É importante pensar em liberdade econômica e desburocratização no nível federal, mas é preciso lembrar que as pessoas e as empresas crescem nas cidades. As políticas públicas em nível municipal são essenciais para transformar o Brasil, de baixo para cima. Para sermos um país desenvolvido, precisamos de cidades mais livres, competitivas e prósperas, isto é, com melhores ambientes de negócios e mais oportunidades para todos.
O Ministério da Economia lançou o Índice de Concorrência dos Municípios (ICM), que serve para analisar o ambiente de negócios das cidades e desenvolver estudos e “políticas públicas relacionados à disseminação de boas práticas e melhoria regulatória e concorrencial”. O ICM é uma iniciativa importante, e poderá ser usado como instrumento para atrair investimentos para as cidades mais bem posicionadas.
Quem lidera o ranking é Sorocaba (SP), que fez 582,7 pontos numa escala em que a nota máxima é 1000. Ou seja, o desempenho da melhor cidade demonstra que ainda estamos longe do ambiente municipal que precisamos para prosperar. O índice analisou os nove seguintes quesitos: (1) empreendendo no município, (2) infraestrutura e uso do solo, (3) construindo no município, (4) qualidade da regulação urbanística, (5) liberdade econômica, (6) concorrência em serviços públicos, (7) segurança jurídica, (8) contratando com o poder público e (9) tributação. O município com a pior pontuação foi Nova Iguaçu (RJ), que fez apenas 305,7 pontos, menos de um terço da pontuação total.
Os municípios brasileiros, como regra, não possuem ambientes favoráveis ao desenvolvimento e à geração de emprego e renda. Não é à toa que somos um país em desenvolvimento, que não consegue vencer a armadilha do baixo crescimento. Enquanto não enfrentarmos a baixa competitividade em nível municipal, continuaremos sendo um país com alto desemprego e poucas oportunidades.
Aos poucos, a burocracia municipal foi crescendo e ocupando o lugar do cidadão na tomada de decisões simples e básicas. Em muitas cidades, para você reformar um banheiro, construir um quarto, cortar uma árvore ou iniciar uma atividade de baixo risco, você precisa pedir autorização para a prefeitura. Enquanto isso, parte significativa da população vive 100% à margem da legalidade. É uma completa inversão de valores.
Ou as cidades fazem uma guinada em direção a servir melhor o cidadão, acabando com a burocracia de atividades simples e básicas, como os exemplos acima, ou as prefeituras continuarão assoberbadas de processos, sem qualquer foco naquilo que é estratégico e essencial para a vida em sociedade. Ao impor o controle sobre as principais ações dos cidadãos, as prefeituras implantaram o descontrole sobre as ações que devem ser priorizadas pelos seus servidores, gerando caos organizacional, baixa efetividade e muita informalidade.
A mudança precisa acontecer rapidamente, tanto de baixo para cima como de cima para baixo. De baixo para cima, deve partir da sociedade civil e das entidades associativas, pressionando as câmaras de vereadores para abolir o excesso de leis que geram burocracia e pouco resultado. As prefeituras podem rever processos e simplificar regulações que impactam a rotina das cidades. De cima para baixo, deve partir do governo federal, reformando marcos importantes, como o Estatuto das Cidades, e criando incentivos para as cidades serem mais competitivas. Um incentivo claro seria premiar os municípios que fizerem o trabalho de casa, a partir do ICM, com mais recursos oriundos das transferências voluntárias federais.
A burocracia municipal mata o empreendedorismo e leva boa parte das cidades para a informalidade. Hoje, existem milhões de brasileiros vivendo em áreas irregulares, habitando em moradias não reconhecidas pelo poder público, empreendendo na informalidade e crescendo à margem da legalidade. A solução está nas cidades, mas nas cidades que escolherem focar energia em servir melhor seus cidadãos, tirando as amarras que dificultam o desenvolvimento, o empreendedorismo e a geração de novos empreendimentos e negócios.
Quem são os jovens expoentes da direita que devem se fortalecer nos próximos anos
Frases da Semana: “Kamala ganhando as eleições é mais seguro para fortalecer a democracia”
Brasil deve passar os EUA e virar líder global de exportações agropecuárias
O que dizem as pesquisas sobre educação integral, obsessão do MEC de Lula
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS