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Polzonoff

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"Ensina-me, Senhor, a ser ninguém./ Que minha pequenez nem seja minha". João Filho.

A culpa é minha e...

Não importa a treta: a culpa é sempre de Bolsonaro

Selo culpa Bolsonaro
Queimadas na Amazônia? Culpa do Bolsonaro. Ataques do Hamas? Culpa do Bolsonaro. Vandalismo do 8 de janeiro? Culpa o Bolsonaro. (Foto: Agência Brasil)

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A ministra Marina Silva disse que a culpa pelas queimadas na Amazônia é de Bolsonaro. Para Diogo Mainardi, a culpa pelo antissemitismo de esquerda é de... Bolsonaro. O ministro Flávio Dino culpou Bolsonaro pelo aumento da criminalidade. Se duvidar, tem alguém agora mesmo culpando Bolsonaro pelos impostos cobrados de compras internacionais. E eu acabei de derrubar o pão com a manteiga para baixo. Já sabe de quem é a culpa, né?

(E neste momento, enquanto você lia o parágrafo acima, aposto que alguém foi mais rápido, abriu a caixa de comentários e, martelando o teclado como se não houvesse amanhã, escreveu que há um episódio dos Simpsons em que Homer diz: “A culpa é minha e eu coloco ela em quem quiser”. É uma bela lembrança. Porque a tradução pode ser ruim e o português menos do que perfeito, mas a mentalidade é a mesma dos petistas, inclusive dos enrustidos).

Agora mesmo outra que pôs a culpa no ex-presidente Jair Bolsonaro foi a senadora Eliziane Gama, cujos dotes intelectuais ainda hão de ser cantados em prosa ruim e versos piores ainda. Ao ler o relatório da CPMI do 8 de Janeiro, ela disse que ninguém menos do que Jair Bolsonaro foi o mentor intelectual dos atos!!!!!! terroristas!!!! daquele dia. Candidata a uma vaga na ABL (ainda mais agora que a porteira foi aberta), Eliziane Gama usou uma imagem recente criada por Alexandre de Moraes para falar também que Bolsonaro queria cupinizar as instituições.

Donde me ocorre: quer dizer então que nossas instituições, que eu pensava serem sólidas e terem sido esculpidas no famoso concreto armado niemeyeriano, são feitas de madeira e estão sujeitas à ação de cupins? Mas não é justamente para impedir esse tipo de praga que as Forças Armadas diligentemente saem por aí caiando tudo quanto é árvore? De qualquer forma, bem feito! Quem manda não terem escolhido o tamanduá-bandeira para ilustrar a cédula de dois reais. Agora arquem com as consequências!

Sempre uma possibilidade

Onde é que eu estava mesmo? Ah, sim. Eliziane Gama e seu relatório vergonhoso de uma CPMI que só serviu para mostrar como esse processo investigativo está corrompido, infestado por insetos de todos os tipos. De cupins e baratas a, aqui e ali, um ou outro simpático besouro rola-bosta. E aqui talvez seja um bom momento para propor uma pergunta totalmente aleatória: qual o seu inseto preferido? O meu é a abelha. Não, o louva-a-deus. Ou a abelha? Ou o louva-a-deus? Sei lá.

Só sei que gostaria de não ter de perder tempo falando obviedades para “limpar a barra” de Bolsonaro. Que tem lá seus muitos e enormes defeitos (sobre os quais espero poder discorrer civilizadamente um dia), mas que não tem culpa nenhuma pelo antissemitismo atávico da esquerda. Nem pela seca e queimadas na Amazônia. Nem pelo aumento da criminalidade - ainda mais na Bahia. Muito menos pelo vandalismo vendido como golpe, não!, como atos!!!!!! terroristas!!!!!! por essa gente tosca e sem um mínimo de honestidade – seja ela intelectual ou de qualquer outro tipo. Sem um mínimo de compromisso com a verdade.

Mas é a tal coisa. Para a esquerda obcecada pelo próprio umbigo, mas paradoxalmente incapaz de olhar o próprio umbigo, o culpado por qualquer problema, local ou mundial, coletivo ou íntimo, é sempre um outro. Que, no momento, atende pelo nome de Jair Messias Bolsonaro, mas que há não muito tempo foi Michel Temer e suas mesóclises golpistas, Fernando Henrique Cardoso e seu perigoso neoliberalismo, a globalização, o imperialismo estadunidense, a Globo e suas novelas que alienavam o povo, etc.

Além disso, para a esquerda é necessário manter Jair Bolsonaro em evidência. Daí porque é melhor jair se acostumando: o ex-presidente vai passar os próximos anos sendo culpado de tudo. De índices econômicos negativos a erupções vulcânicas do outro lado do mundo. Bolsonaro que, vale lembrar, está inelegível e que gasta seu tempo viajando pelo país, exibindo uma popularidade notável, ainda que inútil. Para a esquerda, o importante é expor o inimigo, por mais derrotado que ele já esteja e está, a fim de botar medo na militância. Para a esquerda, Bolsonaro será sempre uma possibilidade, mas nunca uma Possibilidade.

Porque na ausência do inimigo representado por Bolsonaro, um inimigo contra o qual vale tudo e qualquer coisa, como confessaram recentemente os ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes, ela, a esquerda, sabe que não é capaz de sustentar as muitas narrativas mentirosas responsáveis pelo “sucesso eleitoral” de tiranos travestidos de democratas, de antissemitas disfarçados de humanistas, de revolucionários se fazendo passar por cumpridores da lei – e de corruptos que nem tentam mais se esconder sob a bandeirona vermelha.

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