Antipasti
Para dar início aos acordos que salvarão nossa democracia da terrível força de ódio proveniente das forças retrógradas e fascistas, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pediu uma tacinha de Massenez Poire-Williams, que bebericou nos intervalos de uma palestrinha sobre a importância de Ulysses Guimarães para a construção de um regime democrazzzzzzzzzzzz.
Desculpe. Peguei no sono. Ao despertar, ainda tive tempo de ouvir FHC dizendo que “poire é a bebida do povo” para um Lula que consultava desesperadamente o cardápio em busca da 51 perdida. “Num tem memo, cumpanheiro?”, perguntou ele ao garçom. Num tinha. “Então me vê uma garrafa de Romanée-Conti Grand Cru”.
De entrada, FHC pediu Sivam Gratinado ao Molho de Pasta Rosa, servido com Espuminha de Sudam e Sudene. Lula se desculpou pela fome descomunal (“É que, antes daqui, me encontrei com o Freixo e ele me deu um brownie que abriu meu apetite”) e foi logo pedindo um Impeachment. “É a força do hábito”, disse.
Primo piatto
As conversas prosseguiram com FHC intercalando o português e o francês para falar de teorias que Lula ignorava. “O cumpanheiro Jean é que gosta dessas coisas”, disse Lula, preferindo conversar sobre a mais recente contratação do seu Coringão. De repente, assim do nada, FHC deu um soco na mesa que assustou a todos no restaurante. E gritou: “Je ne regrette rien!”. Ao que Lula simplesmente respondeu: “Pra mim também. E mal passado!”.
Esclarecido o mal-entendido, FHC pediu uma Emenda de Reeleição daquelas bem suculentas e com a crosta queimadinha, sabe? Lula não pensou duas vezes e foi de Mensalão Flambado no Zé Dirça. “O prato até que me dá azia. Mas nada que um STF depois não resolva”, disse.
Secondo Piatto
A comida estava tão boa que nenhum dos dois falou muito. A certa altura, o celular de FHC tocou, mas ele não atendeu. “Era o Aecinho”, disse. “Manda um abraço para ele”, pediu Lula.
Entre uma garfada e um gole do Romanée-Conti Grand Cru, FHC mencionou Bolsonaro. O que revoltou Lula. “Ô FH, você tá me embrulhando o estômago”, disse. FHC pediu desculpas e desandou a explicar a Lula tintim por tintim o que é uma democracia. “Era uma vez um lugar chamado Atenas...”
FHC estava na Revolução Francesa quando foi interrompido por Lula. “Vamos pedir o segundo prato? Aquele brownie do Freixo realmente me abriu o apetite”, disse. FHC não gostou muito de ser interrompido, mas a fome era maior do que a vontade de reconstruir a democracia. Ele pediu Proer à la Cacciola. Lula, um tanto quanto confuso com o enorme cardápio do Le Pixòu-lê Coe, foi de Postalis ao Sugo, acompanhado por lascas de Waldomiro Diniz e Eurenice Guerra.
Dessert
Com os dois políticos de barriga cheia e com a vida para lá de ganha, a conversa chegou ao fim. Até onde entendi, ficou acordado que os dois uniriam forças para construir um Brasil mais justo e igualitário. “Quase uma China”, nas palavras de FHC.
De sobremesa, o ex-presidente tucano pediu Apagão de Chocolate. Lula foi de Dilma Caramelada mesmo. “Da última vez, isso me deu um piriri danado. Mas é tão bom. Faz cosquinha no céu da boca”, disse, mostrando que, além de perfeito, bate um bolão como gourmand.
Caffè
“Preciso ir. Tenho que atualizar minha memoir e, depois, fisio”, disse FHC, já se levantando e deixando a conta para o petista. Antes de sacar o Cartão Odebrecht Business Super Maxi Plus Trans Black, Lula não resistiu ao impulso, chamou o garçom e pediu R$50. “É pro cafezinho, sabe?”.
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