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Polzonoff

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"Ensina-me, Senhor, a ser ninguém./ Que minha pequenez nem seja minha". João Filho.

Notas

Vem cá, leitor. Me dá a mão. Sai desse desespero. Deixa de pessimismo

Tempestade
A política é apenas UM aspecto da vida. Mas, se você se render às aberrações de Brasília, ela pode se tornar O aspecto. Aí complica" (Foto: Reprodução/ Wikipedia)

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Me aproximo do leitor que, de tanto ser xingado e humilhado neste primeiro ano de governo Lula, tanto pelo Executivo quanto pelo STF, está caído na sarjeta, sem forças para se levantar. Deprimido, ele se cobre com a manta da nostalgia. “Antigamente é que era melhor”, balbucia. Estendo-lhe a mão. Vem cá, me dá um abraço. Que tal se ríssemos juntos? Mas ele me rejeita. Prefere o conforto da autopiedade. Do desespero. Do pessimismo.

Insisto e vou continuar insistindo. Vem cá. Me dá a mão. Levanta. Isso tudo que você vê ao seu redor e que o humilha é apenas um aspecto da vida. Mas, quando você se rende assim, quando você se entrega e deixa de cuidar do que há de belo e precioso na vida (amigos, família,...), a política deixa de ser um aspecto para se tornar o aspecto. Para se tornar a única coisa que importa. Para se tornar aquilo que molda seu caráter e orienta suas ações.

A política se torna um vício – no sentido craquento do termo. Te leva para a sarjeta. Te obriga a se banhar nas águas podres do niilismo. Por isso, até quando for possível, vou insistir. Pega a minha mão. Vem comigo. Vamos aprender juntos o real tamanho dessa encrenca toda. Vamos tirar a máscara do monstro para, com alguma sorte, descobrir que o bicho-papão não passa de uma criancinha insegura, birrenta e mal-criada.
TOMA LOGO ESTE SONHO, PRA COMEÇAR

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A tempestade
A imagem que ilustra esta coluna é de um quadro de William Turner intitulado “A tempestade (naufrágio)”. Turner é um dos meus pintores preferidos justamente por retratar tão bem um espírito tempestuoso que nada tem a ver com as neuroses contemporâneas. É algo mais simples e ao mesmo tempo profundo. Algo mais ancestral, como se lançar ao mar, às incertezas do mar – e enfrentar com bravura o caos das tempestades.

Consequência
Vida é o que acontece enquanto a gente perde tempo discutindo política. Semana passada, por exemplo, a família de Ana Clara Benevides, fã de Taylor Swift que morreu antes da apresentação da cantora no Rio de Janeiro, foi recebida pela pop star. E posou, sorridente, para fotos – nessa que é uma das imagens mais deprimentes do ano. Sei que a gente vive num contexto de imoralidade política e tal, mas aquela foto e aqueles sorrisos confirmam a minha tese de que a decadência espiritual e cultural antecede a decadência política. Lula, Dino, STF e o escambau são consequência, não causa.
VOCÊ PREFERE O MARASMO DA SUÍÇA?

Kissinger
Morreu Henry Kissinger, aos 100 anos de idade. E de repente vi um monte de gente que até ontem comentava Taylor Swift dando opinião sobre o ex-secretário de Estado norte-americano. Será que essas pessoas ficam diante do teclado pensando “morreu o cara, preciso dar minha opinião, preciso dar minha opinião, preciso dar minha opinião”? De qualquer forma, minha opinião sobre Kissinger há pelo menos duas décadas era uma só: “está vivo ainda?!”. Não mais.

Trabalho
Tanto o Marcio Antonio Campos (habitué deste espaço) quanto o Guilherme de Carvalho escreveram sobre o trabalho aos domingos. E, se entendi direito, argumentaram que essa submissão do Dia do Senhor aos valores materialistas afeta a vida espiritual das pessoas e, por consequência, da sociedade. Das reações aos dois textos, porém, fiquei com a impressão de que, na hierarquia do leitor, Deus está alguns patamares abaixo da prosperidade e do conforto material.
E NA ALMINHA, NÃO VAI NADA?

Orvalho!
De tudo o que escrevi sobre a indicação de Flávio Dino ao STF – e acho que escrevi demais – destaco este trecho que resume bem minha reação de mais uma má notícia vinda de Brasília. E ainda faltam três looooongos anos:

“Aí vocês vão me desculpar, mas não aguentei e pensei: “P&%$ @)* &$@*&, %&%#@¨$#!!!”. Mas talvez eu tenha pensado um pouco alto demais, porque as pessoas ao meu redor me olharam como se tivessem entendido o que aqueles símbolos todos significavam. Assim que expliquei o que estava acontecendo, porém, elas me pediram para continuar e não hesitei. Respirei fundo e rimei araruta e suco de caju. Orvalho!”
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