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Nada no século atual é mais perceptível do que a tendência das mulheres de entrarem em todos os esperançosos campos de ganhos salariais e filantropia, e tentarem alcançar um lugar em todas as áreas intelectuais. (Lucy Craft Laney, 1899)
Desde que me tornei professor – e o fiz exatamente por isso – tenho defendido que somente a educação será capaz de transformar o nosso país. Nos vários artigos que tenho escrito sobre o tema, aqui, nesta Gazeta do Povo, sempre faço questão de destacar meu ceticismo em relação à tentativa de solução política de nosso problema cultural, que é gravíssimo; mas reafirmo minha crença em que um trabalho sério de reeducação de nosso imaginário, focado no ensino das virtudes individuais e cívicas e no restabelecimento de nossas bases históricas – há tanto vilipendiadas por interpretações reducionistas –, pode nos capacitar poderosamente para a tarefa de reconstruirmos a nossa civilização que há muito agoniza. Falo dos ideais da educação liberal, que, nas palavras do admirável Dr. Ernesto Carneiro Ribeiro (1839-1920) – médico, filólogo e educador baiano, tema de uma aula de meu curso O Brasil é um país racista? –, “sem escravizar as necessidades da vida e a seus interesses e exigências variadas, aspira a desenvolver completa e harmonicamente todas as faculdades do homem, de concerto com os altos e nobres destinos que tem de realizar, conservando o mais proeminente lugar na hierarquia dos seres animais”. Uma educação que não somente capacite para o trabalho, mas que também “esclarece o entendimento, corrige a têmpera, tonifica a vontade, ameniza e purifica os sentimentos, cultiva e aprimora o gosto e forma as maneiras e os hábitos”.
Não foi por mero capricho que evoquei meu muito admirado Carneiro Ribeiro, homem negro e pobre que, com muito esforço, ainda durante a escravidão chegou à medicina, mas a abandonou – após exercê-la por um tempo – para seguir sua verdadeira vocação, a docência – lecionando por 63 anos. Foi exatamente nele que pensei quando descobri Mary McLeod Bethune, mulher negra que também saiu da pobreza para se tornar uma das mais proeminentes educadoras dos EUA na transição do século 19 para o 20. Enquanto escrevia sobre Madame C.J. Walker, lembrei-me de que seria oportuno pesquisar mais e escrever sobre sua grande amiga Mary Bethune.
Mary Jane McLeod nasceu em Mayesville, condado de Sumter, Carolina do Sul, em 10 de julho de 1875, filha de um casal de ex-escravos, Patsy e Samuel McLeod. Ela foi a primeira, dos 17 filhos do casal, que nasceu livre. Patsy e Samuel eram de fazendas diferentes, e foram mantidos separados até o fim da escravidão. Após a abolição, Patsy continuou na fazenda Wilson, onde vivia, trabalhando como lavadeira e preparando “jantares especiais”; também incrementava sua renda como babá. O pai era carpinteiro. Após juntarem algum dinheiro, o senhor Wilson, com quem o casal mantinha um bom relacionamento, vendeu a eles cinco acres de um terreno que tinha perto da fazenda; eles passaram então a cultivar a própria terra.
Um trabalho sério de reeducação de nosso imaginário pode nos capacitar poderosamente para a tarefa de reconstruirmos a nossa civilização que há muito agoniza
Foi nesse contexto que a pequena Mary cresceu e adquiriu seu interesse pela educação. Ainda criança, começou a notar que, para além de roupas e sapatos bonitos, as crianças brancas tinham livros. Como nos diz Joyce A. Hanson, uma de suas biógrafas em Mary McLeod Bethune and the black women’s political activism, “a importância dos livros e da alfabetização ficou ainda mais clara quando ela pegou um livro e uma criança branca a repreendeu: ‘Largue esse livro, você não sabe ler’.
