O apoio da direção nacional do PSOL à ditadura venezuelana causou um racha no partido. A executiva do Rio de Janeiro emitiu uma nota ontem desautorizando a posição da Secretaria de Relações Internacionais em apoio ao governo Maduro.
Segundo a nota do PSOL-RJ, “Maduro comete cada vez mais atrocidades autoritárias, como suspender eleições, impedir legalização de partidos, prender oposicionistas, ordenar repressão brutal de manifestações, com mais de 100 mortos nas ruas desde o início do ano”.
Até aí tudo bem. Mas foi um solavanco ler que, para os fluminenses do PSOL, “Maduro leva adiante uma política econômica desastrosa e nada ‘esquerdista”.
Não, nada esquerdista. Chávez e Maduro governaram em parceria com Fidel Castro, que, como vocês sabem, não é um herói da esquerda mundial.
Nacionalizaram empresas privadas – uma atitude claramente de direita, afinal a esquerda sempre defendeu a privatização e a propriedade privada.
Chávez expulsou empresas americanas e baniu a Coca-Cola zero, esse líquido negro do socialismo mundial!
A política econômica da Venezuela é inflacionista. Como o governo gasta mais do que arrecada, precisa imprimir dinheiro para pagar suas contas. E inflacionismo é basicamente uma postura de direita, afinal a esquerda sempre defendeu a responsabilidade fiscal e os cortes de gastos.
Agora sem ironia: é sempre assim. Quando o líder de esquerda se revela um tirano desastrado, automaticamente ele deixa de ser de esquerda. “Sempre o considerei um direitista”, diz o rapaz socialista tentando ignorar a posição que tinha meses atrás. “Mais um que deturpou Marx!”
Lenin, Stálin, Mao, Fidel Castro, Mengistu: para o PSOL-RJ, esses líderes são todos da direita. Esquerda, para eles, é dar certo; dar errado é coisa da direita.