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Tulipa Ruiz ao vivo: em família, e para ser lembrado

Já no bis do show que fez no lotado Sesc da Esquina em Curitiba, na última sexta-feira, Tulipa Ruiz deixou o palco e contornou o teatro. Parava uma vez ou outra quando via alguém mais animado, e aí dividia o microfone.

Durante o percurso, não se viram braços esticados e mãos desesperadas tentando tocar a cantora, como é comum quando artistas tentam se aproximar literalmente de seu público. O que se percebeu, de um lado, foi a admiração respeitosa de uma plateia totalmente entregue. De outro, uma artista que está no momento mais profissionalmente despretensioso de sua carreira.

Enio Vermelho Jr.

Tulipa não é uma grande estrela, mas será. Como disse um amigo, ela ainda se surpreende, por exemplo, com o retorno da plateia. O que aconteceu já na quinta música, quando soltou um sincero “olha só, que incrível!” depois de todo o teatro se colocar de pé.

Divulgando Tudo Tanto, segundo disco da carreira, a paulistana arrebatou o público em um show crescente. O clima era ótimo. Tulipa canta ao lado do irmão Gustavo Ruiz e do pai Luiz Chagas, ambos guitarristas, o que cria um ambiente naturalmente agradável. Marcio Abrantes (baixo) e Caio Lopes (bateria) completam o time que dá todo o espaço à diva da Nova MPB. E ela o aproveita muito bem.

Tulipa tem, digamos, uma voz bem-humorada. Além de muito afinada e ousada (os estranhos e incríveis gritos em “Like This” arrancaram aplausos espontâneos), ela brinca, em quase todas as músicas, com vocalizes que já se tornaram uma de suas marcas registradas.

O clima leve, amistoso, vem desde seu primeiro disco, o elogiado Efêmera, mesmo nome de seu maior hit, cantado em coro no fim do show. No encarte, há ilustrações de tulipas, criadas por amigos como Marcelo Jeneci, Thiago Petit, Tatá Aeroplano e Rômulo Froés.

Enio Vermelho Jr.

Essa rapaziada é conhecida como “os novos paulistas”, e bebe muito da sonoridade de movimentos como Tropicália e Clube da Esquina, musicalmente o lado mais perceptível em seu show. A ótima “Quando eu Achar” e a delicada “Ok” são emblemáticas nesse sentido.

Mas tudo mudou em “Víbora”. A Tulipa que entrou no palco encarnou uma sexy soul girl. Foi tudo meio denso e profundo, graças também à guitarra lancinante do Seu Chagas.

Tulipa ainda brincou com seu sobrenome, o mesmo de Alice Ruiz, ex-mulher de Paulo Leminski. “Gente, meu pai não é o Paulo Leminski. E minha mãe se chama Graziela. A Estrela [Leminski] está aí? Vou mandar um ‘WhatsApp’ pra ela.” Sim, Tulipa é moderna.

Por essas e outras, o show que fez no Sesc de Curitiba será lembrado daqui a algum tempo. Porque Tulipa irá permanecer. E, espera-se, como fez até aqui: se divertindo.

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