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O famoso ator Wagner Moura lança hoje na 69ª edição do Festival de Berlim,  seu filme “Marighella”, que marca também sua estreia na direção.

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Moura, bastante conhecido internacionalmente (graças inclusive ao Pablo Escobar que protagonizou duas temporadas de “Narcos”)  retorna à Berlim, onde esteve como ator em três filmes: Tropa de Elite (2008), com o seu retrato do Capitão Nascimento e que ganhou o Urso de Ouro; Tropa de Elite 2 (2011) e Praia do Futuro (2014)  de Karim Aïnouz que também concorreu ao Urso.

O filme – que foi selecionado para a mostra oficial –  terá première mundial hoje à noite (15.02), em sessão de gala,  fora de competição, no suntuoso Berlinale Palast, o cinema mais sofisticado da cidade.

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Com locações na Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, o longa é uma cinebiografia sobre o guerrilheiro baiano Carlos Marighella  (1911-1969), que lutou contra a ditadura militar. Morto numa emboscada  em 1969,  Marighella criou o grupo de guerrilha urbana ALN (Ação Libertadora Nacional), comandou greves e foi detido por escrever poemas políticos.

Moura  e Felipe Braga escreveram o roteiro a partir da biografia homônima do jornalista Mario Magalhães (O Guerrilheiro que incendiou o Mundo, Companhia das Letras, 2012)

Seu Jorge – que interpreta Marighella – lidera o elenco que conta ainda com Adriana Esteves, Bruno Gagliasso e Humberto Carrão.

Na coletiva que se seguiu à sessão prévia para a imprensa, Moura – que foi recebido com aplausos para ele e sua equipe – disse que ficou feliz de ter feito o filme, mas ele não é uma resposta a nenhum governo em particular.

“È maior do que isso. Mas claro que qualquer obra de arte precisa ter um diálogo com seu próprio tempo. Então o modo como o filme será recebido no Brasil não pode ser desvinculado da realidade atual”, ressaltou acrescentando que é também uma trama sobre resistência.

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O ator contou  que há tempos tinha o desejo de levar a história do seu conterrâneo ao cinema, mas ressalva que “Marighella”  não é um apenas sobre os anos 60, é também sobre o agora.

“E não é um documentário ou sobre caras bons contra caras maus. É um filme sobre a história do meu país”, complementou  ressalvando que se considera propriamente um diretor.

“Sou um ator que fez um filme, mas certamente quero repetir a experiência algum dia. Essa parte de estar no set, trabalhar o roteiro, definir a linguagem e inspirar as pessoas a ver o mesmo que você, etc. foi desafiador”, revelou.

Falando sobre as dificuldades de financiamento, lembrou  que não é fácil conseguir recursos no Brasil para qualquer projeto que seja controverso.

“Foi difícil financiar um filme sobre um guerrilheiro visto como revolucionário por um lado e como terrorista do outro.  ”, afirmou.

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Seu Jorge, por sua vez, disse que Marighella é um filme que fala da luta pela liberdade e pelo progresso e das lutas em geral do povo brasileiro marcado pela superação.

“Fiquei muito orgulhoso de ter feito o filme.  Me preparei muito, li o livro que foi escrito sobre ele e outros.  O desafio de recontar esta parte da história do Brasil significou muito para mim”, afirmou o ator, que também integrou o elenco de Tropa de Elite 2, mostrado na Berlinale.

O ator Bruno Gagliasso se emocionou – e a muitos da plateia – ao falar da filha Titi  que ele e a mulher Giovanna Ewbank adotaram. (como é sabido, Titi é uma menina negra).

“Fiz esse filme com amor, ele é importante também para o futuro da minha filha”, destacou.

Ainda não está definida a data de lançamento de “Marighella” no circuito brasileiro, mas Moura espera que não demore.

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“Quero lança-lo logo no Brasil, exibir na Bahia – passar o filme em áreas pobres…”, detalhou  Moura,  de 43 anos que, pela boa receptividade da crítica à sua estreia na direção tem uma promissora nova carreira pela frente.