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O Guardian encarou as manifestações no Brasil como eventos surpreendentes em um país “louco por futebol”. O jornal inglês, com o correspondente Jonathan Watts no Rio de Janeiro, destacou as cenas de violência que marcaram os eventos públicos. “Torcedores correndo de balas de borracha, ruas bloqueadas por multidões furiosas, bandos arremessando pedras, placares da Copa das Confederações sendo destruídos e queimados no meio dos protestos”, reportou Watts. “Essas são cenas improváveis em um país louco por futebol e são a última coisa que os organizadores da Copa do Mundo gostariam de ver no Brasil.” Ele destacou ainda que o esporte favorito da população virou alvo das maiores manifestações ocorridas no país em décadas.

A Revolta do Vinagre

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A jornalista e escritora brasileira Vanessa Barbara escreveu um artigo para o jornal The New York Times sobre a “Revolta do Vinagre” no Brasil, numa referência ao homem que foi preso em São Paulo por portar uma garrafa de vinagre, tido como uma forma de minimizar os efeitos do gás lacrimogêneo. No texto, publicado na última sexta-feira, Vanessa defende que as manifestações brasileiras podem parecer tolas e ineficazes – como garrafas de vinagre contra bombas de gás lacrimogêneo. “Mas nós temos o direito de ser ineficazes e tolos – nós ainda estamos aprendendo como protestar”, afirmou.

“A principal questão por trás da insatisfação [dos manifestantes] é que os brasileiros ainda estão se acostumando à democracia. Duas décadas de ditadura militar violenta terminaram oficialmente apenas em 1985. Ainda contamos com uma força policial militar para manter a ordem pública. Nós ainda sentimos medo dela. É por isso que esses protestos são tão importantes.”

Vanessa Barbara, jornalista e escritora brasileira, em texto para o jornal The New York Times, publicado na última sexta-feira.

NYTimes

O New York Times vem dedicando uma cobertura extensa para os protestos no Brasil. Em reportagem publicada na sexta-feira, os correspondentes em São Paulo (Simon Romero e William Neuman) explicaram que as revoltas têm origem nos bilhões de dólares gastos em estádios de futebol em detrimento de necessidades básicas como educação e saúde. “Um número cada vez maior de manifestantes está pedindo aos fãs [de futebol] do mundo todo que façam o que antes parecia impensável: boicotar a Copa do Mundo de 2014 no Brasil”, publicou o jornal, que falou também como Pelé e Ronaldo foram criticados por não apoiar as multidões.

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