Os desafios para a valorização da herança africana no Brasil são dois. Primeiro, o fim da importação de pautas ideológicas divisionistas, como a falácia do racismo estrutural. Depois, mas não menos importante, o reconhecimento de que o Brasil é lindamente miscigenado e que, por isso, a herança africana não é mais importante do que a herança indígena ou portuguesa ou italiana ou japonesa ou árabe ou. Pô, somos todos irmãos. Vem cá e me dá um abraço!
Enquete
Falei bonito
Mas calma aí, corretor da redação do Enem! Não vai me dando zero assim, com base apenas no primeiro parágrafo, só porque me recuso a rezar o credo woke que orienta esta avaliação. Uma avaliação que não é do meu vasto conhecimento nem da minha admirável capacidade de articular ideias, e sim da minha submissão a todo um ideário revolucionário que ignora fatos e privilegia a incoerência lacradora. (Falei bonito, sr. corretor?)
Quer saber?
Digo, pode dar zero. Quer saber? Fique à vontade. Mas antes me permita falar mais um pouco sobre os desafios para a valorização da herança africana no Brasil. Que, por sinal, já é bastante valorizada, não acha? Assim, de supetão, e só porque o tempo está acabando, me vêm à mente contribuições significativas da cultura africana para a culinária, o vocabulário e a música. Contribuições que ninguém desvaloriza por terem vindo de onde vieram.
Qual África?
Agora repare, querido corretor destas mal traçadas. Apenas repare que já no enunciado desta sugestão de tema de redação do Enem há uma falha que denuncia o viés racialista da prova. Afinal, a África não é o mais homogêneo dos continentes. Se por um lado há a África dos negros que foram trazidos para o Brasil como escravos, há também a África dos povos do deserto. Por falar nisso, você sabia que a Mauritânia foi o último país do mundo a abolir – e apenas no papel – a escravidão? Você também sabia que na Mauritânia se pratica a mutilação bárbara de meninas?
Outras heranças
E não é só lá. Em países como Djibuti, Eritreia, Somália e Sudão a mutilação genital feminina também é praticada. Mas imagino que não seja desse tipo de herança que você queira falar, não é mesmo? Espero que não! Assim como espero que você não esteja querendo falar da herança belicista, que há milênios opõe etnias dentro do continente e que, em pleno século XX, culminou com o genocídio dos tutsis pelos hutus, em Ruanda.
Intervenção
Ah, antes que eu me esqueça e minha nota fique abaixo de zero: o enunciado pede que eu proponha uma intervenção para solucionar esses “desafios”. Bom, parar de levar Silvio Almeida e a falácia do racismo estrutural a sério já é um começo. Outra ideia que me surge agora é olhar em volta, admirar a miscigenação do Brasil, erguer a cabeça, estufar o peito – e parar com esse vitimismo estéril e ressentido.
Vitimismo
Um vitimismo que, apesar dos milhões despejados em ONGs, não vai resolver nada. Até porque, uma vez resolvido o problema, esses ongueiros todos vão lutar pelo quê? Sem falar que esse vitimismo não condiz com o suplício real de milhões de africanos, eslavos, ibéricos, árabes e orientais que contribuíram para tornar o Brasil o país que ele é hoje. O país que ele é hoje? Sim, o país que ele é hoje! Entenda como quiser.
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