Não gosto de escrever obviedades, mas às vezes é necessário. Nem que seja para deixar registrado neste pedaço de papel virtual esse acontecimento diminuto, mas revelador do caráter do atual ministro da Justiça, futuro membro do STF e agora ativista antigordofobia Flávio Dino. Nossa esbelta e saudável autoridade prestou queixa-crime contra o influencer Monark, que teve a pachorra de descer do escorregador para confrontar Dino na caixa de areia no parquinho da Escolinha República Batuta, e xingá-lo de (cuidado: a palavra a seguir pode ferir seus ouvidos!) “gordola”.
E aqui é importante que fique claro: estamos falando não só de um ministro da Justiça, mas também de um ex-juiz federal. Ou seja, de alguém habituado à lei; alguém que conhece os cantos mais recônditos do Poder Judiciário; alguém que, na teoria, deveria saber que a função da justiça é sobretudo ser justa. Mas que, corrompido pelo poder, usa a justiça para perseguir um pobre-coitado que o chamou de “gordo + sufixo ola”. Sufixo que, aliás, pode ser tanto aumentativo quanto diminutivo – como sabe qualquer gordola que um dia teve de se espremer para passar por uma portinhola.
Assim que me deparei com a notícia de que o ministro da Justiça – da Justiça! – pretende usar o aparato repressivo do Estado por causa de uma injuriazinha à toa, pensei primeiro no efeito colateral dessa demonstração patética de poder. No chamado Efeito Streisand. Isto é, no efeito de associar para sempre, eternamente, até o Fim dos Tempos a palavra “gordola” à figura de Dino. Eu mesmo, que jamais havia usado a palavra “gordola” antes (tinha, sim!), já a usei cinco vezes aqui – sem contar o título. E em todas as vezes a primeira imagem que me veio à mente foi a do ministro, e não a de um gordola (6!) gente boa como, digamos, Ary Toledo ou Jô Soares.
Beijo do gordo!
Simplesmente porque Flávio Dino, a despeito de sua constituição física atlética e longilínea, como se dizia antigamente, não é gente boa. Não é. Por outra, estamos falando de um tirano em potencial. Daqueles que beiram a caricatura. Isso fica claro sobretudo na insegurança do ministro em relação à própria imagem. No esforço que ele faz para impedir que venha a entrar para a história mais pelos muitos quilos extras do que por sua atuação política. Do que por seu apregoado “espírito humanista”. Se fosse um político rechonchudo gente boa e certo da bondade de suas intenções, Dino jamais se incomodaria com o “gordola” (7).
O que, se você parar um minutinho para pensar, é até uma bênção. Porque diante dessa demonstração de vilania patética não há como o povo ingênuo e um bocado tolo (apesar do diploma de bacharel em sociologia na parede) ignorar o caráter eminentemente tirânico do senhor Flávio Dino de Castro e Costa. Da mesma forma, no anseio de tirar uma graninha ou prender um comunicador por tê-lo chamado apenas de “gordola” (8), não há como Flávio Dino disfarçar suas intenções perversas repetindo bordões como “beijo do gordo!” ou usando o humor autodepreciativo.
“Respeitem-me! Na marra!” – é como se dissesse esse corpo celeste em torno do qual gravitam cem mil luas de maldade. E a história está aí para mostrar que, nessas situações, geralmente acontece o contrário.
Além disso, é e sempre foi por meio da intimidação e do medo que essa gente de corpo avantajado e espírito diminuto tentou, tenta e tentará se impor. Porque a homens como Flávio Dino falta não só a inteligência, mas sobretudo a humildade de se saberem falhos e limitados. De se saberem humanos verdadeiramente impotentes diante da vontade de Deus. Dino e todos os tiranolas da sua estirpe têm pavor de serem vistos pelo que são e por isso tendem a se vingar de todos os que ousam dizer que o rei, além de estar nu, anda precisando de uma dieta, exercícios físicos, Ozempic e talvez até de uma bariátrica.
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