Há quem olhe para a história do setor agropecuário, em especial, nos últimos 50 anos e logo relacione com os incontáveis avanços que o segmento proporcionou para o país, seja por conta das pesquisas ou da reconhecida tecnologia que é referência mundial. Outros poderão enxergar a inestimável contribuição do Brasil para a diminuição da insegurança alimentar mundo afora, fruto do avanço na produção de alimentos, mesmo com a preservação recorde da vegetação.
De fato, o que o agro fez e faz pelo país é encontrado em cada tímido pedaço de terra, resultado do incessante trabalho de produtores rurais de todo o país. É visto e aplaudido também em tantas outras partes do globo, quando escolhem o modelo brasileiro como inspiração para novas conquistas no campo.
Apesar do óbvio, inúmeros desafios, ano após ano, acendem o alerta dos cuidados que o setor carece. Quando o assunto são as intempéries climáticas, assistimos a seca no Centro-Oeste e no Matopiba e excesso de chuva em algumas regiões do sul do país. Eventos que afetaram sobremaneira a produção brasileira em 2023. Nesse aspecto, ano passado, tivemos um orçamento aprovado de R$ 1,06 bilhão para o seguro rural. Porém, seriam necessários R$ 2 bilhões no Plano Safra e, para 2024, R$ 3 bilhões, segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Esse recurso seria o mínimo necessário para atingirmos o mesmo cenário de 2021, onde tivemos basicamente 14% da área agrícola assegurada no Brasil.
Se nos debruçarmos nas questões atinentes à insegurança jurídica, encontramos um dos principais gargalos do ano passado, com ênfase para invasões de propriedades rurais. Até novembro foram 71 tipos de invasões ao produtor no país. Esse número é muito maior que as 62 invasões ocorridas ao longo dos quatro últimos anos. Uma questão que estava sob controle, voltou com muito mais força e interfere de forma direta em novos investimentos.
Para a safra 2023/2024, as estimativas foram revisadas para baixo. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de grãos no país será de 312,3 milhões de toneladas, o que significaria uma queda de 2,4% em relação ao patamar alcançado na temporada passada. Tudo muito preocupante, visto que os preços dos grãos devem se manter estáveis e sem indicativo de melhora.
Não fosse o bastante, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revisou a projeção para o valor adicionado (VA) do setor agro brasileiro em 2024 e prevê um recuo de 3,2%. A pesquisa conta com estimativas negativas para a produção de diversas culturas importantes para a lavoura. Entre as cinco principais culturas, são esperadas quedas de 9,5% na produção de milho, 5,4% na produção de cana-de-açúcar e 4,4% na produção de algodão.
Ao nos depararmos com a notícia de que as propostas de apoio à agricultura para enfrentar momentos de dificuldade não têm previsão para serem lançadas, pois dependem de cálculos do Ministério da Fazenda e de aval do Palácio do Planalto, nos vemos de em um cenário de preocupação para um ano que já nasceu com problemas escanteados em um passado muito recente. O agro, com as conquistas de décadas e o protagonismo alcançado de forma meritória, não deveria ser opção, mas prioridade sob qualquer aspecto onde se deseje o pleno desenvolvimento.
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