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"Ensina-me, Senhor, a ser ninguém./ Que minha pequenez nem seja minha". João Filho.

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A “tentativa de conversão” de Alexandre de Moraes: uma história real e admirável

Conversão Alexandre de Moraes
Jovem Anônimo entrega um terço e um Escapulário Verde para o ministro Alexandre de Moraes. (Foto: Reprodução/ Twitter)

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O caso dividiu cristãos. Um jovem, membro do Grupo São Frei Galvão da Faculdade de Direito da USP e aluno do homem mais poderoso do Brasil, Alexandre de Moraes, deu a ele um terço e um Escapulário Verde. O jovem, que pediu para não ter o nome divulgado, anunciou os preparativos dias antes. Comprou o terço, pediu para um padre abençoá-lo, se confessou. E lá foi ele, humilde e respeitosamente, tentar transformar Alexandre num seguidor de Cristo.

Pelo registro em vídeo, dá para ver o jovem pegar o terço e o escapulário do bolso e, um tanto quanto nervoso, entregar ao ministro. Para a surpresa de muitos, inclusive a minha, Alexandre é até simpático ao receber o presente. “Opa, obrigado!”, diz ele, parando para reparar em algum detalhe e fazendo um comentário inaudível. O ministro, então, volta a arrumar os papéis e o vídeo acaba abruptamente.

Mas por que o gesto tão simples (embora enganadoramente banal) dividiu os cristãos? Não sei e talvez você me ajude a entender. Uns poucos que não gostaram do gesto (que a meu ver é admirabilíssimo e de extrema caridade) criticaram o exibicionismo do jovem. Oquei. Talvez essa seja uma crítica válida. Mas o principal “argumento” para se reagir negativamente ao gesto me soou estranho: a suposta inutilidade do presente e da “tentativa de conversão” do ministro.

Para esses críticos furiosos, Alexandre de Moraes seria inconvertível. Seria um homem danado (no sentido faustiano do termo). Seria alguém imune à misericórdia e à Graça de Deus. Daí porque eles, os detratores do Jovem Anônimo, trataram o gesto com o desprezo e o escárnio típicos das redes sociais. “Quem esse carinha aí pensa que é para tentar converter o diabo?”, perguntou alguém.

Por falar nisso...

Mas se é tão inócuo o gesto, por que ele incomoda tanto? – fiquei me perguntando depois de assistir ao vídeo umas dez vezes. E, como não custa nada mesmo, fiquei imaginando o que aconteceria se o Escapulário Verde milagrosamente transformasse o hoje impiedoso e – por que não? – perverso ministro num homem conhecedor de suas fraquezas e limitações. E, além de tudo, temente a Deus!

Perdi uma boa meia hora nessas fantasias, quando então me vi soterrado por mais e mais dúvidas. Será que estamos preparados para testemunhar uma mudança desse tipo – e ainda mais numa figura pública dessa importância? De que forma a conversão de Alexandre de Moraes mexeria com a fé das pessoas? E aqui me refiro tanto às vitimas diretas do atual regime de terror alexandrino quanto àqueles que, por causa do arbítrio ideologicamente tendencioso, perderam a confiança na Justiça dos homens.

Infelizmente (e bota infelizmente nisso!) acho que Alexandre de Moraes se esqueceu do terço e do escapulário tão rápido quanto possível. Posso até imaginá-lo chegando em casa e dizendo que “a extrema direita fanática e fascista" tentou convertê-lo. Que absurdo! Mas também sou capaz de imaginá-lo pondo a cabeça no travesseiro e, por causa do terço e do escapulário, se lembrando por um instante do homem bom que já deve ter sido um dia, antes de se deixar corromper pelo orgulho. Antes de se deixar levar por alguma oferta mefistofélica que lhe prometeu a divindade em troca de uns inquéritos ilegais, umas censurazinhas, umas prisões no atacado. Enfim, o combo todo que o leitor já conhece.

Consigo vê-lo entretido com essas lembranças ligeiras e piegas, aqui e ali temperadas com algum resquício da catequese. Talvez com a Parábola do Filho Pródigo (Lucas 15:11–32). Imagina só! Até que o sono o envolve e, no dia seguinte, Alexandre de Moraes calcula o risco jurídico e político de se converter, de reconhecer sua pequenez, de se ajoelhar diante de Deus. E desiste. Mas pelo menos o Jovem Anônimo tentou. Você, por outro lado, já rezou pela alma de seus inimigos hoje? Nem eu. Por falar nisso...

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