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Ele tem 31 anos, mas voz e jeitão de piá. O que era imaginável foi comprovado quando Ben Kweller atendeu o telefone em sua casa em Austin, no Texas, em uma noite de segunda-feira. “É… só um minuto. Preciso digitar a senha do meu cartão aqui… agora o código, espera. Só um pouco, desculpe, me enrolei com esse troço…”

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Ben Kweller pagava as contas para manter seu site no ar. Tinha atrasado a mensalidade do provedor, ou algo assim. O garoto indie que um dia apareceu escovando os dentes na capa de seu primeiro e simpático disco solo (Sha Sha, 2001), hoje cuida de seu site, promove o próprio selo (Noise Company) e lida com as peripécias de dois filhos: Dorian, garoto de 6 anos que curte Megadeth, e Judah, de 2, “obsessivo por Kiss.”

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Reconhecido por suas inspiradas melodias, tanto no piano quanto na guitarra, e letras irônicas e sacaninhas, Ben Kweller resolveu fazer música depois de chorar ao ouvir “All You Need Is Love” pela primeira vez, aos oito anos. O multi-instrumentista se apresenta hoje (4) em São Paulo (Sesc Vila Mariana), dia 6 no Rio de Janeiro (Imperator), em Belém dia 7 (Festival Se Rasgum) e fecha a turnê com show em Fortaleza no dia 8 (Órbita Bar). Para suas primeiras apresentações no Brasil, ele vem sozinho. Mas garante: “É um show de rock, enérgico, muito alto. Não ficarei sentado em um banquinho, vou correr no palco e tocar uma hora e meia, duas horas. Se me deixarem, toco a noite toda.”

Ben Kweller lançou neste ano Go Fly a Kite, seu sexto disco de estúdio. O álbum retoma a verve roqueira (com muitas e saborosas bases de piano) de Kweller, que no disco anterior (Changing Horses, 2009), havia despencado quase que totalmente para o country. “Sempre procuro fazer um disco diferente do outro. Então, naquela época eu deixei o folk, o rock e o pop de lado e me apeguei mais ao violão. Mas a intenção com Go Fly a Kite foi fazer um disco que juntasse tudo isso”, diz Kweller. Ele garante que haverá músicas de outros discos, especialmente de Sha Sha, álbum que o tornou relativamente conhecido e que tem faixas inspiradíssimas, como “Commerce, TX”, “Walk on Me” e “Lizzy”, música que fez para sua esposa, Liz Smith.

Após a “experiência Beatles” — “All You Need is Love” foi a coisa mais bonita que ouvi”, disse — Ben Kweller aprendeu, novamente com o pai, a tocar bateria. Isso com 8 anos Aos 13, Ben formou o Radish, banda grunge que até fez certo barulho. “Éramos muito jovens na época. Aí crescemos e vimos que queríamos fazer coisas diferentes. Decidi que era melhor seguir como Ben Kweller e deixei a banda aos 18 anos”, lembra. Ben fala vagarosamente e, mesmo de longe, nessa altura da conversa parece ter a intimidade de algum amigo seu.

Em 2003, depois do “sucesso” de Sha Sha, Ben Kweller se aventurou em uma jornada pianística com Ben Folds e Ben Lee. O grupo foi sabiamente chamado de The Bens e excursionou pela Austrália no mesmo ano. O The Bens lançou um ótimo EP na época. E Ben Kweller avisa que eles podem se reunir em breve. “Sim, o projeto pode rolar de novo. Aquele momento foi especial, e o Ben Folds é o melhor pianista que já conheci,” confessa o outro Ben.

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Ainda que a “desculpa” para vir sozinho para a sua primeira turnê brasileira não cole muito – “quando faço shows pela primeira vez em alguns países, quero ouvir os fãs e ter mais liberdade para tocar o que e por quanto tempo eu quiser” –, Ben realmente se vira bem no palco. O rapazote toca bateria, piano, guitarra e baixo. E quando questionado sobre seu instrumento preferido, saiu-se com essa. “Bem, normalmente escrevo as músicas no piano ou no violão, mas acho que o que mais gosto é a bateria. Embora baixo seja o meu forte… quando você está numa Jam, tocando baixo, você tem o poder de mudar a direção de tudo, o ritmo, o tom. É muito legal!”, quase grita Ben.

Mesmo no começo dos 30, o sujeito de cabelos loiros bagunçados já tem uma baita experiência, tanto como instrumentista, frontman, empresário, mantenedor de site e papai. Mas diz que tudo só está começando. “É estranho, mas me sinto como se começasse agora, sinto que tenho uma carreira inteira pela frente. Me sinto ‘Living Life’ [vivendo a vida].” Então aviso que esse é o nome de uma de suas músicas, presente no disco On My Way (2004). Do outro lado da linha se ouve um riso fácil. Hahaha, verdade! Viu só? O que faço está em mim, eu sou um cara sincero, anota isso aí!”

Ben Kweller
São Paulo, dia 4 de dezembro, às 21h
Sesc Vila Mariana – Rua Pelotas, 140, Vila Mariana
R$ 24

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Rio de Janeiro, dia 6 de dezembro, às 22h
Imperator – R. Dias da Cruz, 170
Preço: R$ 80

Belém, dia 7 de dezembro
VII Festival Se Rasgum – African Bar – Praça Waldemar Henrique s/n
Preço: Valores ainda não divulgados

Fortaleza, dia 8 de dezembro
Órbita Bar – R. Dragão do Mar, 207
Preço: Valores ainda não divulgados