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Se o Netflix tem o sucesso retumbante de “Narcos”, o seu concorrente nos Estados Unidos, o serviço de streaming da Amazon, tem o “The Man in the High Castle”, renovado para uma segunda temporada. A série ficcional conta a história do mundo caso a Alemanha Nazista tivesse vencido a Segunda Guerra.

É um sucesso absoluto e provavelmente um marco para a Amazon, que tenta desbancar o poderoso Netflix. E tem um detalhe muito curioso. A série se baseia no clássico do escritor norte-americano Philip K. Dick, “O Homem do Castelo Alto”, um romance de ficção científica que trata inclusive de uma história maluca, que esteve prestes a acontecer: a Europa cogitou seriamente drenar o Mediterrâneo e se unir com a África.

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A Atlas Obscura descreve bem a história. De acordo com o site, a ideia foi concebida pelo arquiteto alemão Herman Sörgel, em 1928, que queria criar o supercontinente Atlantropa. Ele publicou quatro livros sobre o assunto e tentou, inclusive, convencer o governo nazista de seu país.

O projeto de Sörgel era construir três barragens gigantescas: uma no Estreito de Gibraltar (entre Espanha e Marrocos); outra na altura do Mar Negro e uma terceira entre a Sicília (Itália) e a Tunísia. Isso, previa o arquiteto, reduziria o nível do mar na região a ponto de criar áreas secas de ligação entre os dois continentes. A água excedente irrigaria o Saara.

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Além disso, sustentava, tais barragens poderiam gerar energia hidrelétrica abundante, suficiente para abastecer a Europa. Fora o fato de a construção dar ocupação a imensidão de desempregados e movimentar a economia da região, deteriorada após a Primeira Guerra.

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Segundo a Atlas Obscura, Sörgel era pacifista, embora tenha tentado, sem sucesso, vender a ideia aos nazistas. O ponto, segundo ele, era que a obra uniria todos os países da região, responsáveis por uma gestão compartilhada (mas compartilhar não era o forte do Terceiro Reich, como se provou em seguida).

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Com a derrota de Hitler, os Aliados (EUA, Reino Unido e União Soviética) chegaram a estudar a proposta, mas a descartaram depois de algum tempo por motivos como a necessidade de reconstruir a Europa e o apelo crescente pela energia nuclear em detrimento da hidrelétrica.

Sörgel sustentou a ideia por mais alguns anos, com apoio da opinião pública, mas sem a caneta dos governantes. Ele morreu em 1952.