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Nada Surf em Curitiba. E você com isso?
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[estreia]

Foi um ano estranho para shows em Curitiba, você deve concordar. Exceto por festivais esporádicos e abrangentes (Lupaluna, Tribaltech), boas apresentações de bandas locais que já têm o seu público, e ótimas pequenas e médias investidas para uma audiência específica (Sinewave Festival, Yelle, Chico Buarque), a cidade não esteve na agenda de muitos produtores e artistas.

Curitiba esteve fora da rota “daquele” show que você certamente foi ou teve vontade de ir conferir em São Paulo ou no Rio. O exemplo mais quente é a turnê da banda Los Hermanos, que, até agora, confirmou apresentações para o ano que vem em Recife, Fortaleza, Manaus, Belém, Brasília, Salvador, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, ufa. Curitiba, necas.

A discussão é grande e embaralhada. Falta público, investimento na área, locais para apresentações ou só alguém que se mexa? “Cansado de ter que se deslocar para ver suas bandas preferidas em outra cidade, o produtor e DJ Felipe Rocha fechou uma parceria com o novo projeto MusicMob para colocar a capital novamente na rota das turnês. A primeira banda que a parceria traz à Curitiba é a nova-iorquina Nada Surf.”

Divulgação
Daniel (esq.), Ira e Matthew: Nada Surf.

O texto ali de cima é o mesmo que está no release de imprensa recebido por aqui. Este será o primeiro grande teste do crowdfunding na cidade. E logo com uma banda espetacular, um dos melhores trio da história do rock, que estará divulgando The Stars Are Indifferent to Astronomy, sexto álbum de estúdio.

Então, por partes: primeiro falamos de como você, que está interessado em ver Nada Surf ao vivo no Music Hall, em Curitiba, no dia 28 de abril de 2012, pode contribuir, comprando a sua cota. Depois, destrinchamos a banda de Matthew Caws, Ira Elliot e Daniel Lorca.

Como faz?
O Nada Surf vem ao Brasil em abril do ano que vem. Se as cotas de todos os shows programados forem atingidas, o trio se apresentará em São Paulo (25 e 26/4), Curitiba (28/4), Porto Alegre (30/4) e Goiânia (3/5). Ok, mas como faço minha parte e o que eu ganho com isso?

Você tem que acessar o site www.musicmob.com.br, procurar pelo show Nada Surf Curitiba, e escolher o valor a pagar. O mais barato (R$ 70), dá direito ao ingresso e a um adesivo exclusivo. Com o mais caro, (R$ 170), você leva ingresso, adesivo e um box com camiseta, pôster, o disco novo e o DVD do show. Ao atingir a cota necessária, a coisa rola. Ventura Produções, MusicMob e Inker Agência de Música estarão à frente do projeto.

O “colaborador” receberá seu ingresso e seus brindes em casa, e aí já pode começar a contagem regressiva. Caso o projeto não consiga chegar ao valor necessário para ser realizado, no final do período de captação você receberá seu dinheiro de volta sem nenhuma dedução. Ou poderá optar por transferir seu investimento para outro projeto do site. O problema, que tem a ver com o início deste texto – do mimimi em não haver shows por aqui, é este: atualmente a cota para o ingresso mais barato em Curitiba está em… 1%.

Felipe Rocha, o aventureiro, ainda diz que “os ingressos para o show serão liberados para a venda logo após a confirmação da apresentação, com valor a definir”. E mais. “Se atingirmos uma porcentagem boa, e contarmos com a venda de ingressos, não haverá prejuízo, faremos! Creio que com 95% [das cotas compradas] conseguimos realizar o show”.

Pois então. Se você gosta da banda, quer parar de reclamar e ver um bom show, divulgue isso, clique lá e compre a cota. Se você não é fã da banda e quer parar de reclamar também – e quem sabe ver o seu grupo preferido tocar em Curitiba dentro de algum tempo — divulgue para que haja mais iniciativas como essa. Porque é aquela história: se Maomé não vai até a montanha…

Com cerveja
Quando o Nada Surf se apresentou em Curitiba em 2004, tive o privilégio de tomar umas cervejas com o trio, logo antes que Matthew (voz e guitarra), Ira (bateria e backing) e Daniel (baixo e backing) subissem no palco. Perguntei sobre o nome do grupo. “Não há muita explicação. Gostamos da sonoridade, e tem a ver com nada e surf. Mas ao mesmo tempo entendemos como um lugar em que gostaríamos de estar”, me disse Matthew, descambando para a filosofia e entornando o restinho de uma Kaiser Summer. Fiquei satisfeito com a resposta.

