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Polzonoff

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Transformando em crônica heroica o noticiário de cada dia.

Copa Escravizadores

STF x Brasil: uma derrota garantida

Barroso comparou o STF a um time de futebol que, evidentemente, joga contra o restante do Brasil. Imagem meramente ilustrativa. (Foto: Montagem)

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Bem amigos. Estamos aqui hoje para testemunhar um clássico. Em todos os sentidos. Um clássico porque é uma crônica óbvia. E um clássico porque é uma crônica perigosa, que pode levar o autor a ser preso e a esposa dele a fazer greve de fome. Para comentar este jogo cujo resultado você sabe antes mesmo de a bola rolar, tenho aqui ao meu lado ele que já enfrentou e levou goleadas e mais goleadas do STF: Jair Bolsonaro!

[BOLSO] Ô, Paulo. É um prazer estar falando com você, talquei? Que bom que a gente já fez as pazes. No tocante ao jogo, a gente já sabe que o STF vai ganhar. Mas tem que ler a crônica inteira pra saber como vai se dar a vitória. E também pra acompanhar os meus brilhantes comentários.

Claro, Bolso! E vamos direto para as escalações. Primeiro a do STF E. C. - Esquerdista Clube. E eu vou pedir pro ex-presidente fazer um breve comentário sobre cada um dos jogadores. Tá ok, Bolso?

[BOLSO] Talquei.

Goleiro

Começamos por ele, o goleiro mais arrogante e boquirroto do Judiciário. O homem que quer recivilizar o que nunca foi civilizado. Ele que, além de goleiro do time, é o atual presidente do STF e foi inclusive o responsável por eu estar escrevendo esta crônica hoje. É claro que eu estou falando da empáfia em pessoa. Da soberba suprema. Luís. Roberto. Barroso.

[BOLSO] O Barroso é como o próprio nome diz: moldável às conveniências. No gol, ele tem pegado as bolas com segurança de profissional e antes do jogo de hoje garantiu que o povo brasileiro não vai conseguir marcar nenhum gol porque o STF é um grupo unido, com foco nos três pontos e muito atento ao que diz o pofexô.

Defesa

É isso aí, Bolsonaro. Agora na zaga temos ele: terrivelmente evangélico e terrivelmente omisso. O garoto-propaganda do implante capilar. O nada, o zero à esquerda, o coisa nenhuma: André Mendonça!

[BOLSO] Ah, Paulo. Pega leve. Esse aí. Se arrependimento matasse. Mas fui dar ouvidos pra Michelle e... Bom, agora tá feito.

Não vai se complicar em casa, hein, Bolsonaro! Deixa quieto, deixa quieto. Ainda na zaga, outro perna-de-pau. Nessa indicação aqui você errou feio, hein, Bolsonaro? Claro que eu tô falando de Nunes Marques. Afinal, por que você indicou esse sujeito para o STF, Bolso?

[BOLSO] Nem lembro mais. Acho que foi um acordo com o empresário dele, o Valdemar. Olha, Paulo. O ministro pode ser uma porcaria, mas o empresário é bom, viu? Tão bom que eu tô apoiando o candidato dele nas eleições de São Paulo.

Lateral

Tá certo, Bolsonaro. Tá certo. De volta à escalação, temos na lateral outro Luiz: o Fux. Aquele no qual o pessoal da Lava Jato tanto confiava e que...

[BOLSO] Já reparou que o STF é uma máfia de Luíses, Paulo? Tem o Luís Barroso, o Luiz Fux e o Luiz Fachin. Todos em defesa de outro Luiz. Aquele. Sobre o Fux, o que é que eu posso falar? Ele é uma vergonha, Paulo. Vamos falar o português correto: uma vergonha.

Mas por quê, Bolso?

[BOLSO] Sei lá. Porque é. Qualquer um que aceite fazer parte desse time sem-vergonha é uma vergonha. Por mais que aqui e ali tente botar panos quentes e deixar claro que não faz parte da patota. Faz, sim! Se não se opõe é porque faz, sim!

Calma, Bolsonaro! E na outra lateral temos ela que é a única mulher do time: Cármen Lúcia.

[BOLSO] Boa cabeceadora. Sabe se posicionar na área. É querida da imprensa. Mas quando abre a boca pra falar é uma desgraça!

Meio-campo

Calma, Bolsonaro! Vamos continuar aqui porque tem muita escalação pela frente ainda. Agora o meio-campo, o setor que o grande técnico comunista Antonio Gramsci considerava o mais importante do time. Jogando avançado e caindo mais para a lateral extrema-esquerda temos o mais improvável dos futebolistas em campo: Flávio Dino.

[BOLSO] Ah, jogador totalmente fora de forma, né?

Por que o senhor diz isso? Isso é gordofobia, Bolsonaro. Depois o pessoal te processa e o senhor não sabe por quê. Quero deixar registrado aqui que o ministro Flávio Dino está em plena forma. E, no mais, se tem desfibrilador no banco de reservas do STF é por um bom motivo.

