![“A gente não tá de brincadeira.” Manifesto ou resposta sem pergunta? “A gente não tá de brincadeira.” Manifesto ou resposta sem pergunta?](https://media.gazetadopovo.com.br/vozes/2013/03/blindagem-0e58843c.jpg)
Talvez nem fosse necessário – isso ainda vamos descobrir. Talvez essa não fosse a intenção original – já que a música, por si só, já seria válida. Mas a canção “A gente não tá de brincadeira”, de Alexandre França, cujo clipe foi divulgado hoje (veja abaixo), é um pequeno manifesto da música curitibana. Um manifesto do bem, diga-se, ainda que inesperado.
Por contar com participação de figuras que estão em todas (é Uyara Torrente, Luiz Felipe Leprevost e Alexandre França quem cantam), fazer referência a artistas icônicos (Paulo Leminski e Blindagem), mestres e mentores (Octávio Camargo e Chico Mello) e bandas que estão na ativa buscando seu espaço (Gentileza, Maquinaíma, Crocodilla e Sabonetes), a música, com seu título incisivo, torna-se um apanhado digno da produção local e a resposta a uma pergunta que talvez ainda não tenha sido feita.
![Reprodução](https://media.gazetadopovo.com.br/vozes/2013/03/blindagem-0e58843c.jpg)
Banda Blindagem, que não foi brincadeira.
Já houve uma brincadeira-cutucada com a parcial morosidade da imprensa da cidade em relação aos trabalhos locais em “Submundo Autofágico”, música da banda Lívia e os Piá de Prédio. “Quem sabe tudo o que você pode querer/ é estar na capa do Caderno G”. Mas, neste, caso, a união de artistas de peso falando sobre a letargia suicida da indústria fonográfica, que “parou para descansar num domingo de sol” e sobre Curitiba, cidade em que “a arte fervia sem rastro”, ganha um sentido mais amplo. De manifesto mesmo, por mais que não se saiba exatamente sobre o quê. Ou de autocelebração, o que não deixa de ser válido se levarmos em conta o eclético furdúncio em que se transformou a produção musical da cidade nos últimos anos.
O fato é que o clipe, que coloca lado a lado ruído/mm e Uh La La!, Troy Rossilho e Leo Fressato, é como um artista que olha para si próprio, fazendo autorreferências em cenas agradáveis, sem, com isso, se tornar esnobe. É uma brincadeira séria que pode ser a resposta para a futurística pergunta “o que acontecia em Curitiba naquela época?” Enquanto isso, celebramos. E contamos os views no YouTube.
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