Segundo a lembrança de Bethune, esse evento crucial a levou à conexão entre analfabetismo e desigualdade racial. A partir de então, Bethune afirma que reconheceu a educação e a alfabetização como inexoravelmente ligadas à eliminação da desigualdade e do racismo”. Para ela, “as pessoas [negras] ainda estavam na escuridão, incapazes, apesar de serem livres, apesar de todo o trabalho doloroso e de experimentarem as coisas boas da vida... O senhor [Abraham] Lincoln disse à nossa raça que éramos livres, mas mentalmente ainda éramos escravos”. A partir de então, de modo um tanto mítico, ela conta que, mesmo sendo criança, determinou não só que aprenderia a ler, mas que também ajudaria a educar o maior número de pessoas possível. Vale lembrar que o trabalho do Comitê dos Libertos, instituído após o fim da guerra, e as igrejas protestantes fizeram um trabalho formidável de inclusão de crianças negras na escola; ainda no fim do século 19 já havia cerca de 250 mil alunos em mais de 4 mil escolas.
Em 1886, Emma J. Wilson, uma jovem missionária negra formada no Seminário Scotia, na Carolina do Norte, abriu a Trinity Presbiterian Mission School, com dez alunos, numa casa abandonada a 16 quilômetros de Mayesville. Como a escola tinha o intuito de atender aos pobres, praticamente ninguém tinha dinheiro para pagar as aulas, então a professora Wilson aceitava “ovos, galinhas e outros produtos” como pagamento; também “levantava dinheiro extra pedindo doações em igrejas negras do norte e em reuniões de acampamentos”. E, quando necessário, trabalhava como lavadeira. Eventualmente ela pedia ao Conselho de Educação do Condado para que lhe enviasse US$ 45 por ano para as despesas com a escola. Isso mostra o comprometimento de Emma J. Wilson, que se tornou a mentora de Mary, com a educação.
Wilson visitava as pequenas fazendas perguntando aos pais se não queriam enviar os filhos à escola; a família McLeod não podia prescindir de seus filhos, cujo trabalho na fazenda era indispensável, exceto de Mary, cuja aptidão para o aprendizado já havia sido notada. Eles a liberaram com a condição de ela repartir suas lições com eles, o que ela passou a fazer nas tardes de domingo, unindo outras crianças pobres da região. Percorria todos os dias, sozinha, os 16 quilômetros – ida e volta – até a escola. Wilson foi a primeira mulher negra com educação formal que Mary conheceu, e isso a influenciou profundamente. Quando abriu sua primeira escola, Wilson foi uma de suas inspirações para montar seu programa pedagógico.
Após quatro anos de estudos, Mary aprendeu tudo o que podia com Emma Wilson, e então voltou a trabalhar na fazenda de seus pais; mas seu desejo por estudar não diminuiu. Mary Crissman, uma costureira quaker de Denver (Colorado), que estava interessada no trabalho de Wilson, entrou em contato com ela e ofereceu uma bolsa de estudos de ensino superior para alguma garota que merecesse. Wilson enviou Mary para estudar no Scotia Seminary, na Carolina do Norte. De acordo com Joyce Hanson, o currículo do Scotia oferecia um “programa gramatical de quatro anos [que] incluía Inglês, Aritmética, Álgebra, Geografia, Ciência, História e Literatura; e os programas científico e normal, de três anos, incluíam Geometria, Astronomia, Física, Química, História, Latim e Retórica. O currículo também incluía um treinamento em boas maneiras, que enfatizava o uso moderado da voz – desenvolvendo uma dignidade silenciosa – e modos de vestuário convencional. Um departamento industrial ensinava costura e culinária, e todos os alunos faziam tarefas domésticas para controlar os custos operacionais”.
