Como toda religião, o ambientalismo tem um pecado original (a emissão de carbono), exige autossacrifícios dos fiéis e convence os leigos aterrorizando-os com visões do Apocalipse. Crentes do aquecimento do planeta afirmam que em poucas décadas o gelo dos polos desaparecerá, os mares invadirão a terra e mil pragas e desastres naturais serão lançados sobre os pecadores.
É difícil discutir o que acontecerá no futuro – teríamos que esperá-lo chegar para saber quem estava certo. Mas para alguns modelos climáticos o futuro já chegou – sem o Apocalipse que os ambientalistas prometeram.
“Verões do Ártico não terão gelo em 2013”, disse a BBC de dezembro de 2007. A reportagem se baseava num modelo climático criado pela União Geofísica Americana com apoio da Nasa. Bem, já estamos em 2017 e a área da calota polar tem 12 milhões de quilômetro quadrados – quase uma vez e meia do território do Brasil.
“Neve que cobre o Kilimanjaro deve acabar totalmente até 2015”, cravou uma pesquisa da Universidade de Ohio em 2002, divulgada por muitos jornais e revistas. O americano Al Gore repetiu esse alarme no documentário “Uma verdade inconveniente”, de 2006. Bem, estamos em 2017 e o ponto mais alto da África continua cheio de neve e cercado por glaciais.
“Ilhas da Polinésia desaparecerão até 2015”, Moradores das Ilhas Carteret, no Papua Nova Guiné, chegaram a realocar sua comunidade com medo que a previsão dos ambientalistas se confirmasse. Os arquipélagos de Tuvalu e Kiribati também estariam ameaçados. Mas ainda estão lá. Um estudo da Universidade de Auckland analisou o território de mais de 600 ilhas de corais da Polinésia e concluiu que 80% delas mantiveram a área original ou aumentaram de tamanho; 20% mostraram alguma redução.
“Bilhões de pessoas morrerão com o calor; a vida só será possível nos polos”, disse o influente ambientalista James Lovelock, autor de A Vingança de Gaia. Essa visão assustadora ainda tem prazo de validade: Lovelock disse que a Terra se transformaria num inferno até o fim deste século. Mas o próprio ambientalista, numa entrevista de 2012, voltou atrás em seus vaticínios. Disse que seus livros tinham uma boa dose de alarmismo e que seu pessimismo não se confirmou.
Existem questões ambientais urgentes: a poluição dos oceanos, a extinção de grandes vertebrados, a poluição das cidades. Ainda não dá para ter certeza que o aquecimento global causado pelo homem é uma dessas questões ou se é apenas uma amostra de uma tendência humana a se aterrorizar com o Apocalipse.