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Entre as nações mais estranhas e exóticas do planeta se destaca o Masoquistão, a terra dos masoquistas. A população desse país rejeita pessoas e empresas que lhe trazem conforto e nutre um fetiche por serviços públicos que causam dor, sofrimento, agonia e longas filas de espera. Esse comportamento se manifesta principalmente na questão da privatização das 129 empresas estatais do Masoquistão.

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Um importante serviço de pesquisas daquele país revelou recentemente que quase 70% dos masoquistenses se opõem à privatização. Sentem um tédio terrível quando são servidos por garçons simpáticos e atenciosos e por vendedores sorridentes de lojas baratas, ou quando ganham uma redução na mensalidade do telefone celular.

Mas são tomados por uma perturbadora satisfação quando se decepcionam com os serviços públicos mais essenciais, como a polícia ou a conservação de estradas. Mordem os lábios de prazer ao encontrarem cartazes como este: “Ofender funcionário público: seis meses de detenção”.

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“É disso que precisamos!”, dizem os líderes do Masoquistão diante dessas mensagens ou diante da calamidade das escolas e hospitais públicos. A maior parte dos cidadãos dessa nação sabe muito bem que, sem estatais e muitos serviços públicos precários, sua dose de agonia seria sensivelmente diminuída. Do ponto de vista antropológico, portanto, é perfeitamente racional que eles sejam contrários ao fim das estatais.

Os políticos do Masoquistão são particularmente conhecidos por usar as empresas públicas da pior forma possível. Nomeiam afilhados políticos para cargos de direção, cobram propinas de empreiteiras e causam rombos enormes nas contas das empresas. Ocorreram nas estatais do Masoquistão alguns dos piores casos de corrupção da história do mundo.

O que fazem os masoquistenses diante desses escândalos? Defendem que os políticos continuem mandando nas empresas, é claro!

O governo dessa estranha nação vem enfrentando uma grave crise fiscal, ou seja: não consegue gastar menos do que arrecada. Para agravar esse problema, os masoquistenses contam com a ajuda das empresas estatais, que na soma geral dão mais prejuízo que lucro aos cofres públicos. Só nos últimos cinco anos, causaram um rombo de 10 bilhões de dólares, devidamente pago pelos contribuintes locais.

Vender as estatais ainda aliviaria a dívida do Masoquistão, o que poderia atrair investidores, gerar empregos e enriquecer as famílias. Mas os masoquistenses têm horror a imagens de famílias felizes tomando sorvete na praia, viajando de avião ou inscrevendo os filhos em colégios particulares. Por isso lutam para eliminar qualquer chance de prosperidade.

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É verdade que nem todos os habitantes gostam de sofrer ou apoiam o prosseguimento dos estatais. Mas esses formam uma minoria tímida e silenciosa. Até mesmo os políticos que defendem privatizações evitam o assunto – mantêm suas opiniões em segredo para não perder eleitores. Ninguém no Masoquistão tem coragem de contrariar um costume nacional tão tradicional quanto a vontade de sofrer.