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"Ensina-me, Senhor, a ser ninguém./ Que minha pequenez nem seja minha". João Filho.

Semiótica de DCE

Lula de Pisa: uma foto do presidente cabisbaixo (ou caindo) revoltou os petistas

Lula língua de fora
Esta é uma foto, mas não a foto. (Foto: Reprodução/ Twitter)

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A onipresença de Alexandre de Moraes no noticiário e neste espaço me incomoda. Demais. Tanto é assim que acabei de escrever aqui um texto que tinha o ministro como personagem, mas preferi deixar para outro dia. Talvez para amanhã. Talvez para nunca. Até porque hoje é segunda-feira e meu leitor merece começar bem a semana. Se for para se indignar, pois, que seja por outro motivo.

Daí porque, depois de muito folhear meu caderninho de ideias, passando por Randolfe Rodrigues, Bolsonaro (zzzzzzzzzzzzz) e até o patrão da Tabata Amaral, decidi me ater a Lula. Ou melhor, a mais uma foto de Lula que está dando o que falar entre os petistas. A imagem, você talvez queira saber, é de autoria de Gabriela Biló, a mesma que há algumas semanas foi atacada por Márcia Tiburi e seu “armoire d'amour” por uma composição que trazia Loolah atrás de um vidro estilhaçado. Lembram disso? Houve gente que disse até que a foto era... um ato terrorista!

(Se quiser ver a foto, clique neste link. Mas volte rapidinho. Não vá se perder em alguma discussão estúpida por lá, hein?).

Como não sei se posso publicar a imagem aqui e ainda é cedo demais para consultar o Departamento Jurídico, vou descrevê-la da melhor forma possível. [PIGARREIA] A foto traz, ao fundo, uma bandeira do Brasil desfocada. Verde, amarelo, azul, branco. A paleta patriótica toda. Em primeiro plano, ele, o maior Silva entre os Silva, de terno e gravata sóbrios (ao contrário do modelo, dirão as más línguas) e uma camisa que... Ei, acho que tenho uma igual! E o mais importante: Lula está tão inclinado à esquerda que, por compaixão, dá vontade de segurá-lo pelo colarinho. Dá para dizer ainda que os olhos miram o chão e... Não vou ficar inventando coisa. A foto é só isso mesmo: Lula em frente a uma bandeira, num ângulo incômodo ao espectador. Um Lula de Pisa.

Biló, tadinha, expôs a foto toda orgulhosa no Twitter. Talvez estivesse até esperando pela aprovação do Painho ou de Ricardo Stuckert, fotógrafo oficial de Lula – que sina, hein? Em vez disso, porém, ela foi novamente atacada por um batalhão de semiotas desocupados que viram toda sorte de maldade e intenções políticas no registro. Não tive tempo de fazer uma apuração rigorosa dos comentários, mas pelos que vi a crítica geral é a de que a fotógrafa fez questão de retratar um Lula velho, cansado e derrotado. E por isso ela teria de ser execrada.

Enquanto escrevo, estou aqui olhado a imagem mais uma vez. E outra. E outra. E continuo sentindo uma espécie de vertigem e uma vontade instintiva de impedir a queda do velhinho cansado, por mais que não nutra nenhuma simpatia por ele e por mais ébrio que o personagem possa estar em minha imaginação poluída. Fora isso, nada. Nadica de nada. Lula parece, no máximo, um fantoche que o titereiro deixou de lado por um instante e que lentamente se esparrama pelo chão (como a batatinha quando nasce). Mas aí já é forçar demais a barra.

O fenômeno da análise semiótica grupal, contudo, é interessante e, sinceramente, se eu fosse Gabriela Biló estaria feliz da vida. Afinal, não fossem esses idólatras do tripresidente a tirarem todo tipo de significado da imagem, ela seria solenemente ignorada pelo que é: uma imagem insossa, que não tem beleza ou informação. Na melhor das hipóteses, firula de fotógrafo. Na pior também.

Além da idolatria explícita, a reação histérica dos petistas mostra quão dispostos os militantes de esquerda estão em se conformar. Com tudo. Em se submeter à opinião da multidão. Em repetir slogans e lugares-comuns. Mesmo que apontar intenções narrativas a uma foto preguiçosa e burocrática vá contra a lógica mais elementar e a inteligência mais básica. O importante, sobretudo para os neopetistas, é fazer parte do delírio coletivo comunistoide.

Essa palhaçada, porém, está ficando perigosa. Em muitos momentos ela lembra a mentalidade soviética ou maoísta, segundo a qual todo aquele que não for ideologicamente puro há de ser eliminado. Hoje não só a crítica a Lula passou a ser proibida, principalmente se você for de esquerda; toda forma de elogio e bajulação precisa ser pré-aprovada por uma espécie de comitê de ultrapetistas.

Ou seja, até para prestar mesura a Loolah há um jeito certo e um jeito errado. E certamente escrever o nome da divindade assim é, para a seita, um pecado mortal. Mas que se dane. Não tem petista me lendo mesmo.

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