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Polzonoff

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"Ensina-me, Senhor, a ser ninguém./ Que minha pequenez nem seja minha". João Filho.

Então é Natal!

Consegui amar a Janja um pouquinho

Janja
O submisso-em-chefe Lula dá um beijo na primeira-hackeada Janja. (Foto: Agência Brasil/ Canal Gov)

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Como era de se esperar, a primeira-hackeada Janja apareceu ao lado do submisso-em-chefe Lula e usou o episódio da invasão da sua conta no Twitter para propor censura e taxação das redes sociais. Porque é só na base da truculência e do parasitismo que essa gente sobrevive. Janja aproveitou o episódio para dizer que, oh!, sofreu horrores durante uma hora e meia. Por fim, dando testemunho de sua lamentável ignorância, Janja disse que Elon Musk “ficou muito mais milionário” durante esses noventa minutos. À custa dela, Janja. Hahaha.

Se fiquei com raiva? Claro que fiquei. E vou além: fiquei com nojinho. Para o escritório vazio perguntei como era possível. Mas as palavras que compunham minha pergunta patética se lançaram covardemente pela janela. Fiquei ali, paralisado, a boca retorcida como se tivesse bebido litros de limonada. Sem açúcar, muito menos afeto. Era como se aquela cena me humilhasse. Como se Janja esfregasse na minha cara as muitas medalhas e troféus da esquerda. De vitórias conquistadas na base da trapaça. Era como assistir a um trem descarrilhando. Só que minha família, meus amigos e a Catota estavam dentro desse trem.

Aí me dei conta de duas coisas. A primeira, mas não a mais importante, é que a política contemporânea (e aqui sou obrigado a vestir a fantasia de isentão para dizer que o fenômeno é epidêmico tanto na esquerda quanto na direita) vive de explorar esse tipo de reação negativa. Vive de despertar em nós raiva e nojo. Vive de nos provocar uma revolta que não é só contra o óbvio & palpável, isto é, contra o governo Lula, que trouxe essa laia a reboque. Não! A esquerda vive de nos provocar uma revolta que é uma revolta contra Deus e a imagem simplória, mais-que-imperfeita que fazemos da justiça e dos desígnios Dele.

Uau! Isso saiu mais profundo do que o planejado. Mas é isso mesmo. Repare como, diante de mais um descalabro da esquerda, desta vez o descalabrinho de Janja ter dito algo que só faz sentido na lógica umbigocêntrica dela, nossa reação costuma ser a de pressupor algum castigo divino, quando não uma lógica perversa na Justiça celestial. Não sei se é algo calculado e tendo a achar que não, mas repare: cada escândalo, cada estupidez, cada contradição, cada hipocrisia e cada malandragem da esquerda parece feita sob medida para nos tirar a Esperança. Assim, com “e” maiúsculo mesmo.

Tempo desperdiçado

Dizia eu, porém, que tinha me dado conta de duas coisas. E, como costuma acontecer nesses casos, me esqueci. Mas dei três pulinhos, pedi a São Longuinho e, ah, lembrei! Me dei conta ainda de que esse tipo de factoide, do hackeamento à vitimização de Janja, e de suas prováveis consequências, como a censura nas redes sociais, tem como propósito atrair nossa atenção e, assim, nos distrair do que realmente importa. Confessa, vai. Quanto tempo você perdeu indignado com a Janja nos últimos dias? Tempo que poderia estar empregando em algo melhor. Incluindo o combate racional e eficiente contra Lula & esses petistas aloprados, mas não só.

Pensei aqui em todo o tempo que já perdi me deixando consumir por Janjas e quetais. Agora mesmo.  Eu bem poderia estar escrevendo sob o impacto positivo que me causou a leitura tardia de “O Menino Maluquinho”, mas... Janja e quetais. Poderia estar propondo a pergunta: George Bailey (o protagonista de “A Felicidade Não Se Compra”) é um homem santo? Mas... Janja e quetais. Ou poderia estar acariciando a Catota, rindo com a minha mulher, ensinando bons valores para o meu filho. Mas... Janja e quetais.

Espírito natalino

O que me traz ao que vou chamar de milagre e que ocorreu ainda agorinha há pouco, enquanto escrevia o parágrafo anterior. É que assim, sem mais nem menos, ao assistir pela quarta ou quinta vez a Janja falando groselha ao lado de Lula, o maior groselhador deste país, reparando nas caras e bocas, nos gestos, nas palavras usadas e até na opacidade do olhar, vi estampadas nesses personagens todas as misérias deles. Tive pena. E, por um átimo, fui capaz de amá-los.

Porque as misérias deles são também as nossas. Só que a gente, por temor e amor a Deus, se controla. Ou tenta se controlar. Estou falando dessa necessidade de ser o centro das atenções. Da ambição de estar no poder. Da soberba de estar com a razão. O tempo todo. Do sonho de uma vida fútil que preencha os ocos da alma. Da arrogância de querer mudar o mundo ou, pior, de desejar que o mundo fosse outro, mais agradável e justo, de acordo com nossos parâmetros. E, de preferência, sem muito esforço.

Nisso tudo, Janja, Lula, Moro, Bolsonaro, Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Luísa Sonza e Taylor Swift não são assim tão diferentes de nós. Só que, correndo o risco de soar repetitivo, a gente se controla. Ou tenta se controlar. Por amor e temor a Deus. A gente reconhece os erros e se arrepende – nem que leve um tempo. A gente tenta ser melhor e não cede à primeira tentação que aparece pelo caminho. A gente não se vende, não se troca nem faz qualquer negócio para ganhar o mundo. Né?

E foi assim que, por um instante, consegui amar, amar sinceramente Janja e tudo aquilo que essa personagem triste evoca: desejando-lhe o bem. Desejando que ela e seu entorno um dia entendam que de nada vale ganhar o mundo e perder a alma. Que esse poderzinho que ela tem hoje se esvairá em breve. Que um dia ela voltará ao pó e seu nome será esquecido. Deve ser o espírito natalino. Sei lá.

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