Condenar um ex-presidente não é para qualquer um. Não é qualquer país que tem liberdade e democracia suficientes para se prender um homem tão poderoso. A condenação de Luiz Inácio Lula da Silva não é obra apenas do juiz Sergio Moro, mas uma prova da força das instituições brasileiras.
Veja: até poucos anos atrás, o homem era o imperador do Brasil. Terminou o mandato com 86% de aprovação, elegeu e reelegeu a sucessora. Tinha em sua mão empreiteiros, banqueiros, empresários, uma larga maioria dos políticos. “Esse é o cara”, disse Barack Obama sobre Lula na reunião do G-20 de 2009. “É o político mais popular da Terra.”
E, no entanto, esse “cara” está prestes a ser preso pela Justiça Federal.
Eu já disse uma vez e repito: a Lava Jato, apesar de um ou outro problema e exagero, me fez ter orgulho de ser brasileiro. Enquanto os escândalos de corrupção estão levando muita gente a ter vergonha do Brasil, eu sinto orgulho, orgulho de um país onde as instituições funcionam.
Tenho orgulho de viver num país em que políticos da esquerda, do centro ou da direita se desesperam com investigações e acusações.
Tenho orgulho de viver num país que trata políticos, bilionários e poderosos como criminosos comuns.
Tenho orgulho de ver empresas e empreiteiras criminosas pagando multas, enfrentando processos de falência e pedindo desculpas aos brasileiros.
E tenho um orgulho enorme de imaginar que, em poucos meses, Lula passará noites frias no Complexo Médico Penal, no Paraná, em companhia de Eduardo Cunha e outros criminosos de corromperam a democracia e o capitalismo do Brasil.