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Em novo clipe, Nevilton une OK Go e matemática
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“Deu um trabalhão.” Foi isso que me escreveu Nevilton de Alencar ao encaminhar as informações sobre o clipe de “Tempos de Maracujá”, terceira faixa do ótimo disco De Verdade, lançado em outubro de 2011. A banda, você sabe, é a Nevilton, de Umuarama — mais sobre como eles saíram de um bar da cidade para ganhar a vida com música, aqui.

Proponho o seguinte. Veja o novo clipe abaixo, pense como ele foi feito, e depois leia as explicações sobre o vídeo, na sequência do post.

O clipe é daqueles para ser assistido várias vezes, já que há muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Em resumo, o Diabo (Tiago Lobão) tem a missão de bagunçar o “coreto”, enquanto anjos (Nevilton e Chapolla) tentam manter a ordem. No meio de tudo isso, matemática, improviso, uma balada bizarra e efeitos quase bobos, além de muitos cálculos, que dão ares OkGonianos ao clipe da banda do interior do Paraná.

“A intenção era criar um clipe matemático. Para ilustrar tal ideia apresentei uma série de filmagens aceleradas de mim mesmo, coladas toscamente num Final Cut. Com isso tentava convencê-los que aquilo iria virar uma contagem regressiva de relógio digital, com números perfeitos. Era um vídeo com três de mim — ridiculamente vestidos de verde e abraçados a travesseiros da mesma cor –, ridiculamente deitados no chão e fazendo posições ridículas que lembravam números em contagem regressiva.

Basicamente ridículo
”, diz o diretor Edson Oda.

Ele continua, agora destrinchando a técnica utilizada para a coisa toda. Sério, a explicação a seguir é exigente, mas essencial. Não se perca.

“Primeiro definimos a duração de cada segundo desse cronômetro humano. Analisando a batida da música, percebemos que cada 14 segundos tínhamos aproximadamente 10 tempos. Ou seja, 1 Tempo = 1,4 segundo. Assim, se a música tinha 4 minutos (240 segundos) ela teria uns 170 tempos nessa proporção. O que nos levou aos 2:20 iniciais.

Paralelamente começamos a trabalhar nas coreografias dos atores que provisoriamente éramos nós mesmos. Tínhamos que definir quais seriam as melhores posições para representar cada número, quanto tempo o ator ficaria fixo naquela posição e quanto tempo levaria para ele mudar para o próximo número.

Rafael Avancini

Nos testes vimos que o ator demorava sete vezes mais que o tempo normal para fazer tudo isso — se fixar no número e mudar. Ou seja, se nosso 1 Tempo equivalia a 1,4 segundo, isso significava que precisávamos de 9,8 segundos (7×1,4) para toda transição (quatro segundos para firmar o número e o restante para a troca).
Como solução decidimos filmar tudo em 30 minutos de coreografia mais lenta e depois acelerar sete vezes para conseguir os quatro minutos do clipe.

Reprodução

A intenção, claro, era sincronizar todas as variações da música com coreografias específicas para cada variação do som. O problema, no entanto, era sincronizar a música de quatro minutos com essa filmagem sete vezes mais lenta de 30 minutos. Pra isso, tentamos reduzir a velocidade da canção sete vezes e tocar na filmagem. Mas isso só gerou um som irreconhecível do capeta.”

Tá tudo bem? Tem mais.

“A solução foi gravar um metrônomo que dividia a nossa unidade desacelerada de tempo (9,8s) em sete tempos. Um “tac, tac, tac, tac, tac, tac, tic” que nos orientaria quando as trocas de números deveriam ser feitas e quando deveriam começar e acabar as coreografias ao redor dos números.

E quando esses sete tempos de tic e tac fossem acelerados sete vezes, surgiriam tempos de 1,4s, o que faria tudo casar perfeitamente com nossa música em tempo normal.

Por fim, para nos guiar melhor na direção, todo o roteiro não seria escrito em papel, mas num vídeo de 30 minutos, ao som das sete batidas incessantes a cada 9,8 segundos, que nos indicavam toda as transições durante a filmagem.

Pronto.

Gravar esse clipe foi bem mais instrutivo que qualquer cartela de Kumon que eu tenha feito”, garante Oda.

Além do lançamento do novo clipe, a Nevilton é finalista do concurso Música Pra Todo Mundo, da Oi Novo Som, cujo prêmio é a gravação de um disco e a participação no Festival Música Pra Todo Mundo, no Rio de Janeiro, no segundo semestre desse ano. Para ajudar os caras, é só visitar o site http://www.mptm.com.br, clicar na foto deles e dar um “curtir”. Leva cerca de, hmm, 1,23 segundos.

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