Como um temporal de fim de ano, a Tangerines and Elephants chegou sorrateira para depois acontecer. Se nós já pensamos nas ondas a pular, a banda venera 2012, certamente o melhor dos três anos da existência do trio um tanto misterioso.
Pois foi nestes últimos 360 dias que a T&E começou a ser comentada, indicada, conhecida. E há algo a se levar em conta nesses tempos em que tudo que é divulgado tem o pressuposto para ser bom: a banda de Argos Carneiro (guitarra/vocais), Jean Cazuni (bateria) e Igor Romko (baixo/vocais) criou suas coisas com a calma de quem sabe onde quer chegar. Outra prova dessa maturidade está no EP Taken for a Ride, lançado há alguns dias – na verdade as músicas já existiam, mas a compilação ainda não.
“Tangerina, fruta cítrica, algumas vezes doce; elefante, um mamífero pesado”, explicam os integrantes, que definem o som do grupo como um “rock bipolar”. O novo EP – um lançamento similar com as músicas “Bunch of Grapes” e “10” já havia sido lançado no meio do ano – traz um pouco dessa música gorda e azedo.
O EP de duas músicas tem as faixas “Taken for a Ride” e “Miraflores”. A primeira é um rock guitarreiro e sujo, com um riff pegajoso e insistente, apoiado em um baixo nada discreto que remete à sonoridade de bandas alternativas norte-americanas do final dos anos 80 e começo dos 90. The Lemonheads, por exemplo, já que, como a T&E, preserva uma influência punk.
A segunda, “Miraflores” nome de uma cidade de Cuba, é uma mistura cosmopolita e ousada. Começa despedaçada, e se encontra pelo caminho. Cai no que poderia ser um ritmo latino menos acelerado – o baixo cadenciado é a grande sacada aqui – e retorna ao rock meio brincalhão (‘uh-uh’), meio noventista. Uma baita música.
O Tangerines and Elephants já tem um disco inteiro gravado, que deve ser lançado nos próximos meses. A melhor surpresa do rock curitibano em 2012, de quebra, ainda suscita uma perguntinha: por que cantar em inglês? Assunto pro ano que vem, musical e sensacional. Até breve.