Na “Animal Farm” em que se transformou o Brasil sob o governo petista, quem está feliz com a obsessão desarmamentista é o sr. Javali. “Óinc, óinc”, disse ele, exultante. Tudo porque a deputada e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, veio a público propor (segure o riso!) que o controle da espécie invasora, atualmente feita por CACs munidos de armas devidamente registradas, seja feito pelo Estado.
Como se sabe, o Estado é um excelente provedor de serviços. Que o diga o presidente de vocês, Lula, que nos próximos dias vai operar o quadril num hospital do SUS. Ah, não? Ele vai ser operado no Sírio-Libanês? Que coisa. Devo ter errado de país. Mas, como eu ia dizendo, o Estado é um excelente provedor de serviços. E por isso a Javalibras tem tudo para dar certo. Tão certo quanto a Googlebras
O governo só precisa mandar a Odebrecht construir uma sede suntuosa e nela botar os melhores nomes e mais um monte de aspones. Sugiro, aliás, o professor e futuro presidente do IBGE, Márcio Pochmann, para a presidência. Criativo e heterodoxo como é, aposto que Pochmann consegue acabar com a praga de javalis já no primeiro censo suíno. Aliás, outro que poderia ocupar um carguinho inútil na estatal idem é Jean Wyllys. Sei que é trabalho duro, mas... que tal pôr o menino para levantar a hashtag #ForaJavalis nas redes sociais?
Ou então o governo Lula poderia aproveitar a sempre produtiva tabelinha progressista com o STF para acabar com a praga à moda positivista: pela lei. Para tanto, basta mudar o sentido da palavra “praga”. Ou então proibir que se plante em todo o Sul, Sudeste e Centro-Oeste – regiões infestadas pelos javalis e seus primos, os javaporcos. Ou então se arranja um “cientista” da Fiocruz para dizer que o javali é uma espécie silvestre. Ou então sei lá.
Javalipse
Mas o mais provável mesmo é que, apesar do orçamento anual de R$30 bilhões, dos milhares de cargos comissionados e das resmas e mais resmas de portarias, decretos e cartilhas a serem produzidas pela equipe da Javalibras, tudo dê errado. Muito errado. Sobretudo depois que o Seu Nerso avistou um javalizão-rei perto de umas javalizinhas carnudas e ligou para a Javalibras solicitando o extermínio da praga. “Posso usá a minha garrucha?”, pergunta ele com o sotaque e a inocência típicos do matuto.
Não pode. Tem que preencher um cadastro. Online. “Não eu não mexo co’essas coisa de computador, não, moça”, diz ele para a socióloga concursada (cabelo azul, tatuagem em hebraico, defensora do poliamor e sobretudo incapaz de distinguir um javali de uma andorinha) do outro lado da linha. Ela o ignora e continua a dar instruções. Formulário tal. Regras da ABNT. Firma reconhecida. Enquanto isso, o javalizão lá fora. Fazendo a festa. Três vias autenticadas. Tem que pagar DARF. Tem que esperar.
Cinco meses depois, a porcaiada (“vara”, como me ensinou a saudosa professora Olinda) triplicou de tamanho. Seu Nerso perde a paciência. Carrega a garrucha e está fazendo mira quando é interrompido por um protesto da P.R.A.G.A., grupo vegano de devotos de Peter Singer que sai por aí organizando manifestações em defesa do aborto (de humanos, não de javalis) e contra a gordofobia animal. A essa altura, porém, a vara decuplicou de tamanho. (Mente poluída).
A Javalibras, porém, não reconhece o erro. Claro que não. Ela prefere distribuir uma nota à imprensa culpando o imperialismo estadunidense e o ex-presidente Jair Bolsonaro pelo discurso de ódio contra os bichos. E, já que a culpa é deles e eles a põem em quem quiser, os especialistas da Javalibras acusam pessoas como o Seu Nerso (que por acaso está usando uma camiseta verde e amarela com o nome “Marta” nas costas) de ataque às instituições democráticas. Seu Nerso vai preso, enquanto a população de javalis já é maior do que a de seres humanos e invade as cidades.
Onde os animais avançam sobre os carros e os cracudos e um ou outro distraído. Javalis e javaporcos fazem um estrago danado e estão prestes a exterminar a raça humana quando alguém (um ministro, talvez?) tem a brilhante ideia de pedir ajuda ao tráfico. Afinal, os bandidos são os únicos com armas capazes de penetrar a couraça do bicho. Travam-se diálogos cabulosos dos quais sou ouvinte e constato: com a Javalibras, o mais provável é que, para o desespero dos produtores e a alegria dos javalis (“óinc, óinc!”), vivamos mesmo é um javalipse.
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