Era uma expectativa suficientemente honesta para te fazer sair de casa numa quarta-feira à noite, semifinal de Copa do Brasil. A banda Baleia, do Rio de Janeiro, fazia na quarta-feira (29) sua estreia em palcos fora do eixo Rio-São Paulo. O sexteto, cuja formação já contou com Luiza Jobim, a filha do Tom, estava empolgada para seu primeiro show no Paiol, este teatro meio surreal, mágico em sua essência, único em seu nome. Mas foi como se Moby Dick de repente encalhasse na praia mansa de Matinhos.
A pior forma de tentar ser original é reler, sem critérios críticos ou adaptações humildes, o que já é consolidado, defensável, respeitado como algo bom e eficiente. Mais triste ainda é praticar um pseudo-revival contemporâneo do que se tornou novidade há não muito tempo. Sentimo-nos uns trouxas por assistirmos algo piorado daquilo que ainda não precisava ser copiado, daquilo que ainda merece ser, ainda, compreendido.
A Baleia, em boa parte de seu show, transfigurou-se num Arcade Fire da Lapa. O incômodo não foi só na fragilidade instrumental, mas principalmente na postura da banda no palco. Havia algo de infantil, de previsível, de não espontâneo, ao mesmo tempo em que todos os seis pensavam estar, naquela uma hora e vinte, inventando a roda, recriando toda a história da música.
Pois tomemos como exemplo a última faixa executada, “Despertador”, “aquela de 10 minutos”, propagada pela vocalista Sofia Vaz como se fosse a arma secreta da banda. Os dez minutos, diferentes de narrativas sonoras já oferecidas por artistas pop tão distintos entre si como Legião Urbana (Faroeste Caboclo) e Gun N’Roses (November Rain), ou de viagens instrumentais justificadas e genuínas, caso do Sigur Rós — em um momento específico o guitarrista Felipe Ventura tocou seu instrumento com o arco do violino –, refletiram na verdade várias ideias não concatenadas, soltas mesmo. Por isso aquela guitarra estupidamente alta sem qualquer motivo agregador, a não ser fazer barulho quando não devia. Mas hoje parece fácil, afinal, fazer um bolo bonito apenas com restos de massa.
O mais triste em relação à Baleia é que a banda – se é límpida em seu disco Quebra Azul — parece não aguentar o tranco quando a coisa, ao vivo, demanda alma, aquele algo a mais que fazem as situações ordinárias parecerem menos piores do que realmente são.
Os bons momentos concentraram-se no cover improvável de “O Mar” (Dorival Caymmi) e “Little by Little” (Radiohead) – exibição azeitada, deu gosto de ver – e no pedido de namoro, ou seria de casamento?, de uma moça para outra, no meio do show. Foi o ato mais verdadeiro que o Paiol presenciou naquela noite de quarta-feira. Isso e as dancinhas do tecladista.
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