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Sasquatch! Festival, dia 1: Japandroids, Built to Spill e Youth Lagoon
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A desbaratinada jornalista Thaisa Meraki se mandou para os Estados Unidos para ver de perto o Sasquatch!, festival que acontece entre 24 e 27 de maio em uma região desértica a leste de Seattle, no estado de Washington.


A partir de hoje, ela deixa seu relato sobre a estrutura do espaço – há campings e uma logística que parece funcionar sensacionalmente bem – e, claro, as apresentações de bandas como Sigur Rós, The XX, Built to Spill, The Postal Service, Mumford & Sons, Cake, Alt-J, Andrew Bird etc etc.

Neste primeiro post, Thaisa conta como foram os shows do poderoso duo canadense Japandroids, dos bravos norte-americanos do Built to Spill, e do maluquete Trevor Powers, patrão do Youth Lagoon.

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Faz nove graus lá fora (à tarde fez 30) e eu escrevo do The Gorge Amphitheatre. Vim parar aqui, na fronteira com o Canadá, por causa do Sasquatch! Music Festival. O line-up já seria motivo suficiente para a viagem. Mas a ideia de ir sozinha a um festival de música muito longe de casa e, de quebra, acampar por quatro dias seguidos ao lado do Columbia Gorge Canyon, me deixou ainda mais animada.

Thaisa Meraki

Não vim sozinha, mas com três pessoas que conheci no fórum de discussão do festival. O Marcus, do Colorado; e o Johnny e o Justin, da Califórnia. Alugamos um carro em Seattle, jogamos nossas malas e barracas no porta-malas e chegamos depois de três horas de viagem. Estamos fazendo algo bem comum por aqui, carpool. No nosso idioma, rachar um carro. Geralmente acontece com desconhecidos que tem coisas em comum com você: o destino.

Os relatos e fotos que vocês vão ver a partir de agora mostra a felicidade de pessoas (principalmente canadenses e estadunidenses) curtindo bandas incríveis num feriado prolongado (estamos no Memorial Day) há poucos dias do começo do verão. Tudo isso numa das paisagens mais sensacionais do mundo.

Thaisa Meraki

Mesmo com diversos trailers, e até mesinhas e cadeiras de camping que as pessoas trazem para improvisar uma cozinha, o acampamento é organizado. O que me mais me chamou atenção foi uma lojinha instalada entre a área de camping e a entrada dos shows. Acabou a cerveja, a água, o papel higiênico, frutas e outros produtos básicos? Você vai achar ali por um preço honesto.

Japandroids e incontáveis moshs
Pontualmente às 18h05 começou o show do Japandroids. O duo de Vancouver não poderia ter aberto o festival de melhor maneira. O guitarrista Brian King dividiu os vocais em todas as músicas com o baterista David Prowse, num rock eletrizante, mostrando que, muitas vezes, é só destes instrumentos que uma banda precisa para ser boa e fazer a trilha sonora perfeita para um mosh.

Para vários, na verdade. E foi o que tivemos: jovens ensandecidos sendo erguidos e conduzidos do meio da multidão até o palco do duo canadense. O pessoal que fazia a segurança ajudava todo mundo a colocar o pé no chão e a voltar para a plateia. Eles pareciam tão acostumados com isso que olhavam um para o outro e sorriam.

Thaisa Meraki
56.º mosh durante o show do Japandroids.

Tentei contar, mas desisti depois do quadragésimo mosh. Sim, foram muito, mas muito mais do que 40 pessoas nadando nos braços da galera. Muitos meninos e meninas faziam isso mais do que duas vezes, exatamente como quem anda de montanha russa. Não se contentavam com a adrenalina da primeira vez e sentiam vontade de ir de novo. E iam. Bonito de ver.

Built to Spill: sinais da experiência
Saindo do palco Bigfoot, corro pro palco principal para pegar o começo do Built to Spill, formada em 1992. Os tiozinhos barbudos norte-americanos eram os mais experientes da noite. A bateria conduzida por Scout Plouf, que passou a integrar o grupo somente em 2006, era imponente, deixando as guitarras brincando de coadjuvantes.

Thaisa Meraki
Built to Spill: baixe There is Nothing Wrong With Love (1994) e tente não ir atrás de toda a discografia.

Gotas de chuva começaram a cair lentamente ao mesmo tempo em que o sol ofuscava quem estava no topo da colina (o palco principal fica embaixo, e quem fica longe da banda, lá em cima, não só consegue ouvir bem o som, como tem uma linda visão da paisagem).

Youth psycho Lagoon
O último show foi também o mais esperado por mim: Youth Lagoon, liderado pelo norte-americano de 25 anos Trevor Powers. Marcado para às 20h30, o quarteto só começou a tocar por volta das 21h05. A Youth Lagoon passou os primeiros 35 minutos ajustando instrumentos. Enquanto isso, o pôr do sol produzia imagens de tirar o fôlego — e o Artic Monkeys se apresentavam no palco principal.

Thaisa Meraki
Viva!

Depois de pedir desculpas e agradecer pela paciência do público, Trevor tocou as primeiras notas do hit “Mute”, já com o céu completamente escuro. Luzes de diversas cores explodiram do palco, transformando a apresentação em uma psicodelia vibrante. Além de “Mute”, as fantásticas “Dropla” e “Sleep Paralysis”, do último disco (Wondrous Bughouse, lançado em março deste ano), foram tocadas.

Thaisa Meraki
Youth Lagoon: bem melhor que Arctic Monkeys.

As canções do primeiro disco (The Year of Hibernation, 2011), no entanto, fizeram a plateia vibrar mais. Como Youth Lagoon era o último a pisar no palco na sexta-feita, o show teve seus prometidos 45 minutos. Enquanto isso, Vampire Weekend estava quase no final. Perdi os vampiros indies de Nova York e os macacos britânicos. E quer saber? Faria de novo. Youth Lagoon fez o melhor show do dia e já posso dizer que um dos melhores do festival. E olha que hoje temos Sigur Rós, Black Rebel Motorcycle Club, Devendra Banhart, The XX e Tame Impala. I’ll be right back! Stay Tuned!

Thaisa Meraki
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