Lula vai “entrar na faca”, como se dizia antigamente. O doente-em-chefe vai operar o quadril e, para isso, terá de se submeter a uma anestesia geral. Mesmo assim Geraldo Alckmin, vice por direito e viracasaquismo, não assumirá o posto mais alto do Executivo. E, ao que tudo indica, quem vai dar as cartas no Brasil presidido pelo convalescente Lula será a já folclórica primeira-dama Janja.
No país onde prevalece a política do “se colar, colou”, Janja mandando (ou pelo menos pondo as manguinhas de fora) é uma realidade desde o começo do terceiro mandato de Lula. (Terceiro mandado de Lula. Ainda não me conformei com isso). Essa influência de Janja sobre o marido quase octogenário, aliás, foi tema de várias reportagens que mostravam o incômodo do PT e, mais recentemente, do Centrão com a primeira-dama que quer ser mais. Quer ser primeiríssima.
Seduzido pelo canto da sereia de União da Vitória, aparentemente Lula não é mais o grande líder dos trabalhadores que todos acreditaram ter sido um dia. Mesmo lá fora, onde Lula ainda posa de estadista, Janja tem roubado (em se tratando do PT, com trocadilho) a cena. Na reunião do G20, por exemplo, ela deixou as demais primeiras-damas de lado e se pôs sob os holofotes mundiais quase como uma primeira-ministra. Como se tivesse, de fato, a autoridade que nenhuma legislação lhe confere.
E agora, diante da ausência do marido para se submeter a uma cirurgia, Janja viaja pelo Brasil, se reúne com ministros e até “anuncia medidas”. Mas ela pode? A rigor, poder não pode; ou pelo menos não deveria. Mas estamos falando de Lula e do PT. Do Brasil onde Alexandre de Moraes manda prender quem ele quiser. Então na prática a resposta para a sua pergunta é: pode. Simplesmente porque a súcia esquerdista pode tudo.
E o Alckmin?
Vale lembrar que, teoricamente, o Brasil tem um vice-presidente. Um tal de Geraldo Alckmin – já ouviram falar? Mas Alckmin não parece nem um pouco preocupado em ver Janja assumindo a função para a qual ele foi eleito. A função pela qual ele se submeteu à humilhação de se aliar ao ex-inimigo Lula. Pelo contrário, Alckmin parece muito à vontade fazendo figuração nas redes sociais, publicando uma platitude aqui, imitando o Sr. Miyagi ali. Enfim, segue geraldando e cantando e seguindo a canção.
É do Senado, porém, que vêm sinais de que Janja presidente pode não ser apenas um delírio ou uma paranoia à toa. Bem recentemente, ontem ou no máximo anteontem, Rodrigo Pacheco andou fazendo críticas à reeleição. Assim, do nada. Mas e se eu lhe disser que podemos estar diante de uma típica negociação petista em que o fim da reeleição estaria subordinado à aprovação de uma PEC permitindo que esposas se candidatem aos cargos deixados pelos maridos? Sim, é isso mesmo que você está pensando: a Janja é a Evita do Lula.
Claro que nada é tão simples assim. Janja conta com uma rejeição muito forte dentro do partido, sobretudo entre aqueles que são mais lulistas do que petistas. Ela também não agrada o eleitorado que a vê como uma mulher deslumbrada com o luxo e o poder. Nada que uma boa campanha de marketing não seja capaz de mudar. E se Janja contar com o apoio de quem controla o jogo, tanto melhor para ela – e pior para nós.
De qualquer forma, se esse cenário catastrófico (e um pouquinho cômico, vai) se concretizar, lembre-se de que você leu primeiro aqui, pensou que estou ficando louco, foi cuidar da sua vida e acordou em 2026 para ver Janja em primeiro lugar nas pesquisas. Se eu estiver falando bobagem, contudo, esqueça. Ou interprete este texto todo como uma grande ironia.
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