| Foto: Henry Chirinos / EFE
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Peço licença dos temas do agro, nesta semana, para tratar do absurdo que temos acompanhado, desde o último final de semana, na Venezuela.

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Em uma eleição com ares de fraude, o atual presidente Nicolás Maduro foi considerado eleito pelo Conselho Nacional Eleitoral, com 51,2% dos votos. Isso apesar do órgão não ter divulgado o total de votos, nem liberado as atas eleitorais mais de 72 horas após o pleito, prazo limite. É algo impensável de se ver em democracias minimamente sérias.

A oposição contestou: disse que seu candidato, Edmundo González, venceu as eleições com mais de 70% dos votos, e que o atual presidente perdeu em todas as regiões.

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Enquanto isso, uma onda de protestos invadiu as ruas das principais cidades venezuelanas. Durante as manifestações, um líder da oposição foi preso, doze pessoas foram mortas pelas forças de segurança de Maduro, e mais de setecentas estão detidas em diferentes regiões.

A repressão cresce e a contestação nos países vizinhos também. A Organização dos Estados Americanos (OEA) questionou a demora na divulgação dos resultados detalhados.

E não parou por aí: o Secretário-Geral da entidade, Luis Almagro, prometeu pedir a prisão de Maduro no Tribunal Penal Internacional, em Haia, na Holanda, sob acusação de cometer um “ataque sangrento” contra manifestantes.

Pelo menos dezoito países e a União Europeia não reconheceram a vitória do chavista, que está no poder desde 2012. Entre eles, Argentina, Chile e Uruguai. O Brasil, para a surpresa de ninguém, não estava entre eles. O governo PT, como todos sabem, é um antigo aliado da gestão Maduro.

A Venezuela vive o pior tipo de ditadura. Aquela em que falar em eleições livres, transparência ou democracia é mero discurso para travestir um regime de exceção

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Mesmo assim, até o Itamaraty pediu, logo após as eleições, que fossem divulgados os dados detalhados por mesa de votação. Isso apesar da fala absurda do Presidente Lula, de que “não tem nada de grave” no processo, mesmo com os atrasos e a total falta de transparência.

Já o PT prefere, mais uma vez, negar a realidade de pobreza e crise humanitária vivida pela população venezuelana. O partido divulgou uma nota em que reconhece o resultado das eleições, e tratou Maduro como “reeleito”.

Não é de hoje que os petistas flertam abertamente com ditaduras, como aquela imposta à Venezuela por Maduro e por seu antecessor, Hugo Chávez. O PT é um contumaz apoiador de esquerdistas que têm tanto apreço pelo poder que querem se eternizar nele – como Evo Morales já tentou, na Bolívia, e os irmãos Castro, em Cuba.

Na Venezuela, a situação é tão grave que o estado de Roraima, há anos, tornou-se uma área de recepção de pessoas que fogem do regime chavista. A Operação Acolhida, do governo brasileiro, já recebeu mais de 125 mil migrantes e refugiados daquele país.

Maduro, por sua vez, diz que o Tribunal Supremo de Justiça decidirá o destino das eleições. Uma corte que sofreu várias reformas do presidente venezuelano e que, hoje, recebe críticas e é acusada de aparelhamento para silenciar e punir opositores.

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O Centro Carter, que já observou mais de 100 eleições em 43 países, disse que o pleito da Venezuela “não pode ser considerado democrático”, por não obedecer a “parâmetros e padrões internacionais para processos eleitorais”. Eles também pediram a divulgação detalhada dos resultados.

No Senado Federal, a senadora Tereza Cristina vai chamar o assessor especial da Presidência Celso Amorim e a embaixadora do Brasil na Venezuela, Gilvânia Maria de Oliveira, para prestar esclarecimentos. Um deles é saber por que o Itamaraty não se solidarizou com os sete países que tiveram embaixadores expulsos por Maduro, após suas nações terem contestado o resultado das eleições.

Fica muito claro que a Venezuela, há mais de dez anos, vive uma ditadura de esquerda que ocupa espaços no Legislativo e no Judiciário, além de outros setores, para sequestrar o Estado aos seus caprichos e interesses, e impedir mudanças ou qualquer rotatividade no poder.

A Venezuela vive o pior tipo de ditadura. Aquela em que falar em eleições livres, transparência ou democracia é mero discurso para travestir um regime de exceção.