A deputada Tabata Amaral acionou o Ministério Público de São Paulo contra o humorista Bruno Lambert. A ídala do progressismo tupiniquim-tabajara quer calar o humorista por causa de uma piada capacitista (alguma coisa sobre a vida amorosa dos cadeirantes) e também por seu “machismo latente”. Sim, chegamos a este ponto e não demorará muito para vermos hordas de inimigos políticos acusados por seu (dele) “instinto assassino latente”, enquanto os amigos serão todos inocentados da acusação de “corrupção latente”. Aguarde e confie.
Como não poderia deixar de ser, o puritanismo da protegida do Lemann (aquele das Lojas Americanas) despertou minha curiosidade e lá fui eu ouvir a piada proibida. Se a piada fosse boa e digna de defesa, até colocaria um link aqui para facilitar a vida de vocês, leitores. Mas não é, então se vocês ficarem curiosos terão de procurar. De qualquer forma, fica o aviso: da premissa à interpretação de Bruno Lambert, a piada é ruim de doer. Não vale o esforço. Muito menos o trabalho do Ministério Público, incitado pela deputada.
Independentemente dos méritos humorísticos da piada, bem com da hipersensibilidade de Tabata Amaral, fico me perguntando o que de bom pode sair disso tudo. Dessa "censura do bem". Como, meu Deus, a deputada espera melhorar este país e esta sociedade calando, prendendo, eliminando um humorista?
Mas, para efeitos retóricos, digamos que o Ministério Público mate no peito e chame para si a responsabilidade do caso – o que é bem provável que aconteça. Afinal, a diferença entre o Ministério Público e outras instituições dedicadas a impor a vontade do Estado sobre o cidadão é uma questões de nomenclatura e época. Digamos que o caso vá adiante. O que de bom pode resultar disso?
Tabata Amaral não tem nada a perder. Digo, nada que ela já não tenha perdido, como o senso de dever e o apego à liberdade alheia (à própria é fácil). Isso já tinha ficado claro no caso da militância pela causa da pobreza menstrual – um conceito tão ridículo que por si só já justificaria uma derrota da jovem parlamentar nas urnas. Mas vivemos tempos estranhos em que o ridículo não só é normalizado como também é exaltado. Reverenciado. Daí porque a deputada pode se dar ao luxo de usar o poder de coerção do Estado para perseguir um humorista ruim por uma piada idem.
Dito isso, convém perguntar à deputada (e, pensando bem, depois de publicar este texto vou até mandar um e-mail para a assessoria dela): o que Tabata Amaral espera conseguir destruindo a vida de um humorista medíocre (com todo o respeito)? Será que ela pretende chamar a atenção para a vida sexual dos deficientes físicos (o patrão é dono de uma fábrica de cadeiras-de-rodas)? Será que tudo isso é parte de um elaborado plano para tipificar crimes de opinião “latentes” na sociedade?
Olha o perigo!
E, se for só isso, tudo bem. Afinal, a gente entende que uma jovem deputada esteja mais suscetível à lábia melíflua de Maquiavel. Ainda mais se for uma parlamentar acostumada a ter suas vontades satisfeitas graças ao apoio dos amiguinhos progressistas que manipulam a opinião pública (sem esquecer aquela pitadinha de vitimismo). Mas e se for algo ainda mais perverso? E se Tabata Amaral estiver querendo incutir na sociedade um medo desses que a história já provou ser muito mais nocivo do que o ódio que a congressista diz combater?
Nada de bom pode resultar dessa que é a mais recente empreitada de Tabata Amaral. Nada. Se o humorista vier a público pedir desculpas, o gesto deixará um rastro de ressentimento. Se for condenado, Tabata Amaral terá criado um mártir da liberdade de expressão. Os que riram e ainda riem da piada continuarão rindo. Lambert, para mim até então desconhecido, ganhará notoriedade não por seu talento, e sim por uma espécie de heroísmo passivo.
Tampouco as cadeirantes que se sentiram ofendidas com a piada se beneficiarão da cruzada puritana de Tabata Amaral. Os homens que por ventura tenham incubado o vírus do machismo latente (que conceito!) continuarão machistas. Ainda que, movidos pelo já mencionado ressentimento, talvez se achem no direito, quando não no dever, de dar vazão a algo que antes era apenas latente. Olha o perigo, deputada!
Nada de bom pode sair disso. Nada. Tabata Amaral sabe disso? Ou, fantochezinho que é, acredita estar fazendo o certo. Acredita ela que lhe erguerão estátuas equestres, que a tratarão como santa-guerreira? Ou está apenas pensando no voto de amanhã, sem analisar as consequências nocivas do gesto tão intempestivo quanto burro e imoral?
Mas, como já disse, a deputada não tem nada a perder. Pelo menos nada que já não tenha perdido no dia em que se aliou a um bilionário para promover uma ideologia totalitária sob o disfarce canalha do amor igualitário.
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