O Nada Surf foi formado em 1992, em Nova York, por Matthews e Daniel, antigos amigos. Pense que nessa época o grunge estava no auge. Matthew curtia muito Nirvana e seus aliados. Juntos, os dois formaram as bandas The Cost of Living (não por acaso o nome de um Ep do The Clash de 1979) e Because Because Because. Até se achar o baterista ideal, Ira – mais ou menos como aconteceu com Nirvana e Dave Grohl – passaram pelo Nada Surf Dan e Aaron Conte, que gravou o primeiro Ep (The Plan/Telescope, 1994). Ira era o baterista da ótima banda garageira Fuzztones, da qual Matthew e Daniel eram fãs.

Para gravar o primeiro disco do Nada Surf, o vigoroso High/Low (1996), Ira já estava com as baquetas nas mãos.
Na faixa abaixo, que abre o disco, perceba a energia e o frescor de uma banda muito influenciada pelo punk, mas que já procurava no timbre único de Matthew um fator para ser original.

É desse disco também o maior sucesso do grupo até hoje. “Popular”, uma espécie de “nova ordem mundial para a juventude”, que ganhou as graças da MTV. A letra surgiu de um livro, e Matthew não conseguia cantar a música ao vivo nos shows. Mas tudo bem. A plateia sabia de cor.

O segundo álbum (The Proximity Effect, 1998), provocou a ruptura da banda com a Elektra Records. A gravadora dizia que não havia um “punch” como “Popular”, e tentou resolver isso sugerindo covers. Mas, se isso aí embaixo não é um estorvo para o sossego – não sei o que mais os empresários queriam. Força e peso, melodia ensolarada. Além de backings incríveis.

Em 2002, um álbum que redefiniria a sonoridade do Nada Surf e abriria muitas portas à banda. Bem aceito por público e crítica, Let Go foi uma espécie de “Popular” em forma de disco, ainda que com menos peso, porém com uma noção invejável de melodia e harmonia – perceba os backings em “Inside of Love”, uma balada que marcou época.

No mesmo disco há a urgência de “Hi-Speed Soul”, música que retoma a filosofia, tema sempre recorrente para Matthews. “Do you ever feel like what we call real life is not so real?”

Let Go foi seguido por The Weight is a Gift (2005), produzido por Chris Walla, amigo da banda e guitarrista da Death Cab fo Cutie. O Nada Surf nunca soou tão indie. Havia uma leveza nas canções, uma despretensão que muito tem a ver com a própria sonoridade da Deat Cab. A minha favorita do disco é essa aí embaixo. Uma música angulosa e dinâmica.

Lucky (2008), projetou o grupo para… a tevê. “Weightless” esteve no seriado Heroes, “See these Bones em One Tree Hill e “Beautiful Beat” na série How I Met Your Mother. Mas essa história não é nova para o Nada Surf, que já havia emplacado “If You Leave”, originalmente da Orchestral Manoeuvres in the Dark, no seriado The OC. Abaixo, a última faixa do disco, a quase acústica e melancólica “The Film did not Go ‘ Round” — “with lyrics!”

If I Had a Hi-Fi (2010), pode ter surpreendido muita gente. É um álbum inteirinho de covers, alguns inimagináveis. A ideia foi gravar 12 músicas favoritas da banda. Veja a lista:

• “Electrocution” (Bill Fox)
• “Enjoy the Silence” (Depeche Mode)
• “Love Goes On” (The Go-Betweens)
• “Janine” (Arthur Russell)
• “You Were So Warm” (Dwight Twilley)
• “Love and Anger” (Kate Bush)
• “The Agony of Laffitte” (Spoon)
• “Bye Bye Beauté” (Coralie Clément)
• “Question” (Moody Blues)
• “Bright Side” (Soft Pack)
• “Evolución” (Mercromina)
• “I Remembered What I Was Going to Say” (The Silly Pillows)

O próximo álbum, The Stars are Indifferente to Astronomy – olha a filosofia aí de novo — será lançado oficialmente em janeiro de 2012 e no show que a banda irá fazer (irá?) em Curitiba, em abril. Abaixo, uma faixa do novo disco, liberada pela banda.

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