São Paulo – Manifestação na Avenida Paulista, região central da capital, contra a corrupção e pela saída da presidenta Dilma Rousseff.| Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
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“Negacionista” e “negacionismo” foram algumas das palavras mais ouvidas pelos brasileiros nos últimos três anos. Mas vamos ser justos, tem muito negacionismo passando batido por aí. Um deles é o negacionismo da corrupção durante os governos do Partido dos Trabalhadores (PT) e de seus comparsas políticos. Mas os R$ 5,8 bilhões pagos em acordos de leniência por empresas envolvidas no Petrolão nos últimos sete anos provam que os negacionistas estão errados.

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Descoberto pela Operação Lava Jato, agora atacada por todos os lados, o Petrolão foi o segundo maior esquema de corrupção do planeta. Ele foi um “esquema bilionário de corrupção na Petrobras, ocorrido durante o governo Lula e Dilma, que envolvia cobrança de propina das empreiteiras, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e superfaturamentos de obras contratadas para abastecer os cofres de partidos, funcionários da estatal e políticos”, como descreve o Infomoney.

Enquanto roubar e corromper não der prisão, a percepção das pessoas continuará sendo a de que o Brasil é o país da impunidade.

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Porém, até hoje, os apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assim como os petistas em geral, alegam a inocência dos membros do PT devido ao fato de muitos terem sido soltos.  Por causa do Petrolão, e de supostas propinas recebidas em obras num sítio e no famoso triplex do Guarujá, o atual presidente Lula, por exemplo, ficou preso por quase 2 anos. Ele foi condenado em três instâncias por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Julgado e condenado por 9 juízes, está solto porque teve suas sentenças anuladas pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Mas enquanto as anulações das sentenças de Lula e outros companheiros servem de adubo para os negacionistas da corrupção, os acordos de leniência das empresas envolvidas no esquema provam o contrário. Apesar de que corre o risco de nem todos serem pagos. Recentemente, várias condenações e provas foram anuladas, criando um sentimento de impunidade geral.

Enquanto um grupo de eleitores se comportar como uma legião de devotos e seguir passando a mão na cabeça dos corruptos, eles continuarão encorajados a assaltar os cofres públicos.

A J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, por exemplo, quer reduzir ao menos R$ 3 bilhões do que concordou em pagar em seu acordo de leniência. Os empresários da holding devem ter pensado algo do tipo: “Se os políticos não estão sendo obrigados a cumprir suas penas por inteiro, por que nós temos que pagar toda a multa?”. No país da impunidade e dos privilégios, não é algo surpreendente. No acordo firmado em 2017, a J&F deveria pagar, sozinha, R$ 10,3 bilhões.

O pagamento é destinado à Caixa Econômica Federal, FGTS, Funcef, Petros, BNDES e União, instituições lesadas pela J&F ao lado do Partido dos Trabalhadores, segundo as delações premiadas realizadas. O Ministério Público Federal (MPF) aceitou um pedido da J&F e suspendeu, até julgamento definitivo, o pagamento das parcelas que o grupo ainda tem a pagar. De 2017 até março de 2023, a J&F pagou somente R$ 580 milhões da dívida. Apenas 5,6% do total que deve ser pago em 25 anos. Enquanto isso, os empresários Joesley e Wesley Batista foram convidados a fazer parte da comitiva de Lula em sua viagem à China no mês de março.

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E são justamente os aliados do Partido dos Trabalhadores que tentam impedir o pagamento dos acordos de leniência. O Psol, o PCdoB e o Solidariedade pediram ao Supremo Tribunal Federal para suspender as multas previstas nos acordos de leniência fechados pelas empreiteiras que desviaram dinheiro da Petrobras. O Jornal Nacional noticiou a estratégia dos partidos de esquerda em março, apenas três meses depois de Lula voltar à Presidência.

A corrupção no Brasil também é internacionalmente reconhecida. No Índice de Percepção da Corrupção de 2022 da Transparência Internacional — que avalia a corrupção no setor público de 180 países —, o Brasil está na 94ª posição. O país é mais corrupto e menos transparente quanto mais longe do primeiro lugar ele se posiciona. Infelizmente, o Brasil não surpreende. Parece que o país escolhe ser destaque em termos de corrupção e impunidade, para sofrimento dos brasileiros, principalmente dos mais necessitados.

A realidade não muda porque alguém não quer enxergar ou prefere ficar em estado de negação incansavelmente.

Dessa forma, o Brasil está mais próximo dos países mais corruptos do mundo do que dos mais transparentes. “Os 38 pontos alcançados pelo país em 2022 representam um desempenho ruim e o coloca abaixo da média global (43 pontos), da média regional para América Latina e Caribe (43 pontos), da média dos BRICS (39 pontos) e ainda mais distante da média dos países do G20 (53 pontos) e da OCDE (66 pontos)”, explica a instituição. Ou seja, em termos de corrupção, somos um país muito abaixo da média.

Além disso, a soltura de corruptos, assim como a volta deles aos círculos do poder, só prejudica o combate à corrupção no Brasil. Enquanto roubar e corromper não der prisão (sem anulação de sentença e de provas), a percepção das pessoas continuará sendo a de que o Brasil é o país da impunidade.

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Como mencionamos em um artigo anterior, a percepção de muita gente é de que, nos últimos dois anos, mais pessoas foram presas pelas suas declarações do que por desvios de recursos públicos. Seja como for, as evidências estão postas para serem vistas a olho nu por qualquer cidadão.

Houve corrupção, o Petrolão é real. E isso porque nem citamos o Mensalão. Enquanto um grupo de eleitores se comportar como uma legião de devotos e seguir passando a mão na cabeça dos corruptos, eles continuarão encorajados a assaltar os cofres públicos — já que possuem certeza de que serão votados na próxima eleição. Enquanto o Judiciário não punir adequadamente, os corruptos continuarão agindo, com a certeza de que se houver um preço a pagar, ele será baixo.

O negacionismo sobre a corrupção e a conivência com corruptos não precisa ser parte da nossa rotina. Muito melhor se fosse parte da nossa história, e que ficasse no passado de todos os brasileiros. A realidade não muda porque alguém não quer enxergar ou prefere ficar em estado de negação incansavelmente. Como bem disse a filósofa AynRand, “você pode ignorar a realidade, mas não pode ignorar as consequências de ignorar a realidade”. Nas próximas eleições, lembre-se de todos os políticos envolvidos em casos de corrupção e não vote neles. Enquanto eles continuarem no poder, dificilmente algo acontecerá com eles.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]