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QUEM É A BRUXA
Depois de “quem matou Marielle?” e “Adélio agiu sozinho?”, vem aí o mais novo mistério da República: “quem é a bruxa?”| Foto: Pixabay

Desculpe o atraso. Fui dar uma conferida e, até agora (atenção para a hora certa: 13h24), não surgiu nenhuma nova revelação tirada dos 6GB de conversas entre os assessores do ministro Alexandre de Moraes. Nenhuma notícia nova, nenhum áudio cabuloso, nenhuma ilegalidade flagrante para a gente se indignar assim a conta-gotas, como o Glenn Greenwald parece preferir. Mas ontem, em meio ao absurdo de se perseguir manifestantes em Nova York, surgiu uma dúvida divertida entre os escombros do que um dia já foi um pujante Estado Democrático de Direito: quem é a bruxa?

Explico para você, leitor de sexta ou segunda-feira ou mês ou ano que vem, quando todo mundo já terá se esquecido de mais essa página infeliz da nossa história/ Passagem desbotada na memória/ Das nossas novas gerações. Nas mensagens que tratam da possibilidade de se perseguir um pastor que teria organizando o protesto contra os ministros do STF lá em Nova York (a dos Estados Unidos, não a do interior do Maranhão), um dos capangas de Moraes escreveu enigmaticamente: “A bruxa não tem esse bom senso, é totalmente partidária sem pensar nas consequências”.

Maldade!

Para quê! Imediatamente começou a especulação: quem, afinal, é a bruxa sem bom senso e totalmente partidária a que se refere tão carinhosamente o assessor de Alexandre de Moraes? Falou-se em Cármen Lúcia – uma tremenda maldade, mas não maior do que condenar inocentes a 17 anos de prisão. Então tenho certeza de que a ministra não vai se importar, assim como não se importou quando o MST vandalizou o prédio onde ela morava.

Falou-se também em Janja. Mas aqui serei obrigado a defender a primeira-turista: não tem nada no contexto das mensagens que associe Janja à misteriosa bruxa. Digo, talvez tenha a falta de bom senso, mas a troca de mensagens se deu antes da operação de salvamento do cavalo Caramelo. Então... Por fim, falou-se da deputada Carla Zambelli, que teria algum envolvimento com os manifestantes que foram xingar Moraes de “careca” em Nova York – e como resposta ouviram o célebre “perdeu, mané! não amola”. Mas acho que não é ela, não.

Toga esvoaçante

E falou-se naquela alternativa para mim a mais provável: Alexandre de Moraes. Afinal, quem mais sem bom senso, totalmente partidário e incapaz de pensar nas consequências do que o ministro que queria-porque-queria usar a estrutura do TSE para perseguir manifestantes que, em Nova York, gozando de todas as garantias estadunidenses (desculpe; não resisti), xingaram nossas inimputáveis excelências de feios, bobos e caras-de-mamão?

Mas por que “a bruxa”? – você me pergunta. Talvez porque ele conheça um bom feitiço para enganar milhões de pessoas que ainda acreditam que estamos vivendo numa democracia. Sim, mesmo depois de tudo isso. Mais provável, porém, é que nos corredores do Supremo Moraes seja conhecido como “a bruxa” por causa de uma icônica foto que o mostra com a toga esvoaçante e que não posso mostrar aqui por questões de direito autoral. Uma coisa bem macabra. Coisa de bruxa.

E o Frota?

Além de apelidos misteriosos (e perigosos), a troca de mensagens entre os assessores de Alexandre de Moraes revela outra entidade vinda das profundezas do espírito humano: o ex-deputado Alexandre (ora, ora, que coincidência!) Frota, que estaria trabalhando como uma espécie de informante do CIDDE - o SNI do Supremo. Sim, o Frota. Aquele que foi casado com a Claudia Raia, que fez filmes proibidos para menores e maiores, e que conseguiu enganar 155 mil eleitores dizendo que tinha virado “conservador” e que buscava a redenção.

Se você foi um desses iludidos, não se ofenda. Não voto em São Paulo, mas confesso que também caí na lorota do ex-ator pornô em busca de redenção. Mas por meio da política?! Pois é. Analisando em retrospecto, fui trouxa, sou trouxa e trouxa provavelmente continuarei sendo porque acredito que até mesmo um Alexandre Frota é capaz de se redimir. Mas não por meio da política. Ao menos essa lição acho que aprendi.

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