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Banderas palestinas durante a manifestação em Barcelona  (09/06/2024) para protestar contra a ofensiva de Israel em Gaza.
Banderas palestinas durante a manifestação em Barcelona (09/06/2024) para protestar contra a ofensiva de Israel em Gaza.| Foto: Toni Albir/EFE

Há exatamente um ano, no dia 7 de outubro de 2023, o grupo terrorista Hamas perpetrava o mais bárbaro atentado contra civis israelenses desde a criação do Estado de Israel. Em uma ação incrivelmente violenta, grupos de terroristas se infiltraram por terra, mar e ar, atacando diversas localidades do Sul de Israel, matando cerca de 1,2 mil pessoas, além de violentar e sequestrar centenas. O choque causado na sociedade israelense foi sem precedentes, reacendendo traumas muito presentes naquela coletividade.

A reação de Israel ao evento do 7 de outubro foi implacável e hoje o Oriente Médio vive um conflito que se regionalizou, extrapolando em muito os limites territoriais da Faixa de Gaza ou, mesmo, do Estado de Israel. As forças armadas do país lutam contra todas as forças do autoproclamado “Eixo da Resistência”: Hamas, na Faixa de Gaza, Hezbollah, no Líbano, Houthis, no Iêmen, e milícias xiitas na Cisjordânia, Síria e Iraque. Todos esses grupos armados, financiados e inspirados pelo Irã, que por sua vez também passaram a ser um adversário direto.

Nunca, nem mesmo nas três guerras anteriores contra países árabes, Israel se envolveu em um conflito de tão longa duração. Também é inédito o envolvimento em tantas frentes. Afinal, além dos combates na Faixa de Gaza e no Líbano, há a ameaça advinda dos Houthis, do Iêmen, que já afundaram navios mercantes, causaram enorme transtorno ao tráfego marítimo no Mar Vermelho e no Golfo de Áden, e lançaram mísseis contra Tel Aviv e Eilat. 

Outro exemplo dessa diversificação de ameaças é o lançamento de drones a partir do Iraque por milicianos xiitas, que já resultou na morte de soldados israelenses nas Colinas de Golã.

O sofrimento humano resultante deste ano de guerra é enorme. Aos 1,2 mil mortos israelenses do primeiro dia do conflito somaram-se cerca de 42 mil palestinos na Faixa de Gaza, 2 mil libaneses e 700 palestinos na Cisjordânia.

As pessoas obrigadas a deixarem suas casas, em Israel, na Faixa de Gaza e no Líbano são contadas aos milhões. Estima-se que 2/3 de todos os prédios da Faixa de Gaza tenham sido total ou parcialmente destruídos pelos bombardeios israelenses. Os prejuízos econômicos são incalculáveis. 

Apesar de tudo, as coisas parecem destinadas a piorar antes de melhorar.

O segundo ano de guerra, que se inicia hoje, nasce sob o espectro da escalada, uma vez que se espera para qualquer momento a reação israelense aos ataques iranianos da semana passada

O grau de intensidade da resposta de Israel, que pode variar desde ataques às instalações militares do exército e da Guarda Revolucionária, passando pela destruição de instalações de produção e distribuição de petróleo, ou, até mesmo, na mais arriscada das opções, ataques às instalações do programa nuclear, darão a deixa para a reação iraniana, o que pode lançar a região em uma espiral de conflitos imprevisível, com reflexos, não só para a região, mas para o mundo inteiro.

No campo econômico, apenas para se destacar um dos riscos envolvidos, é bom recordar que, além de grande produtor de petróleo, o Irã controla o estreito de Ormuz, que liga o Golfo Pérsico ao Golfo de Omã, importantíssimo por servir de passagem para cerca de 21% do petróleo do planeta. Uma eventual interrupção desse fluxo em razão da guerra causaria, de imediato, uma disparada nos preços do combustível, com reflexos globais.

A expectativa de escalada da guerra, entretanto, não tem o condão de despertar a comunidade internacional para uma efetiva ação que estanque as hostilidades. Um ano após o início da guerra, nem as grandes potências, como EUA, Europa, Rússia ou China, nem os organismos multilaterais, especialmente a ONU, se mostram capazes de encaminhar qualquer solução que diminua o sofrimento das populações civis tragadas pelo conflito. 

Diante desse cenário desolador, o Oriente Médio vive uma nova fase de instabilidade sem precedentes.

Enquanto a comunidade internacional permanece paralisada e a guerra ameaça expandir-se ainda mais, milhões de vidas continuam em risco. O segundo ano deste conflito não apenas promete intensificar as tensões regionais, mas também acentuar os impactos globais, desde o aumento da migração forçada até uma possível crise energética. Sem uma intervenção diplomática eficaz, a espiral de violência parece longe do fim.

Conteúdo editado por:Aline Menezes
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