles compartilham os problemas do cotidiano e fortalecem os vínculos e a amizade.
Nesse sentido, a crítica de Briguet é sobre a inversão de valores na sociedade brasileira, em que considera certos comportamentos aceitos enquanto outros, que representam valores importantes, são censurados. O comentarista questiona se a presença de pautas mais delicadas e contemporâneas na trama, causariam a mesma censura ou seriam aceitas como sendo “normais”.
Briguet alerta sobre a classificação do Ministério da Justiça ser considerada meramente indicativa, não causando grandes efeitos práticos. Mas relembra que no Brasil, uma cantora é acusada de racismo por citar o nome de Jesus no lugar de Iemanjá. Será que cedo ou tarde alguém processará uma família por permitir que seus pequenos vejam as histórias de Chaves, Quico, Chiquinha, Dona Florinda, Seu Madruga, Professor Girafales e Senhor Barriga?
Assista ao Briguet Sem Medo todas as quintas e domingos
Uma análise sem amarras sobre os fatos da política e do cotidiano em formato de crônica, com o jornalista Paulo Briguet. Todas as quintas e domingos, às 20h, no site da Gazeta do Povo, nos aplicativos de Android e Iphone e no canal do YouTube.