A Sonora Coisa está de disco novo.| Foto:

Há uma tese não oficial, mas empiricamente muito coerente, que diz que a cada 20 anos o rock olha no retrovisor e cria revivals espontâneos. Prova disso, nesses últimos tempos, foi a ressurreição de bandas de noise rock e shoegaze dos anos 90, como Slowdive, Swervedriver e Ride – para além de outros grupos “novos” que beberam dessa fonte aí, caso do Yuck, do Ringo Deathstarr etc. Por aqui, na terrinha, a coisa também está a dar frutinhos barulhentos.

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As bandas curitibanas Sonora Coisa e Lindberg Hotel recentemente lançaram novos álbuns. A primeira divulga Lon G (Patetico Records), disco com seis faixas. Rafael Bührer (baixo e voz), Afonso Bührer (guitarra e voz), Luíz Zavan (guitarra e voz) e Henrique Thoms (bateria), brincam de noise pop e shoegaze em um disco consistente em sua proposta, apesar dos altos e baixos em relação à produção/mixagem, que às vezes soa comprimida, enlatada. “Arabian Spring”, por exemplo, com seu riff circular, evoca um Superchunk menos agressivo. É bonito de ouvir a guitarra lancinante de “Seesaw”, a la Ride, e a balada-experimento “Monologue”, que lembra a fase boa (eles tiveram uma) do Smashing Pumpkins, embora pareça que o próprio Dean Wareham, vocalista do Galaxie 500, tenha engrossado a voz e assumido os vocais de repente.

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Por falar em Galaxie 500, a Sonora Coisa tem uma história muito boa. Mark Kramer, produtor da banda norte-americana – influência direta do Sonora Coisa – e de artistas como Butthole Surfers e Codeine, foi o sujeito que subiu e desceu botões durante a gravação do primeiro EP dos curitibanos, após descobri-los via Myspace. “Foi uma grande estranheza do destino”, escreveu o grupo em sua página no Facebook.

Voltando ao disco. Na metade final, há “Friendship”, cover do The Cigarretes. Baseada em voz e violão, parece não fazer muito sentido em todo o contexto. “By the Tide” experimenta com solos staccato de guitarra e a instrumental e “Bye” encerra o álbum com um groove barulhento que deve funcionar muito bem ao vivo. O show, aliás, é no DamaDame, dia 21 de dezembro – veja serviço completo ali embaixo.

Romanichen é o nome dele

A Lindberg Hotel, projeto de Claudio Romanichen, lançou há poucos dias seu segundo disco, Lindberg Hotel II. Conforme explicou ao site Defenestrando, a banda agora quer “fugir do fantasma do shoegaze”, embora o primeiro álbum seja muito interessante e tenha pequenas pérolas como a ótima “Heal”, música que poderia ser do My Bloody Valentine.

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Pelo que deu para perceber, Lindberg Hotel II, gravado 100% por Romanichen, está lo-fi e mais pop, na medida do possível. Destaque para as faixas “Beatles Posters”, pela atenção aos vocais, apesar de a gravação não colaborar tanto; a intensa “Spoiled Child” (a letra é ótima) e “Beggar Friend”, que, apesar de estar no fim do disco, dá uma guinada em toda a história com seu riff de guitarra maroto.

 

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Sonora Coisa, La Vantage, Laundromaths e Cassandra.

DamaDame (R. Tapajós, 19, Mercês). Dia 21 às 18 horas. R$ 8.