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Polzonoff

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"Ensina-me, Senhor, a ser ninguém./ Que minha pequenez nem seja minha". João Filho.

Feliz Ano Novo!!!!

Obrigado, 2023! Vejo que você me traz surpresas…

2023: 365 oportunidades para fazermos o que deve ser feito. Para fazermos o certo. (Foto: Pixabay)

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Eis que 2022 vai chegando ao fim. Aninho traquinas, este que já pediu a extrema-unção e só está esperando o médico terminar o cafezinho para desligar os aparelhos. E, no entanto, assim como o 2023 que se anuncia, o Ano da Graça de Dois Mil e Vinte e Dois também começou cheio de esperança. Que a esperança tenha perecido logo nos primeiros meses é um detalhe. Que diz mais de quem espera do que do ano em si.

Dando uma olhada rápida aqui nos textos que escrevi ao longo de 2022, percebi que também adentrei o ano suspirando um amor antecipado por tudo o que aconteceria ao longo dos doze meses seguintes. Eu sabia que não seria fácil. Digo, nunca é fácil. Mas desde o 1º de janeiro o ano, este ano que jaz em agonia na maca ao lado, deu sinais de que seria especialmente difícil. Sobretudo para quem acalentava sonhos tolos como, sei lá, a manutenção da ordem democrática. Ou a derrota de Lula.

Nessas condições, é normal que muita gente se ressinta de um ano tão conturbado. Tão ruidoso. Tão cheio de decepções. Adicione-se aí insondáveis problemas pessoais & intransferíveis e, em alguns casos, é bem provável que haja quem queira apagar 2022 de sua história e memória. No meu tempo se fazia isso jogando a agenda pela janela ou queimando bem queimadinho o diário. Hoje, de acordo com o meu Consultor para Assuntos Juvenis, basta apagar umas fotos e posts nas redes sociais. E estamos conversados.

Mas neste texto, o último de 2022, proponho a você, leitor, uma experiência ousada. Radical - como dizem os jovens. Se é que os jovens ainda dizem isso. Uma experiência que pode ser transformadora. Me refiro à ideia radical de agradecer por tudo o que aparentemente deu errado neste ano. Agradecer por tudo o que evidentemente deu certo também, claro. Mas isso é o normal, não? O que proponho aqui, pois, é o extraordinário: agradecer pela vida, apesar de todas as estropiações.

Apesar de Lula eleito – ou seria “eleito”? Do pleito ilegítimo (ou fraudado)? Do nascimento de uma ditadura do Judiciário? Da morte de um ou vários ídolos? Dos amigos que fizeram o “L”? Dos também amigos que acamparam defronte os quartéis? Das muitas mágoas e das toneladas de sapos engolidos? Do dinheiro mal gasto em coisas inúteis que você por um instante acreditou que lhe fariam feliz? Dos vícios, transgressões e pecados todos? Daquela vez que você raspou o carro no portão? De o Brasil ter perdido uma Copa do Mundo vencida... pela Argentina?

Sim. Apesar de tudo isso, agradecer. Só agradecer. Sem maiores justificativas. Um obrigado sério e sincero. Talvez dito num semissorriso – mas ainda assim sincero. Radical, não? [FAZ HANG LOOSE COM A MÃO*] Não. Ou ao menos não o bastante.

Porque há uma ideia ainda mais radical do que esta: agradecer por tudo o que acontecerá a partir de 2023 – também conhecido como “amanhã”. Agradecer com o fervor de quem se sabe vivo e capaz. Agradecer porque, com alguma sorte e cuidados básicos de higiene, sem falar na prudência de se olhar sempre para os dois lados antes de atravessar a rua, ao longo de 2023 eu e você teremos 365 oportunidades para fazermos o que deve ser feito. Para fazermos o certo. O que equivale a 365 oportunidades para se arrepender por não ter feito nada ou por ter feito algo errado. Para aprender, pedir perdão e fazer diferente e melhor.

Obrigado e tchau, 2022, seu safadinho! Obrigado e seja bem-vindo, 2023! Vejo que você me traz surpresas...

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