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Calma. Vamos dar ao leitor que lê apenas o título e já sai por aí gritando um veredito a oportunidade de me xingar de tudo e mais um pouco na caixa de comentários. (Vai e corre lá para começar a semana desopilando esse seu fígado cansado, amigo!). E torçamos para que ele volte um pouco mais calmo e oxalá disposto a entender por que o ex-presidente Jair Bolsonaro, nesse caso envolvendo ajudante de ordens e joias e advogado com cara de barnabé e ministro careca e jornalistas militantes, é indefensável. E é.
É indefensável porque é impossível defendê-lo, ora! Não há qualquer lógica ou raciocínio jurídico capaz de infundir alguma racionalidade na discussão em torno do caso. Deste ou qualquer outro envolvendo as letra b, o, l, s, n, a e r. Esse processo tem capa! Quem ama o considera inocente de tudo e quem odeia Bolsonaro o considera culpado – também de tudo. Questões como “bens personalíssimos” e “pesca probatória” são debatidas aos berros. “Devido processo legal” e “presunção da inocência” viraram relíquias de um tempo em a Justiça buscava ser justa. Ou fingia melhor do que hoje.
Também é impossível defender Bolsonaro porque hoje, mais do que nunca, qualquer um que se levante para apontar incongruências processuais ou abusos de poder será marcado a ferro e fogo com a pecha de “bolsonarista”. Uma pecha pior do que a de leproso lá nos velhos tempos. No ambiente de puritanismo ideológico em que vivemos, duvidar da “culpa a priori” (não confundir com a Prioli) de Bolsonaro nesse caso escabrosamente irrelevante equivale a confessar crimes imperdoáveis. No tresloucado caso das joias, por exemplo, você será chamado de “relativista”, “fanático” ou simplesmente “burro” só por perguntar: tá, mas onde é que está o dano que justifique uma prisão?
Para finalizar esta primeira parte, digo que Bolsonaro é indefensável por causa do Lula. Do Lula? Como assim do Lula?! É, do Lula. Porque sempre que você vai apontar alguma incongruência nesse processo todo que teoricamente culminará na prisão do ex-presidente, surge algum espertinho, com aquele sorrisinho cínico no canto da boca (sabe aquele?), para dizer: fizeram o mesmo com o Lula. E aí até você explicar que não é o mesmo, já era.
Mesquinharia
Mas tem um outro importante motivo para o ex-presidente Jair Bolsonaro ser indefensável. Um motivo que vou expor aqui em forma de pergunta porque os pontos de interrogação e exclamação conferirão a ele, o motivo, um quê de ridículo. E é ridículo mesmo! Patético. Vamos lá: como é possível que alguém seja tão estúpido e mesquinho (a palavra é essa: mesquinho) a ponto de vender uns relógios por uma ninharia relativa e, assim, dar margem à narrativa da esquerda, que estava lá, no canto dela, sorrateiramente, como lhe convém, só à espera do mínimo deslize para sair por aí dizendo que Bolsonaro é mais corrupto que o Lula?! (Percebe a ironia aí?).
Não bastava ter passado quatro anos sendo xingado de fascista, genocida, golpista e depois fascista de novo? Não bastava a famigerada “declaração à nação brasileira”? Não bastava a derrota que evidentemente contou com uma ajudinha ixperta do TSE? Não bastava o silêncio pós-eleitoral constrangedor que deu esperança infundada a milhares de pessoas que acabaram presas? Presas! Não bastava a vergonhosa viagem aos Estados Unidos? Não bastava o “perdeu, mané”? Não bastava a inelegibilidade?
Aparentemente, não. Para Bolsonaro e seu séquito, a humilhação tem que ser completa e culminar com um martírio voluntário que não é só do ex-presidente, da ex-primeira-dama, de uns poucos generais e da corte lealíssima. Aquela da polêmica fé inabalável. Não! É o martírio de toda uma multidão (chame de “direita”, se quiser) que viu no jeito simplão, tosco, espontâneo e autêntico de Bolsonaro uma esperança na luta contra o maquiavelismo sofisticado, espertão, cafonamente elegante e inquestionavelmente dissimulado do petismo. E tudo por um dinheiro que não paga nem um triplex no Guarujá.
Enquanto isso, a esquerda segue fazendo o seu trabalho de destruição moral e econômica do Brasil. Lula comprou parte da “oposição, oh!, conservadora”, que se vendeu facinho, facinho. Os ministérios estão por aí, promovendo Paulo Freire num dia e declarando os efeitos terapêuticos da umbanda no outro; defendendo bandidos aqui e nomeando incapazes em cargos fundamentais acolá. Isso sem falar no STF, que legitima a palhaçada toda com a ajuda dos cãezinhos amestrados da imprensa. Entendeu agora por que Bolsonaro é mesmo indefensável? Espero que sim, porque não gosto de terminar texto com pergunta. Sou desses.