Placa que não foi instalada em frente ao Palácio do Planalto.| Foto: Daniele Siqueira
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Vinte e quatro horas se passaram desde que Lula assumiu o poder e, surpreendentemente, ainda não surgiu nenhum escândalo de corrupção. A proeza ética é motivo de comemoração, mas também preocupação, entre a esquerda. Dentro do próprio PT, o clima é tenso. “Ninguém sabe quanto tempo mais eles conseguirão se segurar. É muito pixuleco dando sopa”, disse uma fonte que preferiu permanecer anônima, mas cujo nome começa com "G", de gatuno.

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Aliados do atual governo também estão estupefatos com este que deve ser um recorde para a esquerda mundial. “Eu já vi comunista ficar dez ou até doze horas sem levar algum tipo de vantagem escusa. Mas 24 horas é novidade para mim”,  afirmou um comunista aposentado cujo nome eu não vou citar porque não sou nem doido. E também porque não estou a fim.

Outro, um baixinho serelepe e de voz fina (não disse quem!) que ocupa um gabinete clandestino dentro de uma corte suprema (não disse qual!), me confidenciou que as 24 horas corruption-free do governo Lula fazem parte da estratégia da esquerda, mas que a gente não perde por esperar. “Diga a seus leitores que eles podem ficar tranquilos. Não faltarão oportunidades”, disse Rand meu informante.

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Otimismo mesmo só o da incansável imprensa militante. “É o melhor governo da história!!! Vinte e quatro horas sem escândalo de corrupção. Se continuar assim, vamos chegar a 72 horas! Fora, Bozo!”, analisou, previu e gritou um colega da FENAJ. “Sinto orgulho por ter ajudado a eleger este que já é o governo mais honesto desde que Cabral roubou as terras dos povos originários”, afirmou o chefe de redação de um concorrente para o qual eu não farei publicidade de graça.

Entre a oposição, o quase-consenso é o de que há algo de errado nessa conta. “Vinte e quatro horas? Tem certeza?”, perguntou um jovem deputado recém-eleito que folheava o regimento interno da Câmara. Já para um experiente senador de oposição que se recusou a falar em on, mas que é general, tem nome de um dos Pais Fundadores dos EUA e é maçom, as 24 Horas Sem Dinheiro na Cueca Vermelha são um sinal de que “o Brasil vive seu maior momento democrático”. Em seguida, ele aproveitou para me corrigir: “Mas eu não sou oposição, não. Estou sendo citado no parágrafo errado”.

(Peço desculpas ao General Antônio H. Martins M.)

Apoiadores famosos e anônimos elogiaram a capacidade de autocontenção dos petistas antes viciados em cobrar uma colaboraçãozinha extra para o leitinho das crianças, para a compra de pedalinhos no sítio do amigo ou para a manutenção da ditadura venezuelana. “E tudo isso respeitando as instituições e o Estado Democrático de Direito, sem falar no respeito à natureza. É realmente admirável. Palmas para o Lula!", disse um empolgado apoiador que atende pela alcunha de “Ministro”.

Mentiras

Em se tratando de PT e Lula, contudo, as primeiras 24 horas se revelaram uma tragédia em termos de honestidade retórica. O discurso de posse do tripresidente foi marcado por vários deslizes, gafes, equívocos & ludibriações. Fazer o quê? É da natureza da jararaca e dos que a cercam.

Lula não conseguiu poupar de suas mentiras nem mesmo a caneta com a qual assinou o termo de posse. Num incontido arroubo de populismo, o mitômano-em-chefe disse que havia ganhado o artefato caligráfico de um retirante piauiense em 1989, quando concorreu à Presidência e perdeu para Collor e para o voto então auditável.

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Mas os melhores jornalistas investigativos deste país correram para consultar o Google e revelar a constrangedora inverdade: a caneta que Lula usou para se apossar do Brasil é uma Montblanc Writers lançada em 2002, e que custa a bagatela de 6 mil haddads. Perdida entre outras tantas mentiras do discurso de posse, contudo, o caso da caneta já caiu no esquecimento.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]