Vi muita gente (mais de 3 pessoas) nas redes sociais dizendo que não há nada para comemorar neste dia 7 de setembro, 201º aniversário da nossa gloriosa independência e dia de São Clodoaldo, padroeiro dos fabricantes de pregos. Com Lula de volta à presidência e a consolidação da ditadura do STF, hoje em dia realmente está difícil associar a data cívica ao patriotismo e à liberdade. E convenhamos: ninguém em sã consciência sairá de casa para demonstrar apoio a líderes que preferem o vermelhão comunista ao verde-amarelo deste nosso Brasilzão véio sem porteira.
Ainda assim, há muito o que comemorar. Ou lamentar. Ou simplesmente lembrar. Ou pelo menos conhecer e dar uma de sabe-tudo na mesa do almoço tipicamente brasileiro, aquele com direito a muito vatapá, caruru, mungunzá e umbu. O que quer que sejam essas coisas todas. Há 1953 anos, por exemplo, num 7 de setembro, o exército romano, sob o comando do Tito, aquele, ocupou e saqueou Jerusalém. Romanos comemoram, jerosolimitanos (!) lamentam e os militares brasileiros continuam batendo continência para o Lula. E estamos conversados.
Aposentado em Camboriú
Se você for francês ou francófilo ou fã doido do baixinho arretadeau, pode aproveitar o dia para celebrar a vitória de Napoleão na Batalha de Borodino, ali bem pertinho de Moscou. Naquele fim de verão de 1812, setenta mil homens morreram no conflito. Aliás, o quadro pintado por Peter van Hess para registrar o episódio é bem parecido com aquele do Pedro Américo, hein! Ou será que estou vendo coisas?
Em 7 de setembro de 1860, Giuseppe Garibaldi, que liderou a unificação italiana antes de vir curtir a aposentadoria nas praias de Santa Catarina, entrou em Nápoles. Bom para ele. Acho. Quatro anos mais tarde e a muitos milhares de quilômetros dali, durante a Guerra Civil Americana, a cidade de Atlanta foi evacuada por ordem do General Sherman. Ei, essa cena aí eu vi no ...E o Vento Levou!
MC Zumbi
Tem mais. Em 1880, neste mesmo dia 7 de setembro, e provavelmente porque não era feriado na época, Joaquim Nabuco, André Rebouças e outros abolicionistas fundaram a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão. Ou você acredita no seu professor de história que anda por aí dizendo que a Lei Áurea foi assinada pelo MC Zumbi dos Palmares?
Já no século XX, foi neste dia que o clichê manda chamar de fatídico que o poeta Guillaume Apollinaire, o Gui, acabou preso, acusado de roubar nada menos do que a Mona Lisa! Na mesma operação da PF francesa, por assim dizer, Pablo Picasso também foi preso. Durante dois anos, a obra-prima de Leonardo da Vinci, o Léo, foi dada como perdida. Até ser encontrada debaixo da cama de um tal Vincenzo Peruggia – considerado um herói nacional na Itália. Para você ver que não é só aqui que os ladrões são celebrados.
Toma, nazistas!
Neste que é o 250º dia do ano (251º, no caso de anos bissextos), em 1932, morreu o último lobo-da-tasmânia. Tadinho. Oito anos mais tarde, e sem absolutamente nenhuma relação entre um fato e outro, no dia 7 de setembro a força aérea alemã deu início à Blitz, bombardeando Londres por mais de 50 noites consecutivas. Mas não adiantou nada, porque foi também num dia 7 de setembro que, cinco anos mais tarde, os Aliados realizaram o Desfile da Vitória em Berlim. Toma, nazistas!
Por falar em nazistas, comunistas e fascistas em geral, foi também no sétimo dia do nono mês de 1969 que Fernando Gabeira & Cia. soltaram o embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, sequestrado em troca da libertação de 15 presos políticos. Entre eles, Zé Dirceu. No mesmo dia, em 1986, o ditador chileno Augusto Pinochet sofreu um atentado. Cinco de seus guarda-costas acabaram mortos. Dez anos mais tarde, foi a vez de o rapper americano Tupac ser baleado. Ele morreu seis dias mais tarde.
Deixa de ser canalha!
Já no século XXI, nada de muito empolgante aconteceu no 7 de setembro. Em 2016, por exemplo, a Apple apresentou o iPhone 7. No ano seguinte, houve um terremoto de 8.2 graus no México. E, finalmente, no dia 7 de setembro de 2021, o ex-presidente Jair Bolsonaro, durante um discurso para centenas de milhares de pessoas na Avenida Paulista, berrou para que todos ouvissem: “Sai, Alexandre de Moraes! Deixa de ser canalha!”.
Esse dia foi louco, como dizem os jovens. Mas, no final das contas, o episódio catártico não teve maiores consequências. Influenciado pelo também ex-presidente Michel Temer, Bolsonaro pediu desculpas, disse que se empolgou e tal. E por isso hoje Alexandre de Moraes continua por aí, firme e forte na liderança do STF, perseguindo a torto e a direito, principalmente a direito. Enquanto Bolsonaro... você sabe.
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