Em entrevista coletiva, o senador Rodrigo Pacheco é flagrado num raríssimo momento de coragem. Será que esse caldo engrossa ou é tudo teatro?| Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
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...a infâmia. Pegue o Rodrigo Pacheco, por exemplo. Se cumprisse o seu papel constitucional e enfrentasse o STF*, se transformaria em herói nacional. Não agora, porque agora é tarde. Mas antes, lá atrás, se Pacheco não tivesse sido tão... pacheco, talvez fosse hoje o maior nome de uma população que vê os ministros do Supremo Tribunal Federal como verdadeiros inimigos. Ou, para usar as palavras do ex-desembargador Sebastião Coelho, como “as pessoas mais odiadas do Brasil”. Talvez ganhasse estátua em praça pública. Talvez virasse até presidente.

Mas não. Pacheco prefere proteger os ministros do STF e, por isso, pagará o preço de entrar para o nada honroso rol dos covardes nacionais. Fazer o quê? A vida é feita dessas escolhas e, por falar em escolhas, a de André Mendonça consegue ser ainda pior. Afinal, o ministro do STF indicado por Bolsonaro tem, em teoria, o mesmíssimo poder de Alexandre de Moraes. Inclusive o poder de passar por cima de uma porcaria de súmula para ter feito o certo e libertado (COM RESPALDO LEGAL!) Cleriston Pereira da Cunha ao saber do estado de saúde dele.

Se agisse com um mínimo de coragem, André Mendonça teria salvado a vida de um homem e, de quebra, se tornaria herói. Mas, como dizia o Papa João Paulo II, a crise que vivemos é uma crise de homens santos. De homens cujo senso de dever se sobreponha ao comodismo. Escondendo-se sob uma súmula qualquer, o que Mendonça faz é, na prática, prestar mesuras às arbitrariedades do colega de tribunal. É a opção clara e cotidiana pela covardia. Diante do que pergunto: como alguém assim consegue dormir à noite?!

QUEM MATOU CLEZÃO?

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Fala, leitor!
Sobre Alexandre de Moraes e Lula, flagrados numa foto de indecorosa cumplicidade, o assinante Ariovaldo Alves Nery Jr. fez considerações tão boas que achei por bem incluí-las nesta coluna: “O que eu gostaria de saber é o que os parentes dessas pessoas sentem. Como se sentem os filhos, esposa, netos, noras, genros, etc.? E a convivência com amigos? O que será que conversam? Se envergonham? Sentem orgulho? Contam bravatas? Será que os amigos do filho do Alexandre comentam suas façanhas ou têm medo?”

E VOCÊ? O QUE SENTE AO VER ESTA FOTO?

Patriota-entre-aspas
A concorrência insiste em chamar Cleriston Pereira da Cunha, o Clezão, de bolsonarista e patriota-entre-aspas. Mas não aqui. Aqui Cleriston é o que é e o que, por culpa do STF, não é mais: um cidadão. Mas o que é que eu estou falando, meu Deus?! Cleriston Pereira da Cunha era um homem. Um homem comum. Um marido. Um pai. Um filho. Um amigo. E uma vítima da cruzada democrática de um STF tirânico.

Asterisco
Enquanto escrevia esta coluna, Rodrigo Pacheco dava sinais de que enfrentaria, sim, o STF, ainda mais depois do chilique de Gilmar Mendes e Barroso por conta da aprovação, no Senado, da PEC que limita o poder monocrático dos ministros. A esta altura do campeonato, porém, confiar na “coragem institucional” de Pacheco exige de mim uma fé muito maior do que a que estou disposto a depositar no frouxo-mor da República. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos. Se Minha Mulher deixar.

MINHA MULHER NÃO ME DEIXA ESCREVER SOBRE O STF

CPI numa hora dessas?
“Faltam 19 assinaturas pra CPI do abuso do poder judiciário”, celebrou o menino Nikolas Ferreira. Diante do que espremi bem os olhos e perguntei para o apartamento vazio: sério mesmo?! CPI?! Ainda tem gente que acredita em CPI? E quase respondi ao tuíte do deputado com uma provocação: e que tal Eliziane Gama como relatora de novo? Mas me contive.

Baleiagate
O Athayde Petreyze andava meio sumido, né? Pois a semana começou com – respire fundo porque a frase está quilométrica! – o colunista social, sociólogo e socialista mais querido do Brasil abandonando o show da Taylor Swift e tirando o diploma de cetólogo (não é nada do que você está pensando!) da parede para entrevistar a baleia cuja importunação intencional rendeu ao ex-presidente Jair Bolsonaro mais uma investigação. Pode uma coisa dessas?

CLIQUE PARA LER A ENTREVISTA COM A BALEIA

Baú do Polzo
Graças ao amigo Renan Ramalho me lembrei deste texto em que proponho uma forma menos amarga de observar o mundo.

“O antagonismo, vale notar, é uma escolha. Vai de cada um beber ou não do cinismo que parece jorrar do noticiário carrancudo. A boa notícia é que não é uma escolha tão difícil assim, vai? Ajuda dar uma olhada, de vez em quando, no pôr-do-sol. Ou tentar enxergar formas engraçadas nas nuvens. Ou pisar na grama recém-cortada. Ou até, ousadia das ousadias!, ter fé no semelhante e ver sua confiança recompensada”.

DIRETO DO TÚNEL DO TEMPO

Rima proibida
Pagu, a patricinha original e a escritora mais café-com-leite da história, vai ser homenageada na supervalorizada Festa Literária de Paraty. Ela que era “comunista demais para ser feminista e feminista demais para ser comunista” [MIL EMOJIS DE OLHINHOS REVIRADOS], nunca escreveu uma linha que prestasse, mas está sendo ressuscitada como exemplo digno da literatura panfletária atual. O que, pensando bem, faz sentido. No final das contas, há homenagens que denigrem mais do que celebram.

Reflexões aleatórias
Com o que um suíço se preocupa? Será que lá o conflito entre os poderes também tira o sono até das vacas? Um suíço se preocupa com a violência, talvez? Com a possibilidade de o país vir a se tornar um narcoestado? Ao acordar e abrir os jornais, o que causa revolta e indignação a um suíço?...

Mea culpa
Mas chega de Brasil. Vamos cruzar a fronteira para, com a boca cheia de alfajores, falar da Argentina. Pois você que lê assiduamente esta coluna sabe que (pausa para beber um golinho do Torrontés que meu amigo Marcio trouxe de Salta) eu não acreditava na vitória de Milei. Não acreditava mesmo. Aliás, dava a derrota como certa. Pois me enganei. Ainda bem, né? Milei venceu e a vitória dele animou o pessoal da direita, que andava meio borocoxô. Por mais que no final das contas não dê em nada, a gente precisava de um pouco de esperança.

OPS! E NÃO É QUE MILEI VENCEU MESMO?

Frase
“Envelhecer é ver a turma chamando de ‘história’ o que te entediava”. – Orlando Tosetto

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