Defender o agro não é tarefa fácil. Seja no Congresso Nacional, com a aprovação de projetos que garantam a segurança jurídica do produtor rural, ou na linha de frente contra a “guerra de narrativas” fomentada por concorrentes comerciais e estimulada por discursos de membros do governo Lula-PT.
Mais uma vez, os franceses testaram a resiliência do setor mais pujante da economia brasileira. Depois da Danone, foi a vez do Carrefour fazer uma tentativa de “lacração” ao anunciar que não compraria produtos do Mercosul para as lojas da França, por não atenderem às exigências locais.
Mas o ato unilateral da rede levou entidades e empresas brasileiras a paralisarem o fornecimento de proteína às lojas do grupo aqui no país por quase uma semana. Nós, da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que presido, apoiamos a ação. Afinal, se não serve para as lojas da França, também não seriam apropriadas para as unidades no Brasil.
O Parlamento também deu resposta firme. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, em visita à FPA, disse que vai dar celeridade ao Projeto de Lei da Reciprocidade (PL 1406/2024), do deputado Tião Medeiros, semelhante àquela do senador Zequinha Marinho (PL 2088/2023), que tramita no Senado.
O texto implanta a Política Nacional sobre Mudança do Clima, para tornar obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil, para a disponibilização de bens estrangeiros no mercado brasileiro.
Afinal, se não serve para as lojas da França, também não seriam apropriadas para as unidades no Brasil
Enquanto isso, nas lojas, o desabastecimento iminente levou o CEO da rede Carrefour Alexandre Bompard a enviar uma carta ao Ministério da Agricultura e Pecuária com uma retratação “branda”. Por um lado, reconhecia a qualidade e produção sustentável brasileira. Contudo, não deixava claro se haveria ou não boicote aos alimentos do Mercosul.
É mais um capítulo da “guerra de narrativas” que mascara a disputa por mercado do Brasil com os rivais de fora. As declarações servem para posicionar a França como contrária ao acordo União Europeia-Mercosul.
Um membro do parlamento deles chegou a comparar a carne nacional com “lixo” e o CEO do grupo Tereos, da marca de açúcar Guarani, Olivier Leducq, disse que os produtos daqui não cumpriam normas “ambientais e sociais” francesas. Ele também se retratou, até porque produzem em seis usinas aqui no Brasil.
A França responde por menos de 1% das exportações de carne brasileiras, mas seu discurso estridente, se não for rechaçado corretamente, pode causar danos à imagem dos nossos produtores.
Para combatê-lo, aqui vão alguns dados: O Brasil possui legislação mais rigorosa do que a Europa: o Código Florestal. Lá, produtores precisam manter apenas 4% de suas propriedades para pousio – ou seja, sem necessidade de reflorestamento. Por aqui, o percentual mínimo de preservação de mata natural é de 20%, e chega a 80% em áreas da Amazônia.
É mais um capítulo da “guerra de narrativas” que mascara a disputa por mercado do Brasil com os rivais de fora
Além disso, a mentira da suposta “falta de qualidade” dos produtos também não se sustenta. O Brasil exporta para mais de 60 países, após a abertura de 200 novos mercados para o agronegócio. Sem qualidade, alguém acha que o país entraria em destinos competitivos como os Estados Unidos, a China ou a própria União Europeia?
Não é à toa que o crescimento da agropecuária causa preocupação ao USDA, Departamento de Agricultura dos EUA. Eles sabem que o Brasil é o país com capacidade para triplicar sua produção, sem descumprir a legislação.
Para sustentar essa força, está a FPA, com mais de 350 parlamentares que votam unidos pelo setor, de maneira técnica e baseada em informações. Por isso que aprovamos pautas importantes, como o PL dos Bioinsumos (PL 658/2021), de autoria do deputado Zé Vitor e relatado pelo deputado Sérgio Souza na Câmara dos Deputados.
A proposta regulamenta esse tipo de produção, garante que produtores não fiquem na ilegalidade e lança as bases para a inovação neste setor cujo potencial é gigantesco dada a nossa biodiversidade.
É com trabalho técnico, estudos, e acima de tudo informação que o agro se desenvolve, cresce e mostra sua força. A “guerra de narrativas” atrapalha, e reforça a importância de o setor saber se comunicar. Mas não vai parar o desenvolvimento de quem carrega a balança comercial e a responsabilidade do crescimento do país nas costas.
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