[BOLSO] Tem razão. O Dino pelo menos tem bom humor e de vez em quando faz umas piadas que não são tão boas, mas eu rio porque é sempre divertido ver o pessoal assim mais fortinho rindo.

Você é quem está falando, Bolso! Ainda no meio-campo temos o mais experiente do time. O decano que já foi ídolo da torcida adversária. É, na época do mensalão o Gilmar Mendes era ídolo do povão. Quem diria?!

[BOLSO] Ô, Paulo. Nessa sua metáfora aí a Lava Jato seria uma maria-chuteira que plantou a semente do ressentimento no coração do ministro?

Que é isso, Bolso! Nem passou pela minha cabeça uma coisa dessas. E além do mais... quem disse que o Gilmar Mendes tem coração? Ele, que é o mais experiente, e que compõe o meio-campo com o menos experiente: Cristiano Zanin.

[BOLSO] Esse aí dá pena. Pense em todas as coisas a que esse homem se sujeitou em troca de um carguinho no STF. Mas é uma promessa, né? Os oclinhos, o porte nada atlético, a capacidade de armar jogadas – inclusive a jogada que o fez ser incluído nessa infame seleção...

Pra finalizar esse setor, compondo discretamente também pela lateral, Edson Fachin. Uma palavra rápida sobre ele, Bolsonaro, porque o jogo já vai começar.

[BOLSO] Comunista, amigo do MST, do Lula e da Dilma. Quer tirar todo mundo da cadeia.

Ataque

E agora o ataque matador.

[BOLSO] Matador da democracia, isso sim!

O ataque matador da democracia que começa com ele, que um dia já foi chamado de Eterno Estagiário, mas que, pra provar que era mais do que isso, abriu o Inquérito do Fim do Mundo e meteu a gente nessa encrenca. Claro que eu tô falando do ex-advogado do PT. Do amigo do amigo do meu pai. Sim, Dias Toffoli.

[BOLSO] Esse daí contou com a ajuda do cartola Zé Dirceu pra entrar do time... e não saiu mais!

Realmente. Depois de um começo hesitante no STF, perdendo bolas fáceis durante o julgamento do Mensalão e até impedindo o Lula de ir ao velório do irmão, parece que finalmente o Totó está mostrando a que veio: pavimentar, via Judiciário, a consolidação de uma autocracia de esquerda no Brasil. Mas, Bolso, eu vou te contar.

[BOLSO] Conte!

O Dias Toffoli não conseguiria nada se não fosse por ele. O craque do time. A estrela.

[BOLSO] Quem?

Vai me dizer que você não sabe! Ah, claro que sabe! Ele manda e desmanda, que prende mas não solta, que considera uma mulher que escreveu “Perdeu, mané” na estátua uma bandida de alta periculosidade, que vê inimigos da democracia por todos os lados, que sequestra rede social, que é aplaudido pela LulaNews, que é invencível e que, este humilde narrador ainda tem esperança, um dia há de cair do cavalo. Claro que eu tô falando de Alexandre de Moraes!

[BOLSO] Esse daí...

Apita o árbitro!

Bolso, Bolso. Antes que você se complique... apita o árbitro! E quem é o árbitro? Alexandre de Moraes, claro. Que acumula também as funções de bandeirinha, quarto árbitro, gandula, maqueiro, o cara do VAR, regente do Hino, fotógrafo, cachorro caramelo que invade o campo e o que mais ele quiser.

O STF avança para o ataque. O Brasil inteiro se encolhe de medo. Toffoli toca para Alexandre de Moraes e... Gooooool. Toffoli toca para Alexandre de Moraes e... Gooooool! Toffoli toca para Alexandre de Moraes e... Gooooool! Toffoli toca para Alexandre de Moraes e... Gooooool! Toffoli toca para Alexandre de Moraes e... Gooooool! Toffoli toca para Alexandre de Moraes e... Gooooool! Toffoli toca para Alexandre de Moraes e... Gooooool

Até que. O que foi que aconteceu? Deram uma entrada mais dura no jogador do STF?

[BOLSO] Não foi nada. Lance normal de jogo. Uma criticazinha à toa.

Mas não pro árbitro Alexandre de Moraes, Bolso. Olha ele lá, distribuindo cartões vermelhos. Sobrou até pros profissionais de imprensa que ficam ali atrás do gol. Até pro Rodrigo Pacheco, que da tribuna de honra estava sem fazer nada – como é de praxe. É melhor a gente ir embora antes que sobre pra gente, Bolso.

E assim, depois de apenas 13 minutos de bola rolando, o árbitro Alexandre de Moraes, que por coincidência também foi o artilheiro do jogo, dá a partida por encerrada. Como era de se esperar, com a vitória acachapante, deprimente e previsibilíssima do STF contra o combalido Brasil.

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