Tem uma coisa que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula sabe fazer muito bem: estabelecer a sua narrativa da política brasileira. O conto do momento é que o de que ele planeja ser candidato a presidente em 2018 e o juiz Sergio Moro tenta evitar que o PT retorne ao poder.
Petistas já consideram Lula fora do páreo, mas ele desautorizou seus pares divulgar rumores sobre outro candidato ou sobre uma possível chapa com Ciro Gomes. A ordem é espalhar que Lula é a única opção para a eleição do ano que vem.
Mas Lula não quer ser candidato. Disputar a eleição seria terrível para ele porque nenhum resultado é satisfatório. Se perder, será um vexame. Em 2015, Lula deixou revelar que tem medo de acabar como Brizola na eleição de 1994, que ficou em quarto lugar e perdeu até para Enéas Carneiro. Mesmo se ficar em segundo lugar, será desautorizado pelo povo numa eleição direta.
Se ganhar, pior ainda. Todos os holofotes se virarão para seus escândalos e os do seu partido, que já é uma terra arrasada de presos, processados e acusados de corrupção. Lula viverá mais quatro anos do inferno de demandas populares, crise econômica e delações da Lava Jato. Será uma figura apagada e envergonhada em conferências internacionais. Com pouca força no Congresso, correrá o risco enfrentar processo de um impeachment como Dilma. Não: Lula não quer se candidatar e muito menos ganhar a eleição.
Lula deve torcer, neste momento, para que o Tribunal Regional Federal o livre da pena de prisão mas o mantenha inelegível. Assim poderá desfrutar a aposentadoria em calma e continuar dando discursos inflamados na sede do PT em São Paulo. Dirá que foi vítima de uma conspiração judicial e que o povo brasileiro foi impedido de exercer sua livre escolha e reelegê-lo presidente da República.
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