O sistema do Scotia, baseado na filosofia cristã de seu presidente, David Satterfield, fundamentava-se num esquema que ele chamava de “cabeça-coração-mão” (head-heart-hand), em que “cada aluno desenvolvia todo o seu potencial e demonstrava crescimento espiritual e moral, integridade e responsabilidade”. Foi também no Scotia que Mary teve sua primeira experiência num ambiente birracial. A sinceridade e interesse dos professores brancos a cativaram e influenciaram sua visão a respeito das relações raciais. Ela também teve dificuldades, tanto com alunos quanto com alguns professores, mas as enfrentou com perseverança e determinação. Como diz num de seus poderosos discursos (Faith and Freedom):
É impossível ignorar totalmente a raça em uma sociedade ainda amplamente segregada, mas os negros devem fazer um esforço para serem menos conscientes da raça e mais conscientes dos valores individuais e humanos. Eu nunca me deixei abalar por conta de minha aparência. Meu respeito próprio nunca foi destruído pela minha cor, nem ela me levou a me comportar de maneira a merecer o desrespeito de qualquer pessoa. Apesar de muitos encargos e desvantagens, subi dos campos de algodão da Carolina do Sul para fundar uma faculdade, administrá-la durante seus anos de crescimento, tornar-me uma funcionária pública do governo nacional do meu país e uma líder de mulheres. Não permito que o avanço dos anos me impeça de buscar uma vida mais rica para toda a humanidade. Hoje ainda estou sentada à minha mesa, fazendo tudo o que posso para incentivar e ajudar minha gente. Eu não trocaria minha cor por toda a riqueza do mundo. Se eu tivesse nascido branca, poderia não ter sido capaz de fazer tudo o que fiz ou ainda espero fazer.
Após terminar seus estudos no Scotia, o desejo de se tornar missionária na África a levou ao Moody Seminary, que oferecia um curso preparatório. Após descobrir que o Moody não aceitava missionários negros, ficou desapontada e voltou a Mayesville como assistente de Emma Wilson na escola em que estudara, que agora se chamava Mayesville Institute. Trabalhando com Wilson, aprendeu “como abordar funcionários do governo e filantropos do norte, e, o mais importante, como complementar o apoio financeiro externo por meio da autoajuda: os alunos do Mayesville Institute cultivavam e cozinhavam sua própria comida, construíram a escola principal e complementaram as doações operando uma fábrica de tijolos na escola”.
Mesmo sendo criança, Mary determinou não só que aprenderia a ler, mas que também ajudaria a educar o maior número de pessoas possível
Um ano depois, Mary atendeu a um chamado do Conselho Presbiteriano de Educação, para o Haines Industrial and Normal Institute, em Augusta (Geórgia). Lá conheceu Lucy Craft Laney, uma professora negra experiente e pioneira na educação feminina. Trabalhou (e aprendeu muito) com Laney durante um ano, e lá, após ler sobre Booker T. Washington – sobre quem já escrevi aqui –, começou a desejar ter sua própria escola. Num discurso seu, anos depois, ela abordaria esse desejo em termos bastante poéticos:
Eu posso, com um olho imaginário, ver a casinha no Condado de Sumter, com a pequena Mary McLeod sentada na porta esperando o retorno da mãe do trabalho. Eu posso ver Mary McLeod caminhando por uma distância de 16 quilômetros, com um ou dois livros debaixo do braço, buscando conhecimento. Eu posso ver os muitos obstáculos ásperos, lutas duras superadas para obter esse conhecimento. Aprecio a tarefa que me foi atribuída agora para ajudar a facilitar um pouco o caminho. De quem é a vez agora de ver o conhecimento? A juventude negra.
Após passar por vários escolas, em 1897, enquanto lecionava no Kendell Institute, em Sumter (Carolina do Sul), Mary conheceu Albertus Bethune. Apaixonaram-se, casaram-se e tiveram seu único filho, Albert, um ano depois. Antes de Albert completar um ano, Mary foi transferida para a Flórida e a família se mudou; a escola ficava em Palatka. Mary passou cinco anos aplicando o método de ensino aprendido no Moody, trabalhando com jovens e dando assistência educacional a presos na cadeia municipal. Mas não estava feliz ali.
Após saber de um novo assentamento de famílias negras em Daytona Beach, Mary decide se mudar para lá – mesmo sob os protestos de seu marido. Em 1904 eles de mudam e ela, com US$ 1,50 no bolso, aluga uma pequena cabana de quatro quartos, pedindo ao dono que aceite aquele um dólar e meio como depósito até o fim do mês. Nesse meio-tempo, para conseguir dinheiro, nos conta Joyce Hanson, “ela visitou ministros e os convenceu a deixá-la fazer coleta de doações durante os cultos de domingo. Ela ‘abotoava’ todas as mulheres que a ouviam e pedia contribuições. Vendeu sorvetes e tortas de batata-doce aos trabalhadores da ferrovia para arrecadar dinheiro. Queimou toras e guardou as lascas carbonizadas para fazer lápis, esmagou sabugueiro para fazer tinta e vasculhou as pilhas de lixo e o lixão da cidade em busca de roupas de cama velhas, pratos rachados, utensílios de cozinha e cadeiras quebradas para sua escola. Então, em 3 de outubro de 1904, Bethune abriu as portas da Daytona Normal and Industrial Institute for Negro Girls para um total de cinco meninas, de 8 a 12 anos, cujos pais pagavam 50 centavos por semana”. Dois anos depois a escola já tinha 250 meninas matriculadas. Em 1908, Albertus deixa a família e vai para a Carolina do Sul, para viver com sua irmã, e lá morreu em 1918.
