Além da surpresa com a atrocidade e a quantidade de vítimas nos atentados na Noruega, uma das principais observações que se faz sobre os acontecimentos é o fato de terem ocorrido em um país tão tranquilo, com baixos índices de criminalidade.
O mundo ocidental se acostumou a suspeitar de radicais islâmicos e, quando ocorrem explosões, estes são os primeiros a serem lembrados. As investigações na Noruega não estão concluídas e até se chegou a levantar a hipótese de que a explosão no prédio do governo fosse uma retaliação da Al Qaeda à presença de tropas norueguesas no Afeganistão. Mas, pelo menos na ilha Utoyea, o atirador Anders Behring Breivik, quebrou a expectativa de quem esperava um barbudo terrorista, com traços de árabe.
O moço boa pinta lembra à Europa e ao mundo que intolerância pode surgir em qualquer lugar, de qualquer tipo de pessoa. Era um norueguês atirando contra noruegueses, na tranquila Noruega. Se todos a princípio são tão parecidos por serem louros e de olhos claros, diferenças políticas (Breivik se declarou de extrema direita, oposição aos jovens do Partido Socialista que estavam reunidos na ilha) e principalmente falhas graves na formação de caráter de um homem o levam a disparar contra seus conterrâneos.
Não ouso aqui sugerir soluções simplistas para o combate a essas ações que não têm justificativa em qualquer lugar do globo. O que importa agora é lembrarmos que não valem a pena as “guerras contra o terrorismo” de um lugar só. A batalha é contra qualquer cultura, ideologia ou obsessão que leve a atrocidades, seja derrubar prédios com aviões ou sair dando tiros por uma ilha. E a Europa que se cuide, se as novas ondas de xenofobia e desprezo aos estrangeiros não forem encaradas, muitos outros monstros com ar de príncipe podem surgir.