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Polzonoff

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"Ensina-me, Senhor, a ser ninguém./ Que minha pequenez nem seja minha". João Filho.

Carta ao Leitor #4

Não aguento mais o Lula. (E quem aguenta?)

Não aguento mais o Lula
Lula lendo esta minha quarta carta ao leitor e pensando: "Nossa! Quanto chororô". (Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil)

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Caro leitor,

Não sei você, mas eu não aguento mais o Lula. Todos os dias, lá está ele num videozinho, Janja a tiracolo, ora defendendo uma ditadura, ora sendo racista/machista/capacitista/homofóbico para uma plateia hipocritamente woke e com os bolsos abarrotados dos lucros da “consciência social”. Suco de caju!, grito para a casa vazia. A Catota se assusta. E a vida segue.

Sei que não estou sozinho nesse desespero cotidiano. Outro dia mesmo Lula pediu que eu, você e o mundo tivéssemos boa vontade com o ditador sanguinário Nicolás Maduro e sua democracia de faz-de-conta. Depois, não satisfeito, sugeriu que a oposição venezuelana, liderada por uma mulher tirada do páreo pela “justiça” daquela espelunca, tinha mais é que engolir o choro. E eu só no suco de caju.

Nesse dia aí, ao ouvir as estultices do Lula, decidi esfriar a cabeça mergulhando na piscina. Braçada vai, braçada vem, eis que naquele universo particular e azulado me perguntei, não pela primeira vez, como não julgar, condenar e punir um sujeito desses? Como ser misericordioso? Como “amar o menos amável”?

Ainda molhado e com o gosto do suco de caju na boca, comentei com um amigo sobre essa dificuldade (que acredito ser comum entre antilulistas) de tolerar a existência de um patife, tratante, crápula, sem-vergonha e malandro como o efelentífimo presidente que tanta admiração causa nos petistas que me leem. “Teremos que perguntar a um padre se é pecado rezar para que o sujeito tenha logo a chance do arrependimento final”, me disse o amigo.

Curiosamente, era exatamente isso o que eu tinha feito algumas semanas antes. Mas fui menos sutil. Perguntei não a um, mas a três padres se é lícito rezar para que líderes tirânicos ou mal-intencionados batessem as botas, abotoassem o paletó de madeira, fossem dessa para a melhor. Enfim, para que a Indesejada nos livrasse do tormento que é se saber governado por um conluio de canalhas. É?

Os três sacerdotes me responderam mais ou menos a mesma coisa: sim, é pecado rezar pelo fim, digamos, macabro desse tormento. Que, no mais, é passageiro. Porque se algo não mudar primeiro dentro de nós, que diferença fará a aniquilação divina desse ou daquele presidente (ou ministro do STF)? Nenhum! Disseram para ter esperança. Para confiar em Deus. “Mas e se rezássemos por algum tipo de doença não mortal, mas incapacitante, que permita a ele, Lula, pensar na vida e oferecer o sofrimento em reparação por todas as besteiras que fez?”, insistiu o amigo depois que lhe contei o resultado da minha pesquisa. Aí já não sei.

Só sei que, depois de toda essa elucubração, lembrei que outro dia estava chovendinho e eu juro (juro!) que, da janela, vi uma nuvem atravessar a rua. E depois outra. E outra. Era uma verdadeira procissão de nuvens, bem diante dos meus olhos. As nuvens enfileiradas, quase como fantasmas indo de leste a oeste, empurradas por um vento frio, numa tarde curitibana qualquer. E eu aqui, escrevendo sobre o Lula.

Grande abraço,

Imagem do corpo da matéria

P.S.: Nesse finalzinho da carta aí, tenho certeza de que você cantarolou: Há uma nuvem de lágrimas sobre os meus olhos/ Dizendo pra mim que você foi embora/ E que não demora meu pranto rolar, ar, aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaar... Não? Me enganei? É que agora fiquei com a música na cabeça. Ah, jeito triste de ter você/ Longe dos olhos e dentro do meu coraçããããããão! Pfui.

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