Com a escola em funcionamento, Mary Bethune passou não só a dar aulas, mas a se engajar num trabalho social com a comunidade que gerou muitos frutos. Ela se valeu da falta de um ativismo comunitário em Daytona Beach e construiu seu trabalho sobre bases sólidas. Como relata Hanson, “com o apoio da comunidade, o Daytona Institute rapidamente se tornou muito mais que uma escola para meninas negras: tornou-se um centro de ativismo político negro e um campo de treinamento para uma nova geração de ativistas negras. O ativismo comunitário e a solidariedade em Dayton Beach deram poder a Bethune; em duas décadas, ela passou de recém-chegada a líder política”, e administrou sua atividade em dois níveis: “baseou seu ativismo em atividades políticas informais que eram claramente não conflituosas e projetadas para minar silenciosamente os estereótipos raciais e de gênero. No entanto, ao lidar com incidentes flagrantes envolvendo desigualdade institucional, Bethune frequentemente se engajava em ações políticas abertamente formais, que desafiavam publicamente os princípios básicos do sistema democrático americano. Ela astutamente avaliou seu ativismo para se adequar às circunstâncias particulares. E, independentemente do caminho que decidisse seguir, buscava um meio pacífico, porém político, para alcançar a justiça social, econômica e política”.
Ganhando consistência, passou a receber ajuda de grandes filantropos brancos, como James N. Gamble, presidente da Proctor and Gamble Company; Thomas H. White, presidente da fábrica de máquinas de costura White; e do escritor e dramaturgo Harrison Garfield Rhodes. No entanto, seu modelo de educação, mais voltado às artes liberais – que ela considerava mais adequadas ao seu projeto para formação de mulheres –, em vez do modelo industrial de Booker T. Washington, fez com que alguns filantropos, brancos e negros, não a quisessem ajudar, pois temiam que esse tipo de educação formaria militantes impertinentes. Sua intenção era treinar “mulheres negras como líderes comunitárias, capacitá-las e instilar nelas um intenso compromisso com o progresso racial e o serviço social. Seus objetivos incluíam ensinar meninas e mulheres jovens a se tornarem professoras profissionais, enfermeiras, bibliotecárias e assistentes sociais; em última análise, elas deveriam combinar independência econômica com ativismo comunitário para elevar sua raça”. Até Booker T. Washington, que visitou o Daytona Institute em 1912, se recusou a ajudá-la. Mas ela não desistiu. Suas pretensões pedagógicas podem ser resumidas nesse trecho de um de seus discursos, pautado na máxima do Oráculo de Delfos:
Na democracia, os jovens devem dedicar mais tempo à escolha de uma vocação e ao estudo das grandes mudanças sociais e econômicas que estão ocorrendo diante de seus olhos. Mais atenção deve ser dada ao velho ditado: “conhece-te a ti mesmo”; quais são suas aptidões, interesses e habilidades específicas e como elas se relacionam com a lei da oferta e demanda no meu campo de trabalho escolhido? Por que eu tenho de ir à escola? Os jovens devem sempre ter diante deles uma razão para fazer coisas que coloquem seu ideal no topo da montanha, onde o ar é puro e limpo; mas descem ao vale para trabalhar com homens. Mantenha os pés no chão.
Em 1912, após o superintendente de um hospital não aceitar uma menina negra doente a menos que elas entrassem pela porta dos fundos, Bethune se recusou a fazê-lo e a levou para outro local. Dias depois levantou doações para construção, num imóvel próximo ao Daytona Institute, do Hospital McLeod e de uma Escola de Treinamento para enfermeiras. Em 1923, por questões financeiras se junta ao Cookman Institute, criando o Bethune-Cookman College.
Mary Bethune também teve uma atividade política formal bastante prolífica. Em 1927, enquanto era presidente do National Association of Colored Women’s Clubs, conheceu Eleanor Roosevelt. Isso a levou a uma aproximação com Franklin Delano Roosevelt (FDR), mesmo ela sendo historicamente republicana. Após a Guerra de Secessão os negros votavam maciçamente no Partido Republicano; Mary Bethune ajudou a mudar isso em seu trabalho com FDR e o New Deal (trato sobre essa mudança num vídeo). Para ela, o mais importante era trabalhar não para um partido, mas para a população negra; a união dos negros em todos os espectros políticos era mais importante que suas preferências partidárias. Ela fala sobre isso ao receber a medalha Spingarn, da NAACP, em 1935:
A educação da mulher negra americana é um capítulo glorioso da história da humanidade, personificado na imponente figura de Mary McLeod Bethune
A lei da vida é a lei da cooperação, e a menos que aprendamos completamente esse princípio fundamental da organização social, temo que o historiador do futuro, quando tentar registrar a história do homem negro na América, escreva: “um povo munido de tremendas possibilidades, potencialidades e recursos mentais e físicos, mas incapaz de capitalizá-los por falta de coesão racial”. Se abrirmos caminho para a justiça social, para política e para uma irmandade maior, isso nos permitirá a cooperação. Coesão racial significa fazer o percurso de todas as conquistas daqueles que têm vantagens educacionais, até alcançarmos o homem mais reles, os estratos mais baixos das massas; aquela massa que está tão desesperadamente esperando por você e eu para administrar o toque humano.
Seu trabalho à frente do National Youth Administration e do Black Cabinet, no governo FDR após a Grande Depressão, foi reconhecido e deu a ela o prestígio político que pouquíssimas mulheres tiveram à sua época – ainda mais uma mulher negra. Sua estreita amizade com Eleanor Roosevelt fez com que ela tivesse acesso direto ao presidente. Foi, conforme elenca Henson, “reconhecida como especialista em educação negra e membro ativo da Comissão Nacional de Bem-Estar Infantil sob os presidentes Coolidge e Hoover. Também foi presidente de clubes estaduais, regionais e nacionais de mulheres, incluindo a Federação Estadual de Clubes de Mulheres Negras da Flórida, a Federação Sudeste de Clubes de Mulheres Negras e a Associação Nacional de Clubes de Mulheres Negras (NACW) (...). Organizou o Conselho Nacional das Mulheres Negras (NCNW) (...) e continuou a servir os afroamericanos por meio de uma nomeação federal, em 1942, como assistente especial do Secretário de Guerra para a Seleção de oficiais da WACS. Em 1945, o presidente Harry Truman nomeou Bethune para sua Comissão de Direitos Civis e como a única consultora afroamericana da Conferência de São Francisco a elaborar a Carta das Nações Unidas”.
Sua carreira como docente durou até sua morte, em 18 de maio de 1955. Seu legado é o ápice de um trabalho absolutamente maravilhoso realizado por mulheres negras como Maria W. Stewart, Lucy C. Laney, Mary Church Terrell, Nannie Helen Burroughs e Charlotte Hawkins Brown. A educação da mulher negra americana é um capítulo glorioso da história da humanidade, personificado na imponente figura de Mary McLeod Bethune.
A minha experiência me ensinou que a fé e o trabalho estão intimamente ligados. O programa de treinamento que instituí para minhas alunas foi projetado não apenas para lhes fornecer conhecimento, mas também para cultivar nelas uma atitude espiritual em relação à vida, e desenvolver nelas as habilidades necessárias para serem cidadãs úteis. O objetivo da educação é mais do que a aquisição de informações. Eu senti que os jovens deveriam apreciar valores espirituais e serem prontos para o serviço; que eles deveriam, numa palavra, crer em Deus e não ter vergonha do trabalho honesto. Assim, um lema importante de nossa instituição é o do “treinamento da cabeça, do coração e da mão”. (Mary McLeod Bethune)
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos