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<b>Bélgica: há 224 dias sem governo</b>
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Wikimedia Commons
Palácio Real De Bruxelas: especialistas temem que o vazio governamental deixe espaço para um novo levante monárquico absolutista no país. A Bélgica é uma monarquia constitucional, popular e uma democracia parlamentar com um parlamento bicameral federal, composto pelo Senado e pela Câmara dos Deputados.

A Bélgica vive um momento político que é considerado por muitos analistas internacionais como, no mínimo, absurdo. O país completou neste domingo (23) 224 dias sem governo. A nação está sendo comandada por um governo provisório desde as eleições de junho do ano passado – quando disputas entre representantes das comunidades de língua francesa e flamenga do país mergulharam a Bélgica num impasse político com poucos precedentes na história contemporânea europeia.

Apenas a Holanda – em todo o continente europeu – permaneceu quase tanto tempo sem a definição de um governo. O episódio ocorreu em 1977, quando o país permaneceu 208 sem um comando estabelecido.

O impasse belga tomou contornos mais ásperos na quarta-feira, depois que os democratas-cristãos flamengos (CD&V) e os independentistas da Nova Aliança Flamenga (N-VA) recusaram retomar as negociações sobre uma nova reforma do Estado.

O resultado desse clima de incertezas políticas criadas na Bélgica, porém, não poderia ser outro. Indignados com a falta de decisão do governo em relação ao impasse, cerca de 15 mil belgas saíram às ruas de Bruxelas, neste domingo, para protestar contra a atual situação do país. os protestos foram convocados por cinco estudantes, entre eles quatro flamengos, através da internet. A manifestação já recebeu – merecidamente, dizem os analistas – o título de “Marcha da Vergonha”.

Histórico

Os flamengos representam cerca de 60% dos quase 11 milhões de habitantes do país. Eles querem uma autonomia reforçada para sua região, especialmente nas áreas fiscal, judicial e social. Por outro lado, os representantes da comunidade de língua francesa buscam limitar a descentralização, pois temem perder as transferências financeiras que recebem da parte flamenga.

A Bélgica assiste, há décadas, as disputas e o gradual acirramento dos ânimos entre flamengos e francófonos. O problema é que as diferenças entre esses dois povos – que vivem sob as fronteiras de um mesmo país – têm se tornado mais visíveis com o passar dos anos. Agora, só resta aos dois lados voltarem à mesa de negociações e retomar as conversas, abandonadas com facilidade por flamengos ou francófonos ao menor sinal de não convergência das opiniões.

Sem dúvida, é hora de buscar uma solução para esse impasse histórico que não apenas prejudica o desenvolvimento social e político do país, como também impede que a Bélgica reaja positivamente ao estagnamento econômico que a assola – assim com à boa parte da União Europeia – desde 2